A Assines – sindicato que representa os servidores técnico-administrativos e docentes do instituto, disse que a medida “fere os princípios democráticos que vinham norteando” o instituto. “Continuaremos na luta contra o autoritarismo”, afirma, em nota divulgada na quarta-feira (16), data em que a nomeação do professor Paulo André Martins de Bulhões, que integrava a Chapa 4, foi publicada no Diário Oficial.
A Chapa 1, vencedora com a professora Solange Rocha, disse ter recebido com surpresa a nomeação e acreditar que o docente escolhido pelo ministro terá a postura moral de recusar o cargo e respeitar a decisão da maioria da comunidade escolar do Ines. “Em detrimento da triste nomeação, que contraria o desejo da comunidade do Ines, reconhecemos o lugar da Ética como norteador para qualquer ação democrática e, por isso, acreditamos que o servidor ora nomeado reforçará e honrará a sua posição moral, assumida publicamente e firmada em documento arquivado pela Associação dos Servidores do INES, no período de campanha, e declinará da nomeação que, certamente, ocorrera à sua revelia.”, diz trecho de nota divulgada pela Chapa 1.
A eleição para direção do Ines envolveu técnicos, docentes e estudantes. Quatro chapas disputaram o pleito, sendo que três delas assinaram compromisso de respeitar o resultado e não aceitar eventuais nomeações que não sejam a do vencedor. Paulo Bulhões está entre os que assinaram o compromisso, articulado pelo sindicato dos servidores.
Sobre isso, diz nota da Assines: “Sempre fomos publicamente contra a existência da Lista Tríplice por se tratar de um mecanismo autoritário criado no período da Ditadura Civil Militar, que se iniciou em 1964, e que limita a fundamental autonomia das instituições federais de ensino. Por conta disso, durante o processo eleitoral, a Assines apresentou a todos os candidatos à direção do Instituto uma carta redigida coletivamente em assembleia dos servidores, em que constava o compromisso de cada candidato a não assumir a Direção Geral do Ines caso não fosse o primeiro colocado nas eleições. As chapas 1, 2 e 4 assumiram publicamente esse compromisso.”.
São conhecidas as posições do atual governo contrárias à eleição democrática de reitores e direções para universidades, institutos e colégios públicos federais. Daí a preocupação do sindicato dos servidores do Ines em buscar o compromisso das chapas que disputavam o pleito com o resultado e com a defesa de que o eleito seja nomeado para o cargo.
Eleita
A professora Solange Rocha dirigiu o Instituto Nacional de Educação de Surdos de 2010 a 2014, quando foi eleita diretora-geral da instituição. Graduada em História pela UFF e em Pedagogia pela pela Uerj, é mestre em Educação Especial pela Uerj e doutora em Educação pela PUC-RJ. Está no Ines como professora há 34 anos, onde ingressou em 1984 por concurso público. Pouco antes, em 1982, como aluna, fez o Curso de Especialização para Deficientes da Audição.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho