Carta Aberta da Diretoria da ADUR-RJ para reunião do CEPE do dia 13 de maio de 2020
Diante da pandemia que assola o país e o mundo, e considerando o alarmante número de mortos e curva de contaminação ascendente, bem como a consequente piora nas expectativas de prazo para o restabelecimento da normalidade sanitária – apontado pelo Reitor entre um ano e meio e dois anos de duração, a Diretoria da ADUR compreende a necessidade de se pautar o debate sobre os processos de ensino remoto em caráter emergencial,. Reconhecemos a responsável decisão da administração central da UFRRJ de suspender o calendário acadêmico em março – que não foi tomada de antemão por todas as IES, conforme informações de reunião do ANDES Sindicato Nacional. Reconhecemos também a iniciativa de produzir o debate sobre tema tão sensível e complexo quanto a ensino remoto, mantendo o compromisso de não expor a comunidade e acadêmica a sociedade mais ampla ao risco de contaminação e morte, ainda que consideremos que a realização do debate não significa necessariamente que esta perspectiva será passível de aplicação prática.
A Diretoria da ADUR considera que qualquer debate sobre o tema precisa se pautar sobre algumas diretrizes fundamentais, buscando garantir:1) a qualidade do ensino praticado pela Instituição, que constitui a essência de nosso fazer acadêmico; 2) a natureza democrática do processo, a partir de uma ampla discussão com todos os segmentos da comunidade universitária; e 3) o caráter não socialmente excludente da ação, assegurando a todos os discentes e docentes as condições de infraestrutura para acompanhamento das atividades.
Deste modo, o primeiro encaminhamento proposto pela entidade é que esta reunião enquadre meramente o início de um debate mais amplo com toda a comunidade universitária, elaborando um planejamento para a construção do mesmo de forma democrática e responsável, tanto política quanto pedagogicamente e, portanto, sem qualquer caráter deliberativo neste momento. Entendemos que a estratégia envolve enormes complexidades e desafios, e de antemão, o necessário reconhecimento explícito de que “ensino remoto emergencial” não é equivalente à modalidade EAD e tampouco significa compromisso com a implantação definitiva dessa modalidade na UFRRJ. Em segundo lugar, o reconhecimento da dimensão de que qualquer processo de ensino remoto não pode ser jamais reduzido à mera reprodução das abordagens tradicionais através de meios digitais. Reiteramos que neste momento é importante que as urgências, bem como quaisquer pressões governamentais, não despontem atitudes pragmáticas e sustentadas num discurso apolítico de meras “facilidades técnicas ou tecnológicas”. Este postura pragmática pode comprometer o compromisso com a qualidade de nosso trabalho acadêmico e com o ensino público gratuito e universalmente ofertado.
As dificuldades de infraestrutura são de conhecimento geral e precisam ser consideradas: tanto alunos quanto professores não têm necessariamente acesso a equipamentos ou rede de conexão de qualidade; a estrutura das plataformas de encontros virtuais são inadequadas e/ou ineficientes, sendo inúmeras as reclamações dos docentes sobre a queda de conexão, tanto na plataforma RPN, quanto nas outras disponíveis no mercado; a oferta de serviços digitais no país não é de boa qualidade, tem alto custo e estão sobrecarregadas pelas condições de vida em tempos de pandemia. Além disso, inúmeros de nós estão comprometidos com o trabalho não-remunerado, diante dos necessários protocolos de segurança e atividades de cuidados (com sobrecarga clara à população feminina) e vivendo um contexto de tensão, diante do confinamento e do convívio familiar forçado, em muitos casos. Todos experimentamos um momento bastante delicado de equilíbrio emocional, dado o aumento de demandas diante das alterações em nossos processos de trabalho com a normatização do Trabalho Remoto, dos novos procedimentos a serem adotados online, assim como as questões decorrentes dos riscos à saúde ou mesmo adoecimento de inúmeros de nós – uma vez que são conhecidos os casos de colegas, amigos e familiares contaminados pelo coronavírus. Apontamos portanto, que existem inúmeras dificuldades tanto materiais, quanto emocionais e organizacionais, além das oriundas da relação entre trabalho remunerado e não remunerado, impactando em nossas condições laborais e de vida. Neste contexto, a Diretoria da ADUR propõe os seguintes encaminhamentos:
1. Que nenhuma decisão seja tomada de forma precipitada ou impositiva; que o debate seja pautado por critérios democráticos, valorizando as instâncias internas da UFRRJ, não somente as Câmaras de Graduação e de Pós-Graduação, mas incluindo os Colegiados de Curso, Fórum de Coordenações de Cursos, Chefias de Departamento e outros fóruns representativos.;
2. Que não sejam priorizadas respostas, posturas ou pactuações individuais e não coletivas aos problemas – seja nos programas de pós-graduação, individualmente, nos cursos de graduação ou departamentos – ou seja, que priorizemos a regulação pública e não privada dos conflitos;
3. Que seja criado um Grupo de Trabalho com os três segmentos acadêmicos (envolvendo as entidades representativas) para a construção de subsídios para um debate de qualidade sobre o ensino remoto;
4. Que se proponha um cronograma de debates e ações, respeitando o tempo necessário para um amadurecimento apropriado à complexidade do debate;
5. Que estas ações envolvam a análise da relação com o CTUR e a Educação Básica, que vêm enfrentando inúmeros problemas políticos e pedagógicos diante da educação online;
6. Que seja realizado um amplo levantamento na comunidade sobre as condições de conexão, infraestrutura computacional e também de trabalho doméstico não-remunerado (composição da unidade domiciliar e familiar, cuidado com crianças, idosos e outros grupos de risco);
7. Que seja considerada a importância fundamental da oferta aos docentes de espaços de formação e atualização profissional, relacionados a essa nova estratégia de ensino em discussão, caso se amadureça a decisão pela de adoção de cursos não presenciais;
8. Que a Reitoria da UFRRJ garanta recursos para o estabelecimento de condições materiais necessárias a essa empreitada, caso a UFRRJ conclua que a implementação dos cursos remotos é academicamente viável.
Finalmente, a Diretoria da ADUR-RJ ressalta a importância de que uma decisão como a de adoção de estratégias de ensino remoto em caráter emergencial, agravadas pela longevidade prevista de duração da crise sanitária decorrente da pandemia, seja tomada de forma completamente amadurecida, afastando improvisações absolutamente deletérias e o consequente comprometimento da qualidade acadêmica e do compromisso social de nossa Instituição e da Educação Pública, Gratuita e de Qualidade.
Seropédica, 13 de maio de 2020.
Diretoria da ADUR-RJ
Resistência e Luta na Pluralidade
(Biênio 2019-2021)
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