Brasil tem mais de 5 mil mortos por coronavírus e a resposta do presidente é: “E daí?”
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre”. Foi com essa fala que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro respondeu à repórteres ao ser questionado sobre o fato de o país ter ultrapassado a China no número de mortos por Covid-19.
Ao perceber que as declarações estavam sendo transmitidas ao vivo, o presidente tentou se retratar. “Lamentamos a situação que nós estamos atravessando com o vírus. Nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, que a grande parte eram pessoas idosas. Mas é a vida. Amanhã vou eu,”, disse o presidente.
Esta não é a primeira vez que o presidente despreza o número de mortes pelo coronavírus. No dia 20 de abril, quando o país sustentava o 2,5 mil mortes, o comentário de Bolsonaro foi “Oh cara, quem falou, eu não sou coveiro, tá certo?”. O presidente também fez inúmeras declarações minimizando os riscos da doença. “A questão do coronavírus não é isso tudo que a grande mídia propaga pelo mundo”, “Esse vírus trouxe uma certa histeria”, “Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar” foram algumas delas.
A curva de crescimento do número de casos e a subnotificação
Com 5.466 mortes por Covid-19 registradas em 42 dias, o Brasil se tornou o nono país com maior número de vítimas da doença no mundo, com a taxa de letalidade atingindo 7%. O número supera o da China, epicentro da doença, que registrou 4.637 óbitos, de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (UE). Em número de casos, o Brasil é o 11º, com 78.162, até o dia 29 de abril. Em um período de 24 horas, já foram registrados mais de 6 mil novos casos.
A população em estado de vulnerabilidade social é a que mais têm sofrido com as consequências do novo coronavírus. O aumento das mortes e casos suspeitos é maior entre os mais pobres. Na periferia de São Paulo, por exemplo, os casos de Covid-19 dispararam 45% na semana do dia 17 ao dia 24 de abril. Enquanto isso, nas regiões mais ricas, o aumento foi de 20% no mesmo período.
Em Manaus, o número de enterros nos cemitérios públicos aumentou 161% no mês de abril. No município de São Paulo, as mortes pelo coronavírus estão 168% acima dos dados oficiais do sistema de saúde, de acordo com um estudo feito pelo epidemiologista Paulo Lotufo, da USP.
Com a ausência de testes disponíveis para testar toda a população, ainda existe o problema da subnotificação dos casos, que falseia a gravidade da pandemia no Brasil e dificulta o combate à doença. Pesquisas realizadas pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS), formado por cientistas da PUC-RJ, Fiocruz e Instituto D’or, indicam que o Brasil notifica apenas 8% dos casos e que, portanto, o número pode ser até 12 vezes maior do que os dados confirmados oficialmente pelo Ministério da Saúde.
Ainda na gestão de Mandetta, o formulário disponibilizado pelo Ministério da Saúde prejudicou a contabilização de casos. No documento, havia apenas as opções “esteve fora do país” e “teve contato com alguém com sintomas”. Se a resposta fosse negativa para as duas perguntas, mesmo que a pessoa tivesse sintomas de covid-19, não era considerava como um caso suspeito. O Ministério da Saúde mudou o protocolo somente após a confirmação da primeira morte por coronavírus em 16 de março.
A falta de kits para os profissionais da saúde e para a população e a inexistência de uma portaria que detalhasse quais casos deveriam ser contabilizados como confirmados ou suspeitos também são falhas do governo na condução da crise que corroboram para a subnotificação dos casos.
Desde que tomou posse em 17 de abril, o novo ministro da Saúde Nelson Teich tem evitado dar declarações à imprensa. Ao ser questionado por jornalistas, o ministro evita se posicionar firmemente em relação à necessidade das medidas de isolamento social para evitar confrontos com o presidente e ter o mesmo destino de Luiz Henrique Mandetta. Em seus pronunciamentos, Teich reafirma sempre sua visão técnica e estratégica frente ao Ministério da Saúde para lidar com a pandemia.
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