Entrevista com o pesquisador Leonardo Peçanha
27 de janeiro de 2022
Imprensa ADUR-RJ
Leonardo Peçanha é licenciado e bacharel em Educação Física pela Unisuam, especialista em gênero e sexualidade pelo Instituto de Medicina Social da Uerj, mestre em Ciência da Atividade Física pela Universidade Salgado de Oliveira e doutorando em Saúde Coletiva pelo Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz.
Em entrevista à Imprensa ADUR-RJ, Leonardo contou que já era ativista desde o ensino fundamental no movimento secundarista, mas ao concluir o mestrado, voltou a ser vinculado ao movimento social organizado.
“Retornei já na fase adulta para o movimento LGBTQ+ , especificamente o trans e o negro. E nesse contexto, comecei também a observar e fomentar alguns debates, entre eles, saúde transmasculina, voltada para a saúde especificamente das pessoas transmasculinas no Brasil e homens trans, mas também sobre transmasculinidades no geral, especificamente transmasculinidades negras”, explicou ele.
Dentro do panorama de sua pesquisa, Leonardo traz a perspectiva das pessoas trans no esporte com o objetivo de desmistificar transfobias. Ele define seu olhar sobre a educação física como uma contextualização de questões socioculturais em diálogo com questões biofisiológicas.
No livro “Transmasculinidades Negras: Narrativas plurais em primeira pessoa”, lançado no ano passado, em que Leonardo é um dos organizadores, é apresentado o diálogo das masculinidades negras brasileiras com a epistemologia masculina brasileira.
“Tenho olhado e fomentado o debate sobre esses temas de saúde transmasculina, transmasculinidades, especificamente transmasculinidades negras. E também, por conta do debate em relação às pessoas trans nos esportes, e por estar sendo chamado para falar sobre esta temática e por ser da educação física, me tornei um divulgador desse tema numa perspectiva contra-hegemônica, de inclusão do debate trans no esporte desmistificando transfobias e cissexismos ”, pontuou Leonardo.
O pesquisador explica que a ocupação de pessoas trans nos espaços educacionais é um desafio desde o ensino básico. De acordo com a Associação Nacional de Travestis Transsexuais do Brasil (ANTRA) e do Instituto Brasileiro de Trans de Educação, as inúmeras violências sofridas por pessoas trans ainda na escola acabam gerando uma interrupção do ensino, o que faz com que elas sejam empurradas de forma compulsória na prostituição.
“Os desafios são exatamente esses de romper a barreira da transfobia, do cissexismo e da violência contra as pessoas trans, desse interrompimento da educação básica. E permanecer estudando, seja na educação básica, seja no ensino superior, seja na pós-graduação. Entrar e permanecer. A gente entende que a transfobia é estrutural e estruturante, e se fazer presente é um desafio”, ressaltou.
Leonardo considera que a ocupação de pessoas trans nos espaços acadêmicos carrega a importância de representação da epistemologia trans, não somente com o lugar de fala, mas com um olhar que esteja fora do que representa ideias coloniais e cisgêneras.
“A gente precisa que mais pessoas trans adentrem nos espaços institucionais e acadêmicos para que a gente possa ter pessoas que não sejam jogadas compulsoriamente na prostituição. E aqui não é uma crítica à prostituição, porque é uma ocupação, um trabalho, mas precisa ser uma possibilidade e não uma obrigação de forma compulsória.
Acho que essas dificuldades ainda de entrada que estão sendo um pouco minimizadas por ações afirmativas, (…) mas precisamos de ferramentas que possibilitem que pessoas trans possam entrar, permanecer e concluir os estudos seja em qualquer âmbito da educação. Isso é muito importante. E, principalmente pessoas trans que passaram pela interseccionalidade como pessoas trans negras, pessoas trans periféricas, trans com deficiência e com pessoas trans que tem além da transfobia, outras dificuldades.
(…) Eu desejo que cada vez mais a gente adentre espaços acadêmicos e concluamos nossas pesquisas, nossos estudos, para que a gente siga em frente,” conclui ele.
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