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Milton Ribeiro e o MEC: o atraso de 30 anos para o Brasil

18 de agosto de 2021

Opinião da Semana

Imprensa ADUR-RJ

 

Pastor Milton Ribeiro, o ministro da Educação do Brasil. Imagem: Reprodução Agência Brasil.

 

 

Há pouco mais de um ano, o economista Abraham Weintraub deixou o Ministério da Educação. Investigado em um inquérito sobre fake news, e noutro após um episódio de racismo envolvendo a China, sua situação se tornou insustentável após ter participado de manifestações do governo pedindo o fechamento do STF e a volta da ditadura. 

 

Weintraub era um dos ministros de confiança de Jair Bolsonaro, uma das escolhas de Olavo de Carvalho, a quem chamava de “professor”. Quando deixou o governo, em junho de 2020, era difícil imaginar que um novo titular do MEC poderia ser tão vil com a educação. O problema é que ninguém conhecia o pastor Milton Ribeiro, e tampouco ele conhecia alguma coisa sobre o MEC.

 

Atual responsável pela pasta, Ribeiro se esforça para fazer valer a substituição. E isso não é tarefa fácil. Bolsonaro escolheu os professores, e em especial a educação, como principais inimigos públicos a serem combatidos em seu governo. Weintraub seguiu as ordens até não poder mais. Sua passagem pelo MEC causou tanta insatisfação, que até mesmo durante o auge da pandemia, estudantes e professores foram às ruas pedir sua demissão. O episódio ficou conhecido como o Tsunami da Educação: foram as primeiras grandes manifestações públicas contra o governo de Jair Bolsonaro.

 

Na última semana, durante uma entrevista, o atual responsável pelo MEC disparou: “A universidade é um espaço para poucos”. A frase de Milton Ribeiro, digna de seu antecessor e a gosto do presidente da República, é uma síntese do que representa o governo Bolsonaro. Ricardo Vélez Rodríguez, o primeiro titular do MEC na gestão bolsonarista, já havia dito, em 2019, que “a ideia de universidade para todos não existe“. Dentro do “projeto” bolsonarista para a Educação Superior, ambas as frases atribuem culpa ao PT pelo desemprego no país. 

 

Para Ribeiro, se houvesse menos graduandos formados e mais trainees de caixas de supermercado, a crise não seria tão grande. Não bastasse o “ódio” pela ascensão social dos pobres, a frase também deflagra outro evidente preconceito de classe: o real lugar do pobre. O titular do MEC citou ainda o calote do Fies para justificar sua fala. Segundo ele, “nós temos hoje 1 milhão de estudantes inadimplentes no Fies, e isso pode prejudicar no futuro a questão de novos financiamentos. É por isso que falei que universidade não é para todos”. Para ele, se o pobre não pode pagar, é sinal de que não deveria estar lá.

 

É notório que a principal medida de Bolsonaro para destruir o ensino superior é o esvaziamento do Financiamento Estudantil (Fies). Para além dos ataques pessoais a professores e servidores públicos, e o desmonte na estrutura das universidades, com sucateamento de pesquisas e instalações, os alunos pobres também são alvo. A Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes) revelou no ano passado que “40% dos estudantes não têm condições de arcar sozinhos com as despesas da mensalidade nos cursos de graduação. O mesmo levantamento aponta que 51% dos estudantes acharam que as últimas mudanças no Fies dificultaram o acesso ao programa”.

 

Os números do Fies também dimensionam o tamanho da crise. O programa, que financia as mensalidades em instituições privadas, vive enxugamento nos últimos anos e chega a recorde negativo sob Bolsonaro. No primeiro semestre deste ano, apenas 22.548 contratos foram fechados. Em 2014, houve 732 mil novos contratos. Confrontado com os dados, Milton Ribeiro se defende dizendo que há um “complô” da imprensa contra Jair Bolsonaro, e que “os números não indicam a realidade do programa”. 

 

“Em governos passados, encheram o Brasil de universidades e abandonaram o alicerce, a alfabetização. E esse pessoal chega na universidade um analfabeto funcional, não sabe fazer nada, nem falar, nem escrever”, afirmou. É fato notório que essa frase é uma afirmação falsa, carregada de preconceito e elitismo, pois diversas pesquisas já comprovaram que não há diferença entre alunos que ingressaram nas universidades pelo Fies e os outros.

 

Analogamente, enquanto busca o sucateamento total do Fies, Ribeiro também aproveita para atacar o INEP. Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-presidente da entidade, Marcus Vinicius Rodrigues, afirmou que a chegada do atual ministro da Educação “é uma tragédia” para a instituição. Segundo ele, o pastor não consegue “ter uma conversa de cinco minutos sobre políticas públicas educacionais” e “está acabando com o Inep”.

 

Covardemente, Bolsonaro afirma que a imprensa tenta jogar o povo contra o seu governo, ignorando que suas medidas estrangulam as condições da população mais pobre no acesso à universidade. Na verdade, elas reforçam o estereótipo de que o pobre não “serve” para o ensino superior. Enquanto isso, seu ministro da Economia promove as reformas da Previdência, Trabalhista, e diversas outras medidas elitistas, como o fracassado Future-se. O país sofre um retrocesso de 30 anos em seu sistema de educação, mas, para o governo, a culpa é, e será, sempre das forças progressistas.


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