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Setembro: o mês de prevenção ao suicídio

Durante o mês de setembro, monumentos são iluminados de amarelo, instituições públicas e privadas utilizam a cor em suas marcas, são promovidas palestras e eventos temáticos sobre a prevenção ao suicídio. De acordo com pesquisa realizada pela OMS em 2019, são registrados, anualmente, mais de 700 mil suicídios em todo mundo. No Brasil, o número pode chegar a 14 mil casos por ano. Ainda segundo a pesquisa, os casos nos países da América estão aumentando, uma contratendência mundial, que está em queda.

O suicídio é um tabu que se tem pouca informação a respeito, o que se sabe é que praticamente 100% dos casos estão relacionados à doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. É por este motivo que a campanha do Setembro Amarelo existe: para promover a conscientização sobre a importância da vida, para que a pessoas, quando estiverem em situação de sofrimento psíquico, saibam que a condição é passageira e que a visão rígida sobre a vida, que leva ao suicídio, é imposta pelo sofrimento.

O suicídio é um problema de saúde pública, que atinge indivíduos de diferentes classes sociais, idades, origens, sexo e culturas. No entanto, ainda de acordo com a OMS, entre a população de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte, atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

 

Adoecimento mental na universidade

Um dos espaços frequentados por jovens de 15 a 29 anos são as universidades, um ambiente no qual certas práticas e contextos como a pressão em relação a prazos, o rigor e cobranças excessivas, e a repetição de um modelo de ensino-aprendizagem desumanizador, podem desencadear o sofrimento psíquico. A professora do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFRRJ, Jaqueline Rocha Borges dos Santos aponta, ainda, a realidade específica da Rural.

“Quando nós pensamos em um cenário como o da UFRRJ, em que nós temos estudantes que muitas vezes têm suas famílias muito distantes em moradia, em outros estados, as relações se fortalecem no cotidiano da universidade, e às vezes até mesmo numa relação amorosa mal sucedida leva a pessoa a uma tristeza intensa. Soma-se também o uso de substâncias psicoativas que podem intensificar um quadro do chamado estresse crônico imprevisível, que nós vivenciamos no cotidiano, acentuando sintomas vinculados à depressão e à ansiedade”, declarou a professora.

Desde 2002, o Brasil lidera a taxa de suicídio de universitários entre os países da América Latina. Uma pesquisa realizada em 2018 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) com mais 424 mil entrevistas cruzou os dados socioeconômicos com informações existentes sobre dificuldades emocionais e pensamentos suicidas. O levantamento apontou que 83,5% dos estudantes declararam possuir alguma dificuldade emocional, 63,6% sofre de ansiedade, 9,7% estava em acompanhamento psicológico e 6,5% declarou tomar medicação.

O país vive uma crise econômica e social, com altas taxas de desemprego, crescimento do trabalho informal, aumento significativo do valor dos alimentos e do custo de vida no geral, inflação, entre outros. Estes são os chamados determinantes sociais de saúde que incluem, ainda, lazer, cultura e contato com meio ambiente. A professora Jaqueline aponta a importância de uma política pública adequada.

“Existe sim um impacto dessas questões para a saúde mental da população. Logo, nós enxergamos o quanto a relação harmônica entre desenvolvimento e crescimento são necessárias, porque não adianta uma nação ter crescimento se ela não tem desenvolvimento, que é pautado fortemente, no fortalecimento da saúde e da educação. E, por conseguinte, nós temos clareza que são necessárias políticas públicas para este segmento”, afirmou a professora.

 

Preconceito e estigma dificultam a busca por ajuda

As doenças mentais ainda são alvo de grande estigma social. A professora Jaqueline comenta:

“De fato, diferente de outras questões de saúde, nós temos muito preconceito. É muito diferente quando uma pessoa fala ‘eu sou hipertensa’, ou ‘eu tenho hipotireoidismo’, se ela falar, por exemplo, ‘eu tenho esquizofrenia’, ou alguma outra condição vinculada à saúde mental. Na verdade, para a saúde mental, a gente tem o sofrimento psíquico, que precisa ser tratado, que a pessoa precisa do devido acolhimento. Muitas vezes o preconceito vem da própria família, das pessoas que estão ao redor, ou até da própria pessoa”.

A maneira como a saúde pública é compreendida e praticada hoje em dia no Brasil, vem do movimento sanitarista da década de 1970, que se fortaleceu na década de 1980 e tem o seu ápice com a promulgação da Constituição, em 1988. Paralelo a isto, também aconteceu uma reforma psiquiátrica, que na década de 1990, estabeleceu leis federais que acabavam com hospitais psiquiátricos, manicômios e criava uma outra rede, que vigora atualmente, que é a chamada Rede de Atenção Psicossocial, estruturada, principalmente, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

“Desde o governo Temer, com a aprovação da última política nacional de atenção básica, nós vivemos um desmonte de várias estruturas de saúde. Mais fortemente neste governo, nós temos um entendimento distorcido do tratamento que deve ser dado à questão da saúde mental, uma política que reforça as residências terapêuticas que se vinculam muito com religiões. O que a gente vê é esse assunto sendo tratado de uma maneira diferente da original, que vem de uma construção histórica”, analisa a professora Jaqueline. “Com isso, a gente tem também um desmonte das Redes de Atenção Psicossocial, dos CAPs, reduzindo à equipes mínimas para atuação interprofissional, que, logo, começam a ter um modelo de atuação muito ambulatorial frente às altas demandas”, complementou.

 

A importância de ações o ano todo

O Setembro Amarelo é um momento propício para tratar questões relacionadas à saúde mental e prevenção ao suicídio, porém, Jaqueline lembra que as ações de saúde precisam ser contínuas e permanentes. A universidade possui uma estrutura de saúde que inclui um posto de saúde, além de cursos da área da saúde que podem promover campanhas e ações constantes.

“Seria muito importante se nós tivéssemos, na Rural, uma política institucional de saúde que incluísse também, a saúde mental. Para isso são necessários vários profissionais envolvidos, que tenham um tempo de dedicação para isso. Se a gente pensar na saúde dos estudantes, que tenhamos um número de profissionais que possam apoiar essa iniciativa, com tempo dedicado a essas questões, que podem, por exemplo, atuar de forma articulada com cursos de graduação e pós-graduação”.

Os servidores, professores e técnicos administrativos, possuem a Coordenação de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (CASST), setor da UFRRJ que promove ações para a saúde do trabalhador. No entanto, como aponta a professora Jaqueline, muitas vezes os profissionais receiam que psicólogos saibam sobre suas vidas ou emoções.

“Nesse sentido, se a gente fala de uma atuação da universidade, teoricamente seria mais fácil nós pensarmos em estratégias, até porque faz parte da cultura acadêmica, trabalhar essas questões. Mas as mudanças de atitudes e comportamento frente ao estigma social, também não são modificadas de uma hora para outra. Logo, a gente precisa de ações permanentes e a gente sempre vai ter os resultados dessas ações de maneira longitudinal”.

 


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