Adur

28 de janeiro de 2022

Imprensa ADUR-RJ

Nascido em São Paulo, Dante Gabriel Lima tem 23 anos e é estudante do 4º semestre do curso de Cinema e Audiovisual na Universidade do Recôncavo da Bahia (UFRB). Atualmente, Dante integra o grupo PET Cinema UFRB e trabalha como produtor audiovisual.

Dante entrou na universidade aos 20 anos de idade, após já ter feito sua retificação de nome e gênero, um processo que ele define como “exaustivo” por ter enfrentado muitas dificuldades burocráticas e de acessibilidade. Apesar de já discutir sobre questões de gênero há anos, ele só conseguiu se abraçar e se colocar como um homem trans quando passou a fazer parte do CAHL, o Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB.

“Eu sinto que a comunidade do nosso Centro, por ser de humanidades, é muito mais acolhedora do que outras áreas, por já ter essa articulação de diversas minorias ali dentro. Quando eu cheguei no CAHL, eu vi pessoas não-cisgêneras convivendo, existindo, e isso foi essencial para a minha transição”, declarou ele.

Em entrevista à Imprensa ADUR-RJ, Dante contou que está no início de uma pesquisa realizada juntamente ao grupo PET sobre a representatividade de pessoas trans no audiovisual brasileiro. Para a pesquisa, Dante buscou referenciais teóricos produzidos por pessoas trans, mas relata que teve dificuldades em encontrá-los.

“Acredito que é muito importante que a gente crie cada vez mais novas referências, seja para pesquisas especificamente sobre pessoas trans ou para quaisquer outros assuntos. E para isso, é muito importante que tenham pessoas trans nas universidades”, argumenta.

Dante ressalta que o ingresso da comunidade trans nas universidades é fundamental para superar a marginalização que ela sofre.

“É importante que pessoas trans ocupem as universidades para que hajam diversas possibilidades de carreira para além do que nos é imposto pela sociedade. Citando um amigue do coração que me inspira demais, Charles Moraes, ‘é importante se fazer presente para se fazer humano no meio social que a gente vive’.”

Dante destaca que essa ocupação carrega uma representação para que a própria comunidade trans possa enxergar as múltiplas possibilidades de ser para além do cisgênero.

“Eu tenho expectativa que cada vez mais pessoas trans estejam presentes nesses espaços acadêmicos pesquisando, ensinando, produzindo projetos que sejam feitos por nós e para nós. E, por consequência disso, que a gente ocupe cada vez mais cargos profissionais em diversas áreas”, conclui o estudante.

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