Adur

🍭 Principalmente nos subúrbios e periferias, o dia 27 de setembro é sinônimo de crianças correndo pelas ruas em busca de saquinhos de doces, distribuídos como forma de devoção à São Cosme e Damião.

🧒🏽🧒🏽 O culto aos santos é marcado pelo sincretismo religioso e possui simbolismo diverso no catolicismo e nas religiões de matriz africana. Enquanto na Igreja Católica Cosme e Damião são considerados os santos protetores dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, na Umbanda e no Candomblé, eles representam as divindades gêmeas Ibejis ou Erês, figuras marcadas pela pureza, pela inocência e por serem brincalhões e sorridentes.

🏘️ Para celebrar o Dia de São Cosme e Damião, e também esta cultura suburbana de ocupação das ruas pelas crianças, a ADUR convidou a professora do Departamento de Educação e Sociedade (IM-UFRRJ), Marta Ferreira, para contar o Itan dos Ibejis.

Confira o relato da professora:

Os mais velhos de terreiro nos contam que, um dia, Iku começou a rondar a aldeia. Quando Iku ronda a aldeia ela traz mortes, traz a fome, traz falta de saúde. Iku não queria ir embora, queria morar de vez na aldeia e disse que só quando alguém conseguisse fazer com que ela dançasse, que ela iria embora.

Várias pessoas, vários guerreiros, tentaram alguma tática para fazer Iku ir embora, e não conseguiram, todos falharam. Até que dois gêmeos, ibejis, começam a tocar o seu tambor e falam ‘pode deixar com a gente, que nós vamos fazer Iku dançar até cair’. O que eles fizeram? Um tocava tambor e dançava, enquanto o outro ficava escondido. Quando Iku se distraia, eles trocavam de lugar, fazendo com que Iku nunca parasse de dançar e eles conseguissem descansar. Então Iku dançou, dançou, dançou até não aguentar mais e cair no chão. E pergunta a Ibeji, o que você fez para que eu dançasse tanto tempo e você aguentasse. E aí, o outro gêmeo sai de traz da pedra onde ele estava escondido, e mostra o segundo tambor.

Isso faz mostrar para a gente quanto as crianças trazem, na sua inocência, as artimanhas para a gente tirar Iku, a morte, do nosso caminho. É na esperteza das crianças, é na inocência, é na brincadeira dessas crianças que a gente consegue tirar Iku de nossa ronda. É isso que a gente deseja nesse dia 27 de setembro.

Que Ibeji sempre tire Iku da nossa ronda. Que Ibeji sempre mantenha a nossa saúde. Que Ibeji sempre mantenha a nossa perseverança. E que Ibeje mantenha, principalmente, o nosso espírito brincante, porque é com o espírito brincante que nós vamos sempre manter Iku longe de nós. Muito axé para todos! Que Ibeji e seus tambores sempre prevaleçam em nossas vidas. Bejeró!

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