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O Brasil sob Bolsonaro: alinhamento com a extrema-direita do presidente gera isolamento político internacional

Reportagem da Semana

18 de junho de 2021

Imprensa ADUR-RJ

Por João Pedro Werneck Larissa Guedes

 

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ex-primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, líderes políticos de extrema-direita que eram alinhados a Bolsonaro.

 

Em 2019, quando Jair Bolsonaro tomou posse como presidente do Brasil, ele gozava de prestígio entre a classe média e tinha diversos aliados no mundo. Entre eles, Donald Trump e Benjamin Netanyahu. Analogamente, seu projeto de aumentar a violência policial para reduzir a violência urbana, por mais simplório e inepto que seja, encontrava respaldo nas iniciativas de diversos líderes ocidentais, como no México, na Hungria e na Ucrânia, e também na Índia, guardadas as particularidades do país oriental e as pretensões de seu primeiro-ministro, Narendra Modi, que ainda sustenta uma cruzada em seu país contra minorias muçulmanas.

Na medida em que estes líderes chegaram ao poder sem um plano de governo com soluções palpáveis para problemas reais, como o desemprego, a recessão econômica e a própria violência, a manutenção dos inimigos imaginários revelou-se um custo político alto demais. Donald Trump não convenceu os norte-americanos por uma segunda vez que poderia lidar com a crise de imigração que assola os EUA por meio de um muro. A ideia que rodou o mundo durante sua campanha revelou, posteriormente, que problemas complexos não desaparecem a partir de soluções que parecem ter saído do ensino primário. Mais armas não deram aos EUA a sensação de mais segurança; pelo contrário: o país vive uma crise sem precedentes de tiroteios em massa. E, claro, o ultimato de sua estratégia – associar o partido Democrata à pedofilia e ao comunismo – naufragou de véspera.

Nesta última semana, o custo político das escolhas de Netanyahu, em Israel, também deflagrou o fim do governo de extrema-direita no Estado judeu. Netanyahu se recusou a ouvir o partido progressista que mais cresceu nos últimos anos. Por essa razão, incapaz de formar um governo, deu lugar a outro candidato de direita, que ao tomar posse, tratou de chamar a esquerda judaica para formar a aliança que governará o país pelos próximos quatro anos. Os inimigos criados por Netanyahu, que hoje estão no poder, dizem que o ex-primeiro-ministro é responsável direto pelo acirramento das tensões no Oriente Médio, em especial pela recente escalada da crise em maio de 2021, a maior nos últimos 20 anos, quando mais de 300 pessoas foram mortas por bombardeios. A ideia utópica de que reprimir os palestinos traria mais segurança à região, que foi amplamente rebatida pela comunidade acadêmica, cobrou seu preço nas últimas eleições. Em Israel, as soluções estapafúrdias da extrema-direita cedem lugar aos que prezam pelo diálogo e pela paz. 

Ainda que o mundo não esteja livre dos perigos da extrema-direita e suas soluções simplórias para questões de alta complexidade social, os ventos de mudança parecem soprar novas aspirações, e isso acontece também na América Latina. No Peru, a vitória de um candidato de esquerda que saiu do anonimato nos fez lembrar que um bom plano de governo ainda é o pulmão do processo democrático. Enquanto Fujimori espalhou mentiras, o professor socialista apostou na saúde e na educação pública. No Chile, enquanto liberais defendiam cegamente a privatização da educação, da saúde e do sistema previdenciário, afirmando que, eventualmente, a lei do mercado faria os preços caírem, a população decidiu que não esperaria a mão invisível agir. Tomaram as ruas e agiram eles mesmo por antecipação, exigindo mudanças concretas e, mais uma vez, como o Peru, políticas públicas que sejam de interesse do povo.

 

As consequências do isolamento diplomático nas previsões para 2022

 

Bolsonaro durante um discurso que proferiu na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2019.

 

No momento político do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro se encontra acuado. Em meio à desordem administrativa e sanitária que acompanha o seu mandato, o presidente brasileiro apela para comícios e inflama sua base de eleitores na esperança de que o ano de 2022 chegue o quanto antes. Enquanto o gongo não bate, Bolsonaro resiste à queda, evidenciando a cada dia o seu desgaste físico e emocional após três anos como presidente.

O isolamento do Brasil no mundo, alheio às demandas globais impostas pelo G7, como o respeito aos direitos humanos e a preservação do meio ambiente, cobram um preço alto demais para setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio, ou mesmo a indústria naval de exploração ultramarítima. 

O presidente brasileiro, que nada entende desses assuntos, só “entendeu” isso praticamente em seu último ano de governo, quando enfim, a contragosto, demitiu o olavista atrapalhado Ernesto Araújo, o diplomata que menos teve prestígio na história do Itamaraty. É inegável também, tratando-se do isolamento brasileiro, o papel da COVID-19 neste processo, levando-se em conta todos os erros cometidos pela gestão criminosa do presidente.

Bolsonaro errou muito ao longo dos últimos quatro anos porque, como outros líderes mundiais da extrema-direita, elegeu os inimigos errados para combater. Atacou professores e servidores públicos ao vão, pois sequer conseguiu promover seu programa de privatização do ensino superior público. O sucateamento das universidades sem nenhuma contrapartida apenas revelou o caráter insano e de perseguição do presidente, com pitadas de um ressentimento que apenas a sua própria ignorância poderia explicar. Outro de seus inimigos, “o perigo comunista do Brasil virar uma Venezuela”, atualmente é uma frase que soa como distopia no ouvido do brasileiro comum. No país onde faltam serviços, sobram desempregados e somam-se 500 mil mortes pela pandemia, a Venezuela é um Oasis vizinho.

Sem aliados, sofre ataques diários por lideranças internacionais que utilizam o chefe do Executivo brasileiro como trampolim para alavancar popularidade. Macron, na França, sempre que se vê acuado, aproveita para falar da Amazônia e ameaçar acordos com o Mercosul. Joe Biden, ao longo de sua campanha, disse em mais de uma ocasião que Bolsonaro era um problema que precisava ser combatido. Merkel, Fernández e outros também utilizam a retórica com frequência. Enquanto isso, o presidente brasileiro se sustenta como pode, apelando para o apoio dos 30% que ainda garantem a sua base eleitoral, e acirrando a polarização, na esperança de que o antipetismo lhe proporcione novos voos. 

Em relação às previsões para o ano de 2022, o Brasil precisa decidir se ajudará um presidente que se cria inimigos internacionais e destrói o histórico da diplomacia brasileira ou se de fato é um país sério, e merecedor de um futuro mais próspero, alinhado com a história, e não na contramão dela.


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