MEC faz mais corte de verbas na Capes
Capes não vai financiar nenhum novo pesquisador em 2019
Pela terceira vez este ano, o governo federal anunciou um corte no financiamento de bolsas de pesquisa científica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculado ao Ministério da Educação. Com mais este bloqueio, a Capes totaliza uma perda R$ 819 milhões em 2019, o equivalente a 19% do valor previsto para este ano. Segundo o presidente do órgão, Anderson Correia, 5.613 bolsas de mestrado e doutorado foram bloqueadas dessa vez. Trata-se de bolsas de pesquisadores que já concluíram seus estudos e que não poderão ser repassadas a novos bolsistas.
O MEC anunciou que não serão feitas interrupções no financiamento das pesquisas que estão em andamento, mas com o bloqueio da verba, novas pesquisas são impedidas de serem financiadas. Em 2019, a gestão Bolsonaro já cortou 11.811 bolsas de pesquisa vinculadas à Capes, que representam 12% das 92.253 bolsas de mestrado e doutorado vinculadas ao órgão. Com mais esta medida, um total de R$ 37,8 milhões deixarão de ser investidos em pesquisa no Brasil. Para o ano de 2020, o orçamento do órgão será reduzido pela metade,contabilizando R$ 2,2 bilhões comparados aos R$ 4,25 bilhões previstos em 2019 antes dos cortes.
Considerando o tempo de vida útil das bolsas, a projeção da Capes para os próximos 4 anos é uma perda orçamentária de R$ 544 milhões, um cenário de colapso na educação superior que anuncia a inviabilização da pós-graduação no Brasil como conhecemos. A estratégia do governo federal é nítida: sucatear a educação pública e a pesquisa científica por um lado e propor soluções mercadológicas por outro. É o que prevê o programa Future-se, apresentado pelo MEC em julho, que entrega o financiamento das universidades para empresas privadas.
O governo Bolsonaro também tem mostrado o seu caráter de ataque à ciência no desmonte de outro órgão federal de financiamento de pesquisadores, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O ministro da pasta, Marcos Pontes, já anunciou que só tem como fazer o pagamento das bolsas no mês de setembro e depois “vai ter que achar [o dinheiro] para outro mês”. Atualmente, o CNPq têm um déficit orçamentário de R$ 330 milhões e poderá deixar 84 mil bolsistas sem pagamento.
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