Educação
Filial do saber
Algumas das melhores universidades dos Estados Unidos*
abrem campus no exterior
As
melhores universidades americanas estão se transformando em
multinacionais. Já é possível fazer um curso do prestigiado
Massachusetts Institute of Tecnology (MIT) em Cingapura, na Ásia, ou
estudar medicina na Cornell Medical no Catar, no Oriente Médio. Das
vinte melhores universidades dos Estados Unidos, oito já montaram campus
no exterior, quatro delas nos últimos dois anos. Os países que recebem
essas instituições de ensino são beneficiados de três maneiras: a
primeira é com a oferta de novos cursos de qualidade confirmada. A
segunda é que a concorrência com essas universidades estrangeiras
pressiona as instituições acadêmicas nacionais a melhorar seu
rendimento. E o terceiro benefício é o aumento da produção científica.
Não por acaso, um dos países que
mais concentram filiais de universidades de ponta americanas
– três, no total |
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Prédio da Universidade de Stanford em Cingapura: país investe para
atrair faculdades de ponta. |
– é
Cingapura, onde o investimento em pesquisa tecnológica é prioridade do
governo. Lá, gastam-se 2,2% do PIB em pesquisa e tecnologia, contra 1% no
Brasil.
Com mais de meio milhão de estudantes
estrangeiros, os Estados Unidos são um grande pólo educacional. Desde o 11
de Setembro, no entanto, ficou mais difícil conseguir visto para estudar em
uma universidade americana. No ano passado, houve uma queda de 14.000 no
número de novos alunos provenientes de outros países. Esse foi um dos
incentivos para a abertura de cursos no exterior. Mas não o único. Faltam
vagas nas universidades de muitos países em desenvolvimento. Só a China
precisa triplicar a oferta de vagas no ensino superior nas próximas duas
décadas. Por isso, o Catar concedeu subsídios e terrenos a quatro
universidades americanas para se instalarem por lá, onde podem atender
alunos de todo o Oriente Médio.
O Brasil até agora não recebeu nenhum campus de universidade americana
de ponta por no mínimo três motivos. O primeiro é que o processo de
aprovação de um novo curso pelo Ministério da Educação pode levar até um
ano e meio, algo inaceitável para os padrões internacionais. Segundo,
para instalar cursos por aqui as faculdades teriam de abrir mão de seus
métodos consagrados e cumprir as diretrizes curriculares estabelecidas
pelo MEC. E, terceiro, a oferta de vagas em universidades particulares é
maior do que a demanda: um levantamento do Censo do Ensino Superior
mostrou que em 2002 sobrou quase meio milhão de vagas em faculdades
particulares no Brasil. |
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No futuro, o sonho de uma universidade
americana de primeira linha poderá ficar mais distante. A proposta de
reforma universitária do governo limita em no máximo 30% a participação de
sócios estrangeiros em instituições de ensino superior.
Fonte: Revista
Veja, ed. nº 1899 de 06/04/2005.
* Veja:
Estados
Unidos caem no status de centro de ensino superior
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