NOSSA DOR NÃO CABE EM 90 LINHAS

 

Após o ato realizado no semestre passado no p1, organizado pelo Comitê de Autodefesa das Mulheres, a Administração Central nos forneceu um espaço no Rural Semanal para falarmos sobre a violência contra a mulher. Porém, após sugerirmos que fossem publicados depoimentos das vítimas, a Reitoria mudou de ideia, alegando problemas técnicos. Segue abaixo o texto que enviamos a Assessoria de Comunicação da Rural para ser publicado no Rural Semanal, mostrando toda nossa indignação com mais uma tentativa de nos calarem!

     
 

 

"NOSSA DOR NÃO CABE EM 90 LINHAS
 

Esse espaço originalmente estava destinado a depoimentos das vítimas de violência da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, como foi anunciado na coluna opinião deste jornal. Porém, a Administração Central declarou que os relatos eram grandes demais para caber no espaço destinado a eles, de 90 linhas.

O Comitê de Autodefesa das Mulheres - UFRRJ (CADM) é um coletivo de luta contra todos os tipos de opressão (machismo, racismo, homofobia, assédio moral, transfobia, lesbofobia, etc) e é composto por todas as categorias dessa universidade (docentes, discentes, técnico-administrativos e terceirizados).

O maior comprometimento do CADM é em combater qualquer tipo de opressão em relação à comunidade acadêmica da UFRRJ e seu entorno. Portanto, foi decidido não editar nenhum dos relatos feitos pelas vítimas, como solicitado pela Reitoria atráves da coordenação do Rural Semanal. O CADM repudia qualquer tipo de censura e acredita que todas as vítimas tenham o direito à voz, e que silenciá-las é apenas mais um modo de violência contra elas.

A UFRRJ é parte integrante de uma sociedade machista, racista e homofóbica, portanto convivemos cotidianamente com manifestações reais de opressão. Entender isto não nos torna piores, mas nos faz perceber que o combate é diário, e nosso papel é fundamental na luta contra a violência. Reproduzir o tratamento ofensivo, humilhante e violento, que é dado às vítimas nessa universidade, nos faz iguais aos que matam milhares de oprimidos em nosso país.

O perigo não é a denúncia, mas sim a omissão por parte daqueles que deveriam promover um ambiente seguro e respeitável a todxs dos diferentes segmentos existentes na Universidade. Essa omissão só reforça o fato de que na Rural os agressores são protegidos. Na maior parte das vezes nada é feito, as vítimas são culpabilizadas e obrigadas a conviver com seus violentadores diariamente.

O CADM está em comum acordo com a Campanha “Violência não nos representa”, proposta pela Reitoria, todavia ela não deve ficar só no papel. Combater a violência é garantir que a universidade seja um local de diversidade, de crítica e aprendizado coletivo. É necessário entender também que a Rural vai além de seus muros, ela também faz parte da comunidade seropedicense, portanto deve se responsabilizar pelos atos de discriminação ocorridos fora do espaço dito acadêmico.

Por respeito ao compromisso do Comitê com as vítimas de violência da Rural, os depoimentos serão publicados na íntegra em um material impresso produzido pelo CADM no mês de abril. Entretanto, essas denúncias já estão disponíveis em nosso blog: cadmufrrj.wordpress.com

 

Você, vítima de qualquer tipo de violência,

NÃO SE CALE!

NÃO SE SUBMETA!

DENUNCIE!

 

Por uma Rural sem machismo, racismo, homofobia, assédio moral!

Essa luta é de toda a classe trabalhadora!

O CADM é um espaço de organização e luta pela base. Participe! Só a luta muda a vida!

Que a universidade se pinte de povo!

MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS!

Comitê de Autodefesa das Mulheres da UFRRJ

Apoio ADUR e SINTUR

 

e-mail: cadmrural@gmail.com
facebook: https://www.facebook.com/ComitedeAutodefesadasMulheres?fref=ts

blog: cadmufrrj.wordpress.com
Comitê de Autodefesa das Mulheres - UFRRJ"

 

 

 

 

 

 


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