Cobertura Iº ERE
QUE EDUCAÇÃO É ESSA?
PROUNI, Todos pela Educação, Escola sem Partido. O que está em jogo quando falamos da relação entre Estado e os grandes players da educação privada? Para onde vamos quando a autonomia de pensamento é legalmente limitada dentro das escolas? E como construir o ensino desde baixo? Composta pelo professor de História do Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR), Frederico José Falcão; Richard Clayton, professor do SEPE Itaguaí; Ana Cristina Souza, professora do Instituto de Educação da UFRRJ, ex-presidente da Adur-RJ e membro do Grupo de Trabalho de Políticas Educacionais do ANDES-SN; Vanessa Freitas, secundarista e porta-voz da Assembleia dos Estudantes de Seropédica; e Alessandro Ribeiro, representante do Ocupa Mendes e do movimento de ocupação das escolas fluminenses, a primeira mesa do ERE traçou paralelos entre o processo de desmonte e privatização da educação pública, os projetos atuais de políticas públicas para a área e os movimentos que reivindicam uma formulação alternativa e autogerida da Educação.
Quem comanda o processo são os setores financeiros, disse Richard. A dívida é o principal balizador na tomada de ações políticas pelo Estado. O país continua refém das determinações do capital internacional e de seus credores. “O Banco Mundial tem uma série de exigências para emprestar dinheiro que deterioram a educação e padronizam o ensino”, diz.
É a busca das trevas. Assim foi definido o projeto de lei Escola Sem Partido por Frederico. “O objetivo desse projeto é nos levar para a ditadura ou para a Idade Média. É papel nosso, enquanto educadores, a posição forte de denúncia e luta contra essa lei”, disse. Proposta do deputado Jair Bolsonaro, a Escola Sem Partido parte de um falseamento do princípio de neutralidade. “Mas o que é neutralidade?”, perguntou o professor do CTUR. “É não ter posição diante do que está colocado. Ora, a sala de aula é, antes de tudo, um espaço político. E não só na filosofia, história, geografia. A sala de aula de matemática é profundamente política, a sala de aula de física é profundamente política”, argumentou.
A movimentação dos primeiros afetados diretos da precarização da educação, aqueles que estão no final da linha, impede as adjetivações usuais: frágeis, fracos, dispersos. O levante dos secundaristas escancara o oposto. São firmes, fortes, coesos. Enquanto falava, Vanessa Freitas afirmou seguidas vezes que a situação de hoje não começou agora. Para ela, a precarização do Ensino é resultado de um “acumulo dos que se conformaram lá atrás”.
Em menos de um mês os estudantes de Seropédica se uniram, ocuparam as ruas e formaram núcleos de debates e organizativos. “A gente viu a necessidade de criar uma assembleia dos estudantes para conversar, sentar, montar uma pauta, entender o que está acontecendo na escola de cada um e lutar por isso. Foi uma coisa muita rápida e muito organizada”, diz Vanessa.
Alessandro arrepiou a todos. O movimento dos secundaristas é cheio de vida e potência. O representante da Comissão de Ocupação das Escolas Estaduais do Rio de Janeiro reivindica, frase a frase, o que é sistematicamente negado aos jovens e estudantes. “Nós temos pensamento, nós conseguimos ver o que é certo e o que é errado e nós temos opinião própria”, disse em sua fala de abertura. Alessandro denunciou uma série de assédios e abuso por parte da direção do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes – primeira escola ocupada no Rio de Janeiro – e uma tentativa de negociação bem pouco nobre por parte do Secretário Estadual de Educação. De acordo com o secundarista, o secretário propôs trocar a desocupação pelo atendimento integral das pautas internas do Mendes. Com um porém: nenhuma outra escola do Estado ganharia um centavo. Deu com a cara no muro. “Nós não lutamos só pelo Prefeito Mendes de Moraes, nós lutamos pelas escolas do Rio de janeiro. E que fique avisado a gente vai botar o terror neles, sim, e isso é só o começo”, diz Alessandro.
A ocupação foi planejada durante três semanas e votada em uma assembleia com mais de 90% de adesão dos estudantes. “Nós criamos as comissões de organização, segurança, comunicação, mídia, limpeza, conservação da escola, alimentação, doação e o núcleo central. A partir daquele momento quem mandava na escola era a auto-gestão estudantil e vai continuar assim até mudarmos a educação no Rio de Janeiro”, concluiu. A ideia, agora, é criar pontes com as outras escolas estaduais e fazer avançar o movimento dos secundaristas.
Almoço e plenária
Depois de um intervalo que contou com almoço e exibição do filme “Acabou a paz: isso aqui vai virar o Chile” (documentário média-metragem que acompanhou a luta dos secundaristas paulistas contra o projeto de reorganização escolar de Geraldo Alckmin), o ERE foi retomado com a Plenária Conjunta da Educação. Associações, sindicatos e movimentos estudantis locais debateram os caminhos a se seguir dada a conjuntura. Além da situação de penúria vivida nas escolas e universidades diante de um Estado que define como prioridade o perdão das dívidas do grande capital e intensificação das políticas de desmonte das garantias trabalhistas, mereceu atenção os seguidos casos de estupro dentro do campus de Seropédica da UFRRJ e a tramitação do projeto de lei denominado “Escola Sem Partido”. A mesa coordenadora da plenária foi composta pelo representante do SEPE Seropédica, Nei Santos Júnior, pelo representante da Adur-RJ, Marcelo Herbst, e pelo representante dos estudantes da rede pública, Felipe Nunes Leandro de Morais.
Nomeada de Carta de Seropédica, o Iº Encontro Regional de Educação produziu um documento coletivo com secundaristas, professores e servidores em luta.
http://www.adur-rj.org.br/portal/?p=392&preview=true
A plenária ainda aprovou uma moção de repúdio à omissão da UFRRJ diante dos numerosos casos de violência contra as mulheres dentro do campus.
http://www.adur-rj.org.br/portal/?p=396&preview=true
Confira a Ata completa da Plenária Unificada da Educação Pública:
http://www.adur-rj.org.br/portal/ata-da-plenaria-conjunta-da-educacao-publica-io-ere/
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