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ADUR Online #69: A mulher: corpo culturalmente estabelecido: Um convite a um olhar sensível ao corpo que fala

ADUR Online #69

9 de março de 2022

Por Valéria Nascimento Lebeis Pires 

 

A mulher reúne um acervo histórico e cultural que compõe o complexo axiológico de sua existência, reunindo afetos, compreensões e experiências que refletem no seu corpo e na expressividade, na dor e na delícia de ser mulher. Nesse contexto, a forma com que o corpo fala torna possível destacar a perspectiva do multiculturalismo em favor de identificar potenciais individuais nas relações sociais, assim como o conhecimento e disseminação de nossa matriz sociocultural por meio das diferentes formas de manifestar a história de vida de nosso povo e sociedade, até a atualidade. Nessa perspectiva, cada mulher representa sua história de vida, única, carregada de valores e circunstâncias personalíssimas. As falas corporais, entre as mulheres brasileiras, constituem nosso acervo histórico-cultural, de norte a sul, que expressa as lutas e conquistas na diversidade das classes sociais e regionais num vasto patrimônio da cultura, no tocante aos hábitos e costumes de nossa gente. Ressalto que urge a necessidade do reconhecimento e valorização de nossa comunicação não verbal no ambiente familiar, no lazer e no trabalho por meio de observações, reflexões e práticas que possibilitem descobertas que explorem as competências da mulher, desenvolvam e ampliem a consciência de ser e estar no mundo. Para essas reflexões e práticas, importa o exercício e esforço com atenção para a linguagem do corpo, para a sensibilização no olhar e no cuidado entre as pessoas, nesse caso, para as mulheres e meninas, observando que o corpo pode revelar as condições entre as relações interpessoais, confortáveis ou não, saudáveis ou não. 

 O corpo fala, expressa verdades e realidades, possibilitando o entendimento entre as pessoas, sem que haja verbalização. É preciso estar atento aos sinais e aos signos, a essa forma de comunicar as emoções e sentimentos por meio do corpo, da linguagem não verbal, em favor do bem viver, respeitando as diferenças individuais, ressaltando as semelhanças e potenciais na coletividade e solidariedade. 

A questão principal neste texto, é chamar atenção para a importância de perceber o outro como uma pessoa singular e subjetiva e valorar as potencialidades da linguagem corporal – não verbal no processo de comunicação no ambiente de trabalho em favor do cuidado com o bem estar das meninas e mulheres.

Para o nosso ambiente acadêmico, destaca-se a importância do exercício de alteridade, no processo de comunicação, em ambiente de estudo, ensino, pesquisa e extensão. Convidamos a todos os leitores a refletirem sobre uma questão: Como o olhar sensível aos corpos das mulheres e meninas, às falas advindas da leitura da linguagem corporal – não verbal podem contribuir para o desenvolvimento das relações interpessoais positivas e saudáveis, no ambiente de trabalho? 

Estejamos atentos aos gestos e às expressões corporais, à linguagem silenciosa da comunicação não verbal; pois o corpo fala, reflete os sentimentos e as reais condições das relações sociais e afetivas. Que os espaços sejam respeitados, não invadidos, a não ser que haja consentimento. Que seja percebida e respeitada toda manifestação cultural, social e histórica, no jeito de vestir, falar, andar, sentar, estar e viver…Que a mulher possa ser mulher!

Referências

WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal. 56 ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

YAMANAKA, Juliana Harumi ChinattiDo “corpo falado” à “fala corporificada”: a compreensão das convergências de estruturas de poder para repensar a Linguística Aplicada. Revista Brasileira de Linguística Aplicada [online]. 2019, v. 19, n. 4 [Acessado 21 Março 2022] , pp. 825-848. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1984-6398201914798>. Epub 22 Jul 2019. ISSN 1984-6398. https://doi.org/10.1590/1984-6398201914798.

 

 

* Valéria Nascimento Lebeis Pires é professora do Departamento de Educação Física e Desportos da UFRRJ (DEFD/IE).

 

*ADUR ONLINE é um espaço aberto aos docentes e pesquisadores da UFRRJ e de outras Universidades também. As opiniões expressas no texto não necessariamente representam a opinião da Diretoria da ADUR-RJ.


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