Nota da ADUR-RJ
Por que entramos em greve? Por que a comunidade docente ruralina aderiu ao movimento unificado de luta contra a PEC 55/2016, a MP 746/2016 e outras medidas retrógradas em curso?
Não foram apenas os gritos das mulheres ruralinas que, ainda no início do ano de 2016, aqueceram nossos ouvidos ao denunciar o machismo institucionalizado e a violência em seus corpos, mostrando ao Brasil e ao mundo que “Me Avisa Quando Chegar” era mais que um sinal de alívio, mas de uma luta que iria irromper os campi da UFRRJ.
Não foi apenas a defesa da comunidade transgênero, que ainda sofre as dinâmicas da heteronormatividade nas listas de chamada e nos banheiros da UFRRJ.
Não foi apenas a institucionalização de uma lei, a 13.183/2015, que torna compulsória a adesão de servidores públicos federais à FUNPRESP, dando mostras que a luta sindical incomoda os patrões.
Os golpes dos governos anteriores, também não foram os únicos motivos da nossa insatisfação, pois não esquecemos os vários regimes que há para a classe docente no que diz respeito à aposentadoria.
Se é o que ocorre na esfera do governo estadual do Rio, o qual anunciou que irá atrasar e parcelar os salários dos servidores, que correm o risco de verem seus rendimentos diminuídos em 30%, também, não.
Não foi apenas a luta dos servidores da educação de Seropédica, os quais viram o orçamento do município triplicar sem ter a garantia de seus salários, planos de cargos e carreiras.
Tampouco esse golpe jurídico-parlamentar que se manifesta no acirramento das contrarreformas da previdência, trabalhista, e outras que virão, foi o motivo, como também não foi pela supressão do direito de greve, medida recorrente em golpes de Estado, desta vez voltada contra os servidores públicos.
Por que então entramos em greve?
Entramos em greve por toda uma conjuntura de fatores. A construção do enfrentamento à PEC do Teto de Gastos, também conhecida como PEC do Fim do Mundo, PEC do Congelamento, PEC da Maldade, bem como a Deforma do Ensino Médio e o Projeto Escola sem Partido, é a chance de mostrar a esse governo que as mudanças executadas por eles não podem ignorar nossas vozes.
Porque nas atas de nossas assembleias estão registradas as falas de docentes que se insurgem não pelas questões ligadas às individualidades de suas carreiras. Nas páginas que a diretoria da ADUR-RJ tem registrado estão as falas de cidadãos que não se calam sobre a retração de direitos sociais comuns. Que denunciam a farsa do déficit orçamentário, da restrição dos investimentos em saúde, em assistência social, em segurança e lazer, e principalmente na educação.
Entramos em greve porque dizemos NÃO ao desmonte dos já mutilados direitos sociais, porque queremos mais e mais POVO na Universidade, com condições de estudo e trabalho dignas, e porque não podemos nos omitir frente à coragem de nossos estudantes, que há três semanas ocupam a UFRRJ, sofrendo todo tipo de pressões e ameaças. São em sua maioria filhas e filhos da classe trabalhadora, vindos de famílias pobres que nunca antes tiveram um dos seus na Universidade, e que agora precisam lutar para garantir esse direito e essa conquista que o governo ilegítimo pretende lhes arrancar.
Assim, conclamamos nossos colegas das IES irmãs do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil a se somarem à luta pela garantia dos direitos sociais, pela garantia da permanência dos filhos e filhas do povo pobre em nossas Universidades, contra a covardia de uma classe dominante, bem representada por um governo ilegítimo que não tem pudores em mostrar seus dentes.
NÃO À PEC 55/2016!
NÃO À MP 746/2016!
NÃO AO PROJETO ESCOLA SEM PARTIDO!
GREVE É UM DIREITO, LUTAREMOS POR ELE!
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