Em meio a disputas políticas de um governo negacionista, Brasil, enfim, inicia vacinação contra COVID-19
No último domingo, 17 de janeiro de 2021, Monica Calazans, enfermeira, mulher negra, de 54 anos, foi a primeira pessoa no Brasil a ser vacinada contra a COVID-19 fora dos estudos clínicos. Em meio a uma guerra política entre o governo federal e o governador do estado de São Paulo sobre as vacinas contra a doença, a Anvisa aprovou o uso emergencial das vacinas CoronaVac e AstraZeneca no Brasil. Neste momento, as vacinas serão destinadas à pessoas de grupos de risco, como indígenas, idosos e profissionais de saúde.
A vacina é essencial para o controle da pandemia de coronavírus. Diferente do que prega o presidente Bolsonaro, não há tratamento precoce para a COVID-19, tampouco outra alternativa terapêutica aprovada. Para impedir a lotação de hospitais, UTIs e o consequente colapso do sistema de saúde, o ideal é evitar a contaminação da doença. Ao promoverem a imunização de uma grande parcela da população, as vacinas impedem a circulação desenfreada do vírus, além de prevenir que a doença se desenvolva para um quadro mais grave.
Os testes apontaram que a vacina é segura, no entanto, são necessárias duas doses para que a eficácia esteja garantida. Os estudos clínicos indicaram a segurança das vacinas, e especialistas apontam que o risco dos efeitos colaterais é menor do que o risco provocado pela doença em si.
Com o início da vacinação, a primeira fase será direcionada para os grupos prioritários: profissionais da saúde, idosos acima de 75 anos e a população indígena. Em seguida, os grupos de risco de pessoas com comorbidades e após a vacinação será disponibilizada para o restante da população.
As disputas políticas em torno das vacinas
Apenas agora o cenário em relação à vacinação contra a COVID-19 começa a melhorar. O Brasil é um dos países mais atrasados em relação à construção de um plano de imunização adequado e eficiente. A gestão Bolsonaro demonstrou, desde o início da pandemia, uma postura negacionista e irresponsável, minimizando a doença, defendendo medicamentos que não tem eficácia, sendo contrário às medidas de isolamento, e questionando os resultados científicos das vacinas.
O atual ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, um militar especialista em logística, foi o único capaz de seguir as orientações do presidente, sempre na contramão de todas as recomendações das autoridades mundiais de saúde.
Por sua vez, o governador de São Paulo, João Doria, que declaradamente tem intenção de ser presidenciável em 2022, se utilizou da negligência do governo federal para tomar para si o protagonismo do início da vacinação no país. Bolsonaro e Doria trocam farpas publicamente desde o início de 2020, mas antes de estabelecer uma rivalidade política com o presidente, o tucano foi eleito na onda bolsonarista em 2018.
As vacinas Sinovac e AstraZeneca
Até o momento, o Brasil tem disponíveis duas vacinas: a vacina de Oxford em parceria com a farmacêutica britânica AstraZeneca que está sob a tutela da Fiocruz; e a Coronavac, a vacina da farmacêutica chinesa SinoVac em parceria com o Instituto Butantan. Depois de um longo período de avaliação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou as vacinas para uso emergencial no domingo, 17 de janeiro.
A aprovação da Anvisa, no entanto, só é válida para as 8 milhões de doses já disponíveis que passaram por avaliação prévia. Destas 8 milhões, 6 milhões são as doses produzidas pelo Instituto Butantan e as outras 2 milhões eram parte de um acordo de importação da Índia para o Brasil. No entanto, o governo indiano vetou o envio alegando que ainda era muito cedo para fornecer o imunizante para outros países, uma vez que a vacinação ainda estava começando na Índia. O governo brasileiro tentou negociar, mas o indiano ainda não anunciou nenhuma resposta sobre a importação.
Com a incerteza da Índia, no dia 15 de janeiro, o Ministério da Saúde solicitou ao Butantan a entrega “imediata” das 6 milhões de doses produzidas pelo Instituto. O governo de São Paulo informou que entregará as doses disponíveis ao Ministério da Saúde para a campanha nacional de vacinação e o próprio Ministério anunciou que a distribuição para os estados terão início ainda esta semana.
A Coronavac, vacina produzida pelo Butantan em parceria com a SinoVac, foi amplamente descredibilizada pelo governo federal durante seu processo de desenvolvimento. Bolsonaro, inclusive, comemorou um incidente que levou à interrupção dos testes do imunizante, que por diversas vezes teve sua eficácia questionada por ele que a classificou como “vacina chinesa do Doria”.
É sempre importante destacar que a produção das vacinas e a imunização da população são frutos do trabalho de institutos científicos sérios e do Sistema Único de Saúde, ambos constantemente atacados pelo governo federal. De acordo com o vice-presidente da ADUR-RJ e professor do Instituto de Física da UFRRJ, Cláudio Maia, “estamos assistindo a um completo desmonte do Estado como agente implementador de políticas públicas. A ciência e a tecnologia são um caso particular disso, acentuado pela hostilidade que a extrema-direita brasileira nutre pela cultura e pelas formas elaboradas de conhecimento”, declarou. “Há ainda outro agravante nesse caso: no Brasil, a extrema-direita se associou a um projeto antinacional de submissão e vassalagem aos interesses norte-americanos. A ciência e a tecnologia, pelo contrário, são elementos fundamentais para a soberania de um povo; não encontram espaço nesse cenário de suicídio geopolítico”, acrescentou.
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