1º de Maio: o que se tem a comemorar?
Adur Online
Análises em debate – 01/05/2020.
Por Lúcia Ap. Valadares Sartório
O que nós trabalhadores temos a comemorar neste Primeiro de Maio, juntos ao palanque com representantes de centrais sindicais e representantes políticos de diferentes segmentos das extrações burguesas?
É bom lembrar que a comemoração desta data surge como símbolo da repressão do patronato aos trabalhadores em momentos de luta por melhoria das condições de existência, redução da jornada de trabalho, que em alguns casos chegava a 16 horas diárias, bem como demarcação de um salário capaz de assegurar sua sobrevivência em fins do século XIX. Todavia, transcorrido um pouco mais de um século, o patronato se mobiliza para novo golpe certeiro: o de retirada de direitos, empurrando o trabalhador para condições econômicas e sociais degradantes, levando-o a um profundo grau de espoliação inimaginável no tempo de glória anunciado com o advento do século XXI.
Os mecanismos permanentes de espoliação diretos e ocultos sobre os trabalho produtivo material, incluindo o fomento do trabalho escravo na periferia do sistema capitalista, começa a atingir em alto em bom som o trabalho produtivo imaterial: o médico, o cientista, o artista, o comerciário, o bancário, o professor, o servidor público de modo geral, procurando extrair dessas categorias o máximo de cortes e benefícios. Tais medidas governamentais aplicadas nas reformas trabalhistas e da previdência, e agora com a anunciada reforma administrativa e emenda constitucionais, como a EC 95/2016, visam engordar fundos públicos para pagamento de dívidas externa e interna, nutrir transferência de riqueza social ao patronato – banqueiros, empresariado nacional e estrangeiro etc. –, bem como prover socorro emergencial a essa classe sempre quando for conveniente.
Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, aquele ser fundamental a geração de riquezas, gerador de mais-valia contida em cada canto da robótica e sistemas comunicacional e da informatização, temos muito que lamentar e brigar, sim! Lutar por cada centavo tirado do nosso pão de cada dia para manter viva a lógica absurda da acumulação e da competitividade entre burgueses orgulhosos de fazer parte da lista dos homens mais ricos do mundo.
De outro lado, temos muito o que comemorar, como geradores de riqueza no decorrer da história da humanidade, pois a realidade objetivíssima, sem interpretações relativistas, confirma o que o grande filósofo do século XIX já havia revelado: o fetichismo da mercadoria é o trabalho. Toda riqueza existente é mais-valor, é excedente expropriado do suor do trabalhador, na medida em que lhe restitui apenas o necessário para assegurar a sua sobrevivência como ser útil à geração de riqueza.
Ocorre que o patronato insaciável resolveu retomar formas vorazes de expropriação, primeiro com a propagação de ideias relativistas e neoliberais no final do século XX, agora com ataques direto por meio de reformas extremamente agressivas sobre o trabalhador, pelo fomento da repressão e controle social permanentes, pela detenção do controle sobre o ensino, buscando destituí-lo de conteúdo humano, técnico e científico.
Não por acaso, o patronato em defesa da sua permanente acumulação e ampliação do capital, ataca a ciência, a arte e o ensino. Ataca porque é desprovido de conteúdo humano. Ataca por que é vazio, horrendo, monstruoso e leva a humanidade e a natureza à destruição.
Glória ao trabalho expressado na Arte, na Ciência, no Ensino, na Arquitetura, na Partitura Musical, no Romance, no Poema, no Canto, na Técnica e na Tecnologia, nas mercadorias valor-de-uso à reprodução da existência! Glória à Amizade, ao Amor, ao Beijo, ao Abraço! Glória à Vida que pulsa! Glória ao Trabalhador que um dia restituirá a Liberdade!
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