Reunião da Coordenação da
CSP-Conlutas avalia e prepara ações para o 2º semestre |
A partir da
reflexão acerca dos acontecimentos do primeiro semestre deste ano, a
reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, realizada em São
Paulo no último final de semana (29 e 31 de agosto), fez um balanço
das ações realizadas no período e discutiu a organização das lutas
até o final de 2014.
Ao longo dos três
dias, representantes de diversas entidades filiadas à Central
Sindical e Popular participaram de debates e ressaltaram algumas das
principais lutas empreendidas no primeiro semestre. Também aprovaram
resoluções e relatórios apresentados pelos grupos de setoriais dos
servidores públicos federais, educação, saúde do trabalhador, campo,
negros e negras, mulheres e LGBT e moções que expressam apoio às
diferentes lutas da classe trabalhadora e juventude. A programação
contou ainda com a presença dos candidatos de esquerda à Presidência
da República, que participaram de um debate no sábado.
No primeiro dia
(29), os participantes avaliaram em suas intervenções que houve
forte mobilização em 2014, não comparável a junho de 2013, mas
expressiva e tão importante quanto, por ter sido alavancada pelos
movimentos mais organizados da classe trabalhadora. O membro da
Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Paulo Barela,
relembrou que a Central teve como tarefa assumir o enfrentamento ao
governo federal, sobretudo durante a realização da Copa do Mundo.
Também citou a presença constante da CSP-Conlutas em lutas de peso
no país, como a greve dos garis do Rio de Janeiro, dos rodoviários
de Porto Alegre, dos trabalhadores do Comperj, e em outras ações do
movimento popular.
“Estivemos
mobilizados e apoiando trabalhadores contra as burocracias e
direções dos sindicatos, e também na luta urbana, em defesa por
moradia, por meio do Luta Popular, mantendo a Ocupação William Rosa
de Minas Gerais, a Esperança de Osasco, fortalecendo os assalariados
rurais. Continuamos vivendo uma situação política em avanço, que
segue dentro de um processo de disposição da classe contra a
burguesia e pela defesa de suas reivindicações”, disse Barela. Na
ocasião, também foram citadas outras importantes greves, como a dos
técnico-administrativos, do Judiciário federal, de servidores
municipais e estaduais, trabalhadores e educação.
A criminalização
dos trabalhadores e movimentos sociais, a exemplo da greve histórica
dos metroviários de São Paulo, com a demissão de 42 trabalhadores,
dos quais 10 foram readmitidos recentemente, e da violência do
Estado contra os movimentos, com perseguições, ataques e prisões de
militantes, como no caso do Bloco de Lutas, em Porto Alegre; a crise
econômica mundial; o genocídio na Palestina, que tem sofrido com os
ataques do Estado Sionista de Israel; e a luta LGBT estão entre os
temas destacados no primeiro dia de reunião.
Debates
Nesta manhã de
sábado (30), segundo dia da reunião, os três candidatos de esquerda
à Presidência da República – Zé Maria (PSTU), Jorge Paz (vice na
chapa do PSOL, representando Luciana Genro) e Mauro Iasi (PCB) –
debateram os principais pontos que compõem seus programas políticos.
O debate contou com a presença de 154 participantes, de 62
entidades, com 18 estados representados no plenário.
Entre os temas
discutidos, tiveram destaques a qualidade e o direito aos serviços
públicos, como transporte, saúde, educação e moradia, a necessidade
de construir a reforma agrária, a garantia dos empregos e a
criminalização dos movimentos sociais da classe trabalhadora. Os
candidatos abordaram ainda a dívida pública, reforma tributária,
mudanças no sistema político, econômico e social do país, as
manifestações ocorridas em 2013, a desmilitarização da polícia,
genocídio do povo negro, além de outras questões abordadas.
Na ocasião,
Marcela Azevedo, da Secretaria Executiva Nacional do Movimento
Mulheres em Luta (MML), entregou um documento com as demandas do
movimento deliberadas durante o último Seminário Nacional do MML,
realizado em São Paulo em agosto deste ano. Os candidatos
expressaram concordância com as exigências e planejamento de luta, e
se colocaram à disposição de adicionar a pauta a seus programas
políticos.
Resoluções,
políticas setoriais e moções
A manhã de
domingo (31) foi dedicada à aprovação das resoluções, relatórios
apresentados pelos grupos e moções. Foram apresentados os relatórios
dos setoriais dos servidores públicos federais, educação, saúde do
trabalhador, campo, negros e negras, mulheres e LGBT.
A resolução
política “Conjuntura e atividades” fez balanço da atuação da Central
no primeiro semestre e acusou a criminalização das lutas, movimentos
sociais e população das periferias, apontando também o aumento da
instabilidade econômica em países da América Latina, que no Brasil
tem se expressado principalmente no setor automotivo com anúncio de
demissões, férias coletivas e suspensão temporária de contrato de
trabalho, chamado de lay off, o que implica na luta de resistência
nas bases das categorias afetadas.
Como política
para o segundo semestre, ainda na resolução de conjuntura, está a
proposta de unificação das campanhas salariais que começam a
ocorrer; o apoio às lutas do movimento popular e as demais
mobilizações; manter resistência contra as tentativas de
flexibilização das leis trabalhistas; construção de um plano de
lutas que inclui a participação nas atividades dos Gritos dos
Excluídos, em 7 de setembro, e a realização de um dia nacional de
lutas contra a criminalização das lutas, movimentos sociais e
população das periferias; além da solidariedade ao povo palestino.
A partir do
debate com os presidenciáveis, foi aprovada uma resolução eleitoral
com a rejeição da CSP-Conlutas às três candidaturas que detêm maior
intenção de voto neste momento – Dilma Rousseff, Marina Silva e
Aécio Neves. Assim, a Central destaca os programas alternativos de
esquerda que defendem, entre outros aspectos, a suspensão imediata
do pagamento das dívidas externa e interna; fim do fator
previdenciário; defesa do emprego, fim das demissões imotivadas,
contra flexibilização trabalhista e a terceirização; respeito aos
direitos dos trabalhadores assalariados do campo e agricultores; 10%
do PIB para a educação pública, já.
Também foi
aprovada resolução em apoio à greve das universidades estaduais
paulistas conclamando o fim das punições, contra a privatização,
pelo atendimento da pauta unificada e outras reivindicações dos
profissionais em luta, e a convocação do II Congresso Nacional da
CSP-Conlutas para os dias 4 a 7 de junho de 2015, em Sumaré, São
Paulo, com delegação de preparação à Secretaria Executiva Nacional.
Plebiscito
No primeiro dia
da reunião, Barela citou a armadilha do plebiscito propagado pelos
setores governistas neste período eleitoral, e salienta que é
necessário “regimentar forças, buscar unidade, fazer exigências e
enfrentar a contradição dos setores burocráticos”. Neste sentido,
considera como um caminho sólido “a construção de lutas com os
movimentos populares e sindicatos no sentido contrário do
plebiscito”.
No domingo (31),
a Coordenação Nacional da CSP-Conlutas aprovou resolução específica
sobre o plebiscito popular por uma Constituinte que faça uma reforma
política que está sendo realizado esta semana, entre os dias 1º e 7
de setembro. A Central não apoiará o plebiscito por entender que,
diante das regras eleitorais antidemocráticas atuais, não se pode
dar carta branca aos parlamentares para reformar o sistema político
neste momento. De acordo com o documento aprovado, “o mais provável
numa Constituinte, na correlação de força atual do Congresso
Nacional, é que se imponha um retrocesso ainda maior às poucas
conquistas democráticas que ainda temos”.
Homenagens
Na manhã do dia
(29), os participantes prestaram homenagem aos militantes Joel
Soares e Tiago Batista, destaques em relação ao trabalho
desempenhado nos movimentos, recentemente falecidos.
* Com edição do
ANDES-SN, 2/9/14.
Fonte:
CSP-Conlutas