Cortes do governo
podem
atingir funcionalismo
Em meio à crise argentina, FHC prepara terreno para arrochar
ainda mais o funcionalismo federal. Sem se descuidar das eleições
em 2002, governo propõe manter os salários congelados, negar as
vagas para docentes nas IFES e ensaia retomar a ofensiva para
cobrar contribuição dos servidores aposentados. (página
2)
Servidores
podem denunciar
FHC à OIT
Em 29 de junho foi publicado no Diário da Justiça o acórdão da
Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada pelo PT e pelo PDT
em setembro de 1999 buscando ver declarada a omissão do
presidente da República em não encaminhar projeto de lei
ao Congresso Nacional dispondo sobre a revisão geral de
vencimento dos servidores públicos federais, como determina o
inciso X do artigo 37 da Constituição da República com a redação
conferida pela Emenda Constitucional nº 19, de junho de 1998. O
Supremo Tribunal Federal
considerou que a omissão do presidente
iniciou-se 12 meses depois da promulgação da Emenda, ou
seja, em 5 de junho de 1999.
Para a assessoria jurídica do Andes-SN, a publicação do Acórdão
desencadeia uma série de consequências. O presidente não
encaminhou projeto de lei dispondo sobre a revisão geral da
reumuneração dos servidores públicos federais, apesar de
notificado oficialmente pelo STF. E não incluiu na Lei de
Diretrizes Orçamentárias a previsão do reajuste. Com isso,
cabem possibilidades como a denúncia por crime de
responsabilidade requerendo seu impeachment por descumprir a
Constituição; ação indenizatória para buscar a reparação do
dano aos servidores; e ação ordinária para cobrar o reajuste.
Estão em estudo ainda a denúncia perante à Corte Interamericana
de Direitos Humanos e à Organização Internacional do Trabalho
(OIT).
Eleição
tranqüila na Biologia;
Indefinição no IZ (página 3)
O assessor Jurídico da ADUR,
Marcelo Chalréo, esteve na terça-feira, 31/7, na sede, à
disposição dos associados. No próximo ADUR Informa, o advogado
esclarece os leitores sobre o andamento das ações. Aguarde. |
Página
2
Conjuntura
Tesourada
no escuro só atinge quem trabalha
Corte
de R$ 1 bilhão vai atingir gastos com segurança e limpeza.
Governo aprova LDO sem previsão de reajuste para funcionalismo
Com o olho na tempestade
que varre a economia argentina e com outro no processo eleitoral já
em curso, o governo montou a equação política e decidiu por
efetuar cortes que agradem o FMI, desde que não ampliem os riscos
do projeto político encabeçado pelo PSDB, PFL e PMDB. Resultado:
anunciou cortes da ordem de R$ 1 bilhão, preservando áreas
importantes para que os partidos governistas aliados possam dar as
cartas no jogo sucessório nas eleições presidenciais e
estaduais de 2002.
FHC decidiu enxugar as
despesas com limpeza, segurança e material de uso contínuo. Por
outro lado, definiu encolher gastos com pessoal, o que pode
atingir algumas gratificações, reposições salariais negociadas
com as categorias das chamadas funções típicas de Estado (como
os procuradores da Fazenda), entre outros. Nesta mesma direção o
governo resolveu não incluir na LDO a previsão de reajuste para
os servidores federais em 2002 e, dizem, pensa em voltar atrás na
contratação de docentes para as IFES. Para o ano, tudo indica
que FHC retomará a tentativa de cobrança da contribuição
previdenciária dos servidores aposentados.
Tesourada para inglês ver
A metade deste corte, R$
497 milhões, foi aplicada sobre o Ministério da Comunicação. O
titular da pasta é ninguém menos que Pimenta da Veiga, tucano de
plumagem reluzente e articulador político do governo. Pimenta
sabe que com o acirramento da disputa eleitoral, é preciso cortar
investimentos onde a massa ignara tende a sentir menos. O reflexo
desse raciocínio se traduz nos ajustes por ministério. As pastas
controladas pelo PSDB, como a da Educação, de Paulo Renato, e da
Defesa, que cuida da caserna, mantiveram intactos seus recursos.
Façanha igual conseguiram o Ministério dos Transportes,
controlado pelo PMDB pró-FHC, gabinetes da presidência e da
vice-presidência.
Proeza maior, porém,
conseguiram o Ministério da Saúde, do candidatíssimo José
Serra, e a Secretaria de Desenvolvimento Regional, do pemedebista
Ovídeo de Angelis. O primeiro ganhou mais R$ 240 milhões para
suas pirotecnias eleitoreiras; o segundo é responsável por políticas
de desenvolvimento junto às prefeituras pelo Brasil a fora e
levou mais R$ 256 milhões. Às vésperas das definições das
coligações estaduais e nacionais, sobretudo envolvendo o PMDB de
Itamar Franco, o beija-mão tende a produzir mais resultados que
as convicções partidárias. Afinal, quem dá o pão dá a razão.
Servidor pode pagar o pato
Segundo a lógica do
governo, para dar satisfação ao FMI e escapar de uma má avaliação
por parte dos agiotas internacionais, alguém tem que pagar e não
será o governo. É por isso que, em 27 de junho, quando o dólar
já brincava de gangorra com o real, a maioria de deputados e
senadores governistas aprovava, no Congresso, as emendas à LDO
onde, entre outras coisas, garantiram refinanciamento de dívidas
dos usineiros mas, por outro lado, que o funcionalismo amargará
mais um ano sem reajuste linear.
A conjuntura neste segundo
semestre promete. Em meio as greves de policiais militares e civis
em todo o país, combinando-se com as eternas denúncias
envolvendo poderosos ligados aos governos federal e estaduais,
tendo como pano de fundo a crise energética e os efeitos da crise
argentina na economia do país, é possível um round exclusivo
entre os servidores públicos federais e o governo FHC. O clima
pode pesar bastante nas universidades, a julgar pelo movimento em
curso dos técnico-administrativos e pela ameaça concreta dos
reitores de não iniciar o semestre devido à crise (veja box). Da
parte do ANDES, o movimento pode pegar fogo, dependendo também da
atitude do governo com a questão da carreira docente e o emprego
público.
Ajuste:
vagas docentes em risco
Como parte do acordo com o
FMI por um novo empréstimo emergencial, o governo pode estar
estudando incluir como parte dos cortes a não autorização de
contratação de cerca de 2 mil docentes para as IFES. É a versão
que circula em Brasília, assim como nas universidades. O
presidente do Andes-SN, Roberto Leher, avalia que de fato há
apreensão nas IFES, preferindo creditar a mesma à demora da
autorização para os concursos. “Toda semana ouvimos a mesma
história ‘semana que vem sai’. Como nunca acontece, começam
as especulações”.
ANDES-SN aponta mobilização
O 42º CONAD definiu a
adoção de eixos gerais e específicos para o próximo semestre,
os quais se articulam com bandeiras
históricas dos movimentos sociais e dos trabalhadores
brasileiros, em particular no serviço público.
Com ênfase na luta
contra o emprego público, apostando na união das três esferas
do funcionalismo público e na solidariedade entre os movimentos
sociais organizados, o ANDES, amparado nas deliberações 42º
CONAD, aponta:
1-
Realizar assembléias para deliberar sobre a paralisação
dos spf em 1 e 2 de agosto;
2-
Realizar paralisação de advertência de uma semana, de 10
a 14 de setembro;
3-
Após esta semana, realização de rodadas de assembléias
para se debater as possibilidades de greve e/ou outras formas de
luta, incluindo na pauta os seguintes pontos específicos:
Þ Incorporação
da GAE e valores máximos
da GED;
Þ
Implantação do piso salarial;
Þ
Implantação da carreira única do ANDES-SN;
Þ
Isonomia na categoria;
Þ
Contra a proposta de Emprego Público do governo e pela
contratação pelo
RJU para recomposição dos quadros
das IFES.
As deliberações do 42º
CONAD estão na íntegra na página www.andes.org.br
Técnico-administrativos
em greve
Segundo
a Fasubra-Sindical, os servidores técnico-administrativos
encontram-se me greve em 26 IFES. Na Rural o movimento foi
deflagrado em assembléia dia 24 (foto). A categoria reivindica
reposição das perdas, Plano Único de Carreira e Salários,
autonomia com democracia, defesa dos Hospitais Universitários e
luta contra a Lei do Emprego Público. A diretoria da ADUR-RJ
manifesta sua solidariedade a justa luta dos servidores.
ANDIFES
na SBPC:
Segundo
semestre em risco
O
Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das instituições
Federais de Ensino Superior fez chegar ao MEC e a sociedade o
estado de ânimo da maioria dos reitores.
Em
manifesto apresentado na última reunião da SBPC, a entidade
resgata o acordo entre as ifes e o MEC, onde as primeiras
comprometeram-se em expandir, na razão de 10% ao ano, as vagas
para os cursos de graduação e pós-graduação. O governo
federal, em contrapartida, acordou em ampliar o orçamento de
manutenção na mesma taxa, efetivar 8 mil docentes e repor o
quadro técnico-administrativo aos níveis de 1996. A Andifes
assinala que as universidades cumpriram com folga seu compromisso,
mas o governo, não. As ifes
permanecem carentes de vagas.
O
documento ressalta que as instituições, levadas pelas circunstâncias,
se valem da contratação de professores substitutos, onde são
estabelecidas relações precárias; técnico-administrativos são
contratados por fundações gerando questionamento, quando não
comprometem recursos de custeio.
Visando
a manutenção das metas e a qualidade do ensino, a Andifes
encerra o documento alertando as autoridades do governo que, caso
não sejam encontradas soluções para regularização das
demandas de profissionais e a suplementação orçamentária
necessária para o custeio e recuperação da infraestrutura básica
das IFES, “as Universidades Federais correm o risco real de não
iniciarem regularmente o segundo semestre”.
Íntegra
do Manifesto da ANDIFES
Página
3
IB:
Conselho Departamental ratifica vontade da comunidade
No dia 24 de julho, o
Conselho Departamental do Instituto de Biologia coroou com tranqüilidade
o processo de escolha do diretor, orientando-se – na composição
da lista tríplice conforme determina a legislação – pela
vontade da comunidade manifesta em consulta nas semanas
anteriores.
Três chapas concorreram
ao pleito. No primeiro turno, dias 11 e 12 de julho, a chapa 1 –
Interação, composta por Roberto de Xerez e Maria Mercedes
Teixeira da Rosa, ficou com 38,8% dos votos. A chapa 2 –
Consolidação, composta por Aurino Florêncio de Lima e José
Roberto Pujol Luz, recebeu 26% dos votos. A chapa 3 –
Credibilidade, composta por Marcos Antônio José dos Santos e Hélcio
Resende Borba, obteve 32,7%. No segundo turno, dias 18 e 19, a
chapa 1 obteve 47,7% e a chapa 3 saiu vitoriosa com 48,8% dos
votos.
Marco Antônio, diretor
eleito, chefe do Departamento de Biologia Animal, há 11 anos na
UFRRJ, conta que achou o processo calmo: “O Conselho
Departamental desde o primeiro turno, na pessoa do presidente,
manifestou que acataria qualquer resultado que a comunidade do IB
indicasse”, lembra.
Planos e
propostas
“Estamos aguardando a
posse, me parece que em setembro, para arregaçar as mangas.
Trabalhar junto com docentes, técnicos e alunos. Só com a união
entre os segmentos, a gente pode auferir alguma coisa no
futuro”, diz o diretor eleito, que já sabe que enfrentará
problemas como dificuldade de repasse de verbas e contratação de
pessoal:
“A gente sabe que o
governo está dificultando as coisas. Mas tenho fé e esperança
de conseguirmos uma instituição melhor. A primeira vista não
tem um só problema, mas vários, como falta de instalações
adequadas na área da anatomia; um local onde o DCE possa ficar;
melhorar o ensino. Há muitas coisas que a gente viu, escutou,
temos que verificar in loco, ver o que se pode
fazer. Não com utopia, mas com o pé no chão. O que pode a gente
faz. O que não pode, a gente vai lutar para conseguir”.
O diretor diz querer
credibilidade (o nome da chapa), “e só se consegue isso agindo
direito e trabalhando muito junto com o vice, pois somos do mesmo
instituto e temos o mesmo propósito: tornar o Instituto mais
forte ainda que já foi no passado. A idéia é dirigir o
Instituto com apoio de todos e com transparência. Quero agradecer
aos técnicos, docentes e alunos a oportunidade e consideração
com uma pessoa com apenas 11 anos de Rural. E ser eleito diretor
do IB é uma coisa que orgulha, pelas minhas origens humildes,
batalhando há anos. Me sinto recompensado”.
Situação
indefinida no IZ
No dia 27/7, o Conselho
Departamental do Instituto de Zootecnia reuniu-se com seus dez
membros, tendo na pauta a elaboração da lista tríplice para que
o reitor nomeie o próximo diretor. O pró-tempore, professor
Fernando Curvello encaminhou a proposta de homologação do
resultado eleitoral, elaborando a lista tríplice a partir da
chapa vencedora. A situação, porém, não foi resolvida. Cinco
conselheiros votaram a favor da proposta, entre estes Fernando
Curvello; cinco votaram contra, incluindo o vice pró-tempore João
Baptista.
O diretor pró-tempore,
Fernando Curvello, disse que já esperava esse resultado. Ele
opina que até aqui, nestes trinta dias, conseguiu cumprir duas
das metas estabelecidas, mas que não observou uma mudança
qualitativa que possibilite uma definição que respeite a decisão
da maioria da comunidade. O impasse, porém, faz surgir as mais
variadas propostas. Em uma delas, um conselheiro propôs remeter o
caso para a decisão do reitor, o que não foi acatado pelo
colegiado; “Respeito a posição do colega, mas se a gente luta
para conquistar direitos, não é pertinente entregar para o
reitor o que é uma atribuição e direito nossos”, opinou
Curvello.
O Conselho, diante do
impasse, deverá ser ampliado antes de uma nova reunião para
debater e decidir sobre o tema. Esta foi uma deliberação do
Conselho. Fernando Curvello informou que o regimento permite essa
possibilidade, mas buscará se informar antes da elaboração de
uma proposta para a composição do que já está sendo chamado de
“Conselhão” do IZ.
A favor da decisão da comunidade |
Contra
a decisão da comunidade |
Fernando Curvello (diretor
pró- tempore) |
João Batista Abreu
(vice pró-tempore) |
César Crisóstomo |
Carlos Augusto Oliveira |
Augusto Vidal da Costa Gomes |
Júlio César Ferraz Jacob |
Edison Balieiro |
Otávio Coelho
(Representante discente) |
Hélio Ribeiro |
Fábio Teixeira (Representante
discente) |
Página
4
Editorial
“....
as Universidades Federais correm o risco real de não iniciarem
regularmente o
2º
semestre letivo de 2001.”
Com esse texto, termina o manifesto lido na abertura da 53a Reunião Anual da SBPC e elaborado pela Associação dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES).
A verdade é que temos observado,
aqui em nossa Universidade, já nos últimos períodos letivos,
essa não regularidade em seu início, devido por exemplo à falta
de professores em salas de aula nas disciplinas básicas e à
falta de manutenção dos equipamentos para as aulas práticas.
Desta forma entendemos o manifesto da ANDIFES como um BASTA dos
responsáveis para colocar em prática uma total impossibilidade
operacional baseada no atendimento da política do MEC de expansão
de 10% ao ano, a partir de 98, das vagas discentes no ensino de
graduação e de pós-graduação, sem a contrapartida do próprio
MEC na ampliação do orçamento de manutenção, no mesmo
percentual, sem a efetivação, nas vagas existentes dos 8000
docentes e sem atender ao pleito do retorno ao número de 96, no
quadro dos servidores técnico-administrativos das IFES.
Para
atender ao FMI cortes podem atingir vagas
Vale lembrar que o Reitor da
UFRuralRJ, em entrevista ao jornal O GLOBO, no caderno Boa Chance,
de alguns domingos passados, dava como necessário para o
funcionamento regular de nossa Universidade, a contratação
imediata de 92 docentes, enquanto, efetivamente, na liberação
das 2000 vagas anunciadas pelo MEC, a UFRuralRJ ocupa a 36a posição entre 39 Universidades Federais,
com apenas 19 vagas e ocupando a última posição entre suas congêneres
do Estado do Rio de Janeiro.
No momento, a perspectiva de
cortes orçamentários pela equipe econômica do governo federal,
visando atender os acordos com os credores externos, serviços de
dívidas e Fundo Monetário Internacional (FMI), parece recair
sobre essas reduzidas 2000 vagas docentes, inviabilizando sequer,
no nosso caso, aquelas 19 contratações.
Como se observa, o cenário para
o próximo período letivo não é muito diferente daqueles em que
trabalhamos nos últimos sete anos (desde 95) mas, acreditando na
sinceridade dos dirigentes que começam a assinar e tomar posições
contrárias à situações impostas às IFES e que, desde então,
temos denunciado, é possível rapidamente mudar esse cenário,
com toda a comunidade universitária (discentes, docentes e
servidores técnico-administrativos) retomando sua maior bandeira
de luta, que é a defesa implacável do único sistema de Ensino
Superior que tem respondido às demandas da sociedade.
Democracia
é base para o enfrentamento
Nesse sentido, a democracia interna tem que ser defendida com
todas as forças e o acatamento das decisões da comunidade, como
foi tranqüilamente encaminhada pelo Conselho Departamental do
Instituto de Biologia (IB) ao referendar o resultado do processo
eleitoral, sem se preocupar com a diferença percentual entre as
chapas concorrentes e como recomeça a ser encaminhada pelo
Conselho Departamental do Instituto de Zootecnia (IZ), constitui a
base fundamental para o enfrentamento das políticas de ensino
superior propostas pelo MEC para as IFES.
Acreditamos que os novos dirigentes e membros do próximo
Conselho Universitário de nossa Universidade, respaldados pelas
decisões democráticas da comunidade, devem acompanhar essa nossa
leitura do momento e defender institucionalmente o atual Regime
Jurídico Único (RJU), em contraposição à proposta de legalização
da destruição do sistema federal de Ensino Superior,
estabelecida no projeto de Emprego Público em tramitação no
Congresso Nacional.
De
olho na mídia
MST na mira da direita
“Há
muito tempo as opiniões dos meios de comunicação têm nos
incomodado sempre que se referem a alguma entidade sindical, tendência
política de esquerda ou movimentos populares. Todavia, a edição
1648 da Revista Veja, de 10/05/2000, passou dos limites ao
comentar a ocupação pelo MST de prédios públicos em diversas
capitais de Estados brasileiros”. Assim começa o estudo “Veja
lidera bombardeio contra MST”, de Roberto Boaventura da Silva Sá,
e tema dos Cadernos Populares,
de junho de 2001, da Associação de Docentes da
Universidade Federal de Mato Grosso e do Núcleo Piratininga de
Comunicação, que a ADUR-RJ pretende divulgar entre os docentes
da Rural.
Orquestração
Roberto
Boaventura, professor do departamento de Letras da UFMT e
doutorando em Ciências da Comunicação da USP, desnuda “uma
das mais deprimentes sínteses jornalísticas oferecidas ao país,
parecendo uma orquestração dirigida pelo Planalto (...) contra o
mais organizado dos movimentos civis e o de maior inserção
social”.
Boaventura
mostra entre os signos verbais e não verbais contidos no que se
configurou numa virulenta peça de conteúdo ideológico contra o
MST a matéria central da edição, “A tática da Baderna”,
cuja intenção maior é desancar o MST, buscando apresentá-lo
como derrotado, violento e próximo de crimes comuns por conta das
“invasões”. A revista, assinala o docente, mostra com claríssima
satisfação os rostos de integrantes do MST, rendidos pela políticia,
voltados ao chão.
Montagem criminosa
Numa
foto-montagem, João Pedro Stédile, membro da direção nacional
do MST, aparece empunhando uma pistola, incorporando a figura de
James Bond, o agente 007 com licença para matar. “Os
integrantes do Movimento dos Sem-Terra, chefiados por João Pedro
Stédile, também se sentem autorizados a cometer crimes durante
suas ações (...)”, diz a revista que, ultrapassando todos os
limites, se investe de poderes jurídicos e acusa o movimento de
violação de domicílio; dano; formação de quadrilha; furto;
corrupção de menores; cácere privado; lesão corporal. E por
fim “denuncia” o que na verdade é seu maior temor e o das
elites político-econômicas que representa: “Os dirigentes
possuem um sonho revolucionário, que é construir sobre os
escombros do capitalismo uma sociedade socialista”.
O
docente é enfático: “Daí a urgência de a sociedade lutar
pela democratização dos meios de comunicação no país.
Enquanto esse estágio não for atingido, os empresários e os políticos
que detém a hegemonia dos meios de comunicação vão continuar
defendendo a situação atual. (...) E suas armas têm alcance bem
mais distante do que as vistas comuns podem ver na rápida dinâmica
do dia-a-dia”.
O Juiz da 2ª Vara Civil da Lapa (SP)
condenou em primeira instância a revista Veja a pagar 200
salários mínimos a João Pedro Stédile. A
assessoria jurídica do MST recorreu: Stédile não quer o
dinheiro. Quer que Veja publique a sentença em suas
páginas. |
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