Reunião aprova indicativo para
início da greve nacional dos professores federais |
O Setor das
Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) do ANDES-SN definiu,
em reunião realizada neste final de semana (25 e 26), na sede do
Sindicato Nacional, em Brasília (DF), a rodada de assembleias
gerais, nas seções sindicais, pautando indicativo de greve dos
docentes federais, com início da paralisação no período de 25 a 29
de maio. A reunião contou com a participação de 37 seções sindicais
do ANDES-SN.
Segundo Paulo
Rizzo, presidente do ANDES-SN, a mobilização nas seções sindicais
nas próximas semanas será fundamental para definir as próximas ações
da categoria. “O Setor aprovou o indicativo de período para inicio
da greve, mas ainda dependerá da rodada de assembleias nas seções
sindicais para definir se deflagraremos a greve e em que dia isso
deve ocorrer”, explica.
O presidente do
ANDES-SN ressalta que, em abril do ano passado, o governo
interrompeu as negociações com o ANDES-SN, quando foi registrado um
avanço nas tratativas sobre a carreira docente. “Desde então, não
conseguimos mais no reunir para dialogar sobre a questão, apesar das
inúmeras tentativas do Sindicato, e o MEC [Ministério da Educação]
também não responde às nossas solicitações de audiência para tratar
da pauta de reivindicações de 2015, a qual já protocolamos”, conta.
Durante na
reunião do Setor das Ifes, os representantes das seções sindicais
relataram a profunda precarização das condições de trabalho e ensino
nas Instituições Federais, com problemas de infraestrutura, falta de
docentes e técnicos para atender a demanda decorrente da expansão
desordenada, o atraso de pagamento dos trabalhadores terceirizados,
suspensão de contratos de manutenção e de fornecimento de insumos,
atraso de pagamento das contas de água e luz, o corte de bolsa para
estudantes (de pesquisa, de ensino e de extensão), corte de verbas
de fomento e de diárias e passagens para participação em eventos
científicos, dentre outras evidências da precarização. A situação
vivenciada pela comunidade acadêmica nas IFE se agravou, em 2015,
com os cortes impostos às verbas destinadas aos serviços públicos,
que no setor educacional representou R$ 7 bilhões.
“Diante dessa
realidade e com base nas deliberações das assembleias gerais já
realizadas em abril, o Setor das Ifes avaliou a necessidade de
ampliar a nossa luta em torno da pauta de reivindicações que
aprovamos no 34º Congresso do ANDES-SN, realizado no final de
fevereiro em Brasília, já protocolada junto ao MEC [Ministério da
Educação], e para a qual ainda não tivemos nenhuma resposta”,
reforça Paulo Rizzo. Os principais pontos da pauta dos professores
federais são a defesa do caráter público de educação e a garantia da
função social das IFE em prol da classe trabalhadora; reestruturação
da carreira para o magistério federal, condições de trabalho,
garantia de autonomia, valorização salarial para ativos e
aposentados, e a luta contra a reforma da previdência – com a
revogação das medidas provisórias 664 e 665.
Rizzo lembra a
luta histórica dos professores em defesa da educação pública e pela
reestruturação da carreira, e ainda em defesa do serviço público e
contra a retirada de direitos dos trabalhadores. Nesse sentido, ele
ressalta a mobilização que o ANDES-SN vem construindo em conjunto
com os demais servidores públicos federais (SPF), organizada pelo
Fórum das Entidades Nacionais dos SPF, que já resultou na vitoriosa
jornada de lutas realizada em abril, que conseguiu antecipar as
negociações com o governo federal em torno da pauta unificada dos
servidores federais.
“Como resultado
da reunião do Setor foi construído também um calendário de lutas dos
docentes, articuladas a Campanha Salarial dos Servidores Públicos
Federais (SPF), na perspectiva da construção de uma greve
unificada”, aponta o presidente do Sindicato Nacional. Confira ao
final da matéria.
Paulo Rizzo
destaca ainda que na reunião realizada entre o Fórum dos SPF e o
Ministério do Planejamento, o secretário de Relações do Trabalho
Sérgio Mendonça sinalizou que até o final de maio o governo irá
fechar o pacote de pré contingenciamento financeiro, com novos
ajustes fiscais. “Isso impõe ainda mais urgência da mobilização,
pois não podemos esperar que venham ainda mais cortes”, disse.
Entre os
encaminhamentos da reunião do Setor das Ifes, está a realização de
um Dia Nacional Paralisação dos docentes nas IFE, integrando o dia
de luta chamado pelo Fórum dos SPF, mas com destaque para as pautas
específicas em defesa da carreira docente, dos direitos de
aposentadoria e contra os cortes de verbas na educação. “Diante da
conjuntura, temos a necessidade de fazer do dia 14 uma grande
demonstração de força da categoria, sem o que não conseguiremos
avançar nem na pauta específica dos docentes nem na unificada com os
demais servidores federais”, conclama o presidente do ANDES-SN.
Nos dias 15 e 16
de maio, ocorre nova reunião do Setor das Ifes, em Brasília, para
avaliar a conjuntura e o resultado da rodada de assembleias sobre o
indicativo de greve. Leia aqui o relatório da reunião.
Retrospectiva
A reunião do
Setor das Ifes também fez um balanço das negociações com o governo
federal, que desde o mês de abril de 2014 interrompeu as tratativas,
apesar do representante do Ministério da Educação (MEC), na época,
Paulo Speller, ter assinado um documento de concordância com os
pontos iniciais para a reestruturação da carreira dos docentes.
Em 2015, foi
protocolada no MEC a pauta de reinvindicações do ANDES-SN, resultado
do 34° Congresso da entidade. Em 10 de março, o Sindicato Nacional
participou de uma reunião no MEC, na qual, o então ministro da
Educação, Cid Gomes, não compareceu. O secretário executivo do
ministério, Luiz Cláudio Costa, apenas justificou a ausência do
ministro, sem dar qualquer resposta à pauta.
“Mesmo diante das
reiteradas solicitações de negociação junto ao MEC, completamos um
ano da última reunião realizada para tratar das nossas
reivindicações. O ANDES-SN tem pressionado o governo pela
continuidade da negociação, com processo crescente de mobilização,
expresso no desenvolvimento das atividades nas seções sindicais e na
participação nas reuniões do setor, o que evidencia a insatisfação
da categoria com os ataques do governo e a disposição de luta”,
destaca Rizzo.
FONTE: ANDES-SN