Manifestações contra Bolsonaro indicam unidade na luta em defesa da democracia
Reportagem da Semana
4 de junho de 2021
Imprensa ADUR-RJ
Por João Pedro Werneck e Larissa Guedes
No último sábado, dia 29 de maio, as ruas do Brasil foram tomadas por manifestações de diversos segmentos sociais contra o governo genocida de Jair Bolsonaro. “Se o povo protesta em meio a uma pandemia é porque o governo é mais perigoso que o vírus”, foi um dos discursos mais difundidos na ocasião. O presidente, em meio à onda progressista que denunciava suas arbitrariedades, se manifestou com os habituais ataques. Sempre que o faz é porque está descontente, acuado, seja pela CPI que bate à sua porta com uma conta de mais de 460 mil mortos, seja pelas pesquisas de popularidade, que apontam Lula como amplo favorito para 2022, e a crescente rejeição ao seu governo.
A estratégia destrambelhada de confrontos do presidente é conhecida, assim como seu custo político. Bolsonaro se cerca em seu reduto de ignorantes, e abre mão, por hora, do apoio da classe média. Sem dúvida, não foi uma decisão fácil ir às ruas depois de passar meses criticando os bolsonaristas e o presidente por incentivarem aglomerações urbanas irresponsáveis. No entanto, o campo progressista precisou tomar as ruas para mostrar que é hora de dar um basta, de seguir a ciência, de lutar pelo fim do sucateamento da educação, pelo direito de pão e vacinas – como diziam grande parte dos cartazes expostos pelos manifestantes no último sábado, dia 29 de maio.
O mundo mostrou o Brasil nas ruas, a revolta contra Bolsonaro, mas não os jornais brasileiros. Muito se dirá sobre os organizadores desses atos e suas motivações. Editoriais alegaram que não podem fazer campanha para Lula, e por isso omitiram, de algum modo, a imensa manifestação que tinha diversas reivindicações, entre elas, entre alguns, a de que Lula voltasse ao poder.
Além disso, as grandes empresas que nunca foram de apoiar sindicatos, menos ainda desde a reforma trabalhista, quando tentaram extingui-los na marra, também tentam manter uma imagem de isenção. Não é exatamente uma surpresa descobrir que os principais jornais do país decidiram esconder a força que ainda existe no sindicalismo e na luta política organizada. A grande imprensa prefere a convocação em rede social por grupos “apartidários”. Esse negócio de assembleia para deliberar greve, paralisação e manifestação, para eles, é razão para torcer o nariz: trabalhador votando é coisa de comunista, e tem que acabar.
No fim das contas, os jornais escondem os atos porque querem o mesmo que Jair Bolsonaro: eles lutam pelo apoio – ou a narrativa – da classe média, que é o público alvo de seus investidores. Em um país dividido, segregado entre o que marginalmente conveio a se chamar de esquerda contra a direita, os jornais fazem o jogo de quem aguarda a decisão final da classe média, e em qual barco ela entrará no fim das contas: o antipetismo, ou o antibolsonarismo. Por hora, para eles, parece interessante deixar o presidente queimar lentamente. Enquanto isso, esconde-se um candidato de esquerda que é o evidente escolhido popular para deter o bolsonarismo.
O presidente que ousou ser mais letal que o vírus
É notório que as últimas semanas foram um chamado para as ruas. A detalhada exposição pública, na CPI da COVID, da irresponsabilidade do governo Bolsonaro na condução da crise certamente encheu muitos brasileiros de vergonha. Como se não bastasse, o presidente debochou disso ao participar de um comício no Rio de Janeiro, coadjuvado pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, símbolo da tragédia brasileira. A cena dos dois em cima de um carro de som, sem máscara, fazendo piada da pandemia, é um escárnio.
Há meses o Brasil assiste uma espécie de monopólio das ruas por parte da militância radical bolsonarista, desde sempre à vontade para desafiar as orientações sanitárias para demonstrar seu apreço por Bolsonaro e sua hostilidade às instituições democráticas. A inércia popular abriu espaço para uma narrativa estapafúrdia, segundo a qual as manifestações promovidas por eles provavam que o “povo” estava com o presidente. Enquanto isso, nossos vizinhos latinos nos dão aulas sobre iniciativa popular.
No Chile, a população, literalmente, rasgou a Constituição de Augusto Pinochet, dando origem a uma nova Carta. Na Colômbia, protestos seguem diariamente contra as políticas neoliberais do governo. A crise social levou o país, inclusive, a cancelar a Copa América de Futebol, o que também foi feito pelo governo argentino, que alegou que não há razão para promover um evento internacional esportivo enquanto houver uma pandemia descontrolada. No Brasil, o povo precisava dar o seu recado, e assim foi feito no último sábado.
Na guerra das bolhas, o Brasil impressiona com suas particularidades. Não haverá um Joe Biden, ungido pelo establishment, para deter o rumo que o país tomou. Ainda assim, é nisso que apostam os editores de jornais e alguns setores empresariais do país. A aposta absurda nos faz lembrar de que, até pouco tempo, o ex-juiz Sérgio Moro era uma espécie de santo nacional estampado nas principais páginas do país. Quando deixou o governo, ganhou até exclusiva no Fantástico. Hoje, periga não se eleger sequer para vereador em Curitiba. Na guerra das bolhas, havia aquele que chamava de fantasia a possibilidade de Lula voltar a ser candidato, e de surreal um governo formado por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes.
Neste cenário, tudo parece inviável e plausível ao mesmo tempo. O país colocou milhares na rua contra um governo que tem responsabilidade atestada no agravamento de uma pandemia, e poucos jornais fizeram disso uma notícia. Prova de que Bolsonaro, como crê, imerso dentro de sua própria bolha, pode levar com tranquilidade o voto de uma classe média que tem horror ao PT. E prova também de que a luta está apenas começando, pois até 2022 há muitas batalhas para se vencer.
Mais Notícias
Assembleia da ADUR sobre 67º Conad acontecerá dia 10 de julho
Postado em 04/07/2024
🚨 Atenção, docentes! 📆 Dia 10 de julho, quarta-feira, acontecerá mais uma Assembleia Geral Simultânea e Descentralizada da ADUR. A … leia mais
Representações sindicais participam do 67º Conad em julho, na capital de Minas Gerais
Postado em 03/07/2024
03 de julho de 2024 Comunicação da ADUR Convocado pela diretoria do ANDES-SN, o 67º encontro do Conad (Conselho do … leia mais
UFRRJ concede título Doutora Honoris Causa para Benedita da Silva
Postado em 28/06/2024
O Conselho Universitário da UFRRJ aprovou, hoje, a concessão do título de Doutora Honoris Causa para a deputada federal Benedita … leia mais
28 de junho | Dia do Orgulho LGBTQIA+
Postado em 28/06/2024
🌈 Em 28 de junho, celebramos o Dia do Orgulho LGBTQIA+. Esta data homenageia a coragem e a resistência dos … leia mais
ADUR condena a tentativa de golpe militar na Bolívia
Postado em 27/06/2024
27 de junho de 2024 Comunicação da ADUR A Associação dos Docentes da Universidade Rural Federal do Rio de Janeiro … leia mais
Próxima Assembleia da ADUR será 10 de julho – Salve a data
Postado em 26/06/2024
Salve a data! Dia 10 de julho acontecerá mais uma Assembleia Geral Simultânea e Descentralizada da ADUR. A Assembleia terá … leia mais
CEPE acata demanda da ADUR: aulas retornam 26 de junho e dois semestres de 2024 serão finalizados este ano
Postado em 25/06/2024
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFRRJ aprovou o retorno do calendário letivo para o dia 26 de … leia mais
ADUR e Mulheres Marcham em Copacabana pelo Arquivamento do PL dos Estupradores
Postado em 24/06/2024
23 de junho de 2024 Comunicação da ADUR No último domingo, 23 de junho de 2024, a Associação de … leia mais
Assembleia Geral da ADUR encaminha assinatura das propostas apresentadas pelo MGI e pelo MEC e saída unificada da greve
Postado em 19/06/2024
Após amplo debate de análise de conjuntura e avaliação da greve, as professoras e professores da UFRRJ decidiram, em Assembleia … leia mais
MGI aceita criar comissões para rever reenquadramento de aposentados, reposicionamento de docente e insalubridade
Postado em 19/06/2024
Temas foram incluídos na contraproposta de negociação a partir da atuação direta da ADUR O Ministério da Gestão e Inovação … leia mais