Representantes da ADUR-RJ e do
SINTUR-RJ reafirmam solidariedade aos trabalhadores
terceirizados da UFRRJ |
Na manhã do dia 20 de agosto, a professora Graciela Garcia,
representando a ADUR-RJ; Leonir Tunala, pela coordenação do
SINTUR-RJ; e Ivanilda Reis, como representante da Coordenação
Nacional da Fasubra e do Movimento Mulheres em Luta da CSP-Conlutas,
estiveram no Auditório Cine Gustavo Dutra/Gustavão para saudar
trabalhadores e trabalhadoras que aguardavam para entregar currículo
ao gestor de contratos da instituição, Denis dos Reis Carvalho, na
expectativa de admissão pela Execução Construção e Terceirização
Eireli, nova empresa de limpeza da UFRRJ (contrato nº55/2014),
que substituirá a Digna. Os trabalhadores também foram
saudados por Alexandre Pais, um dos garis da Comlurb, participantes
da última e histórica greve da categoria, realizada em março deste
ano.
Há tempos, a ADUR-RJ e o SINTUR-RJ somaram forças para denunciar e
combater a precarização das condições de trabalho dos terceirizados
na UFRRJ, participando, inclusive, de um Comitê de Mobilização que
discute o tema na instituição e conta também com o envolvimento de
toda a categoria dos estudantes. O Comitê tem denunciando as
difíceis condições a que estavam submetidos os funcionários
terceirizados, salientando que os contratos são intencionalmente mal
redigidos, de forma a flexibilizar e negar os direitos trabalhistas,
visando favorecer a exploração da mão-de-obra e o lucro dos patrões.
Importante mencionar que, recentemente, no mês de julho, os
funcionários da Digna paralisaram suas atividades, por alguns
dias, no Instituto Multidisciplinar, por falta de pagamento.
De acordo com Ivanilda Reis, o Sindicato que deveria representar os
terceirizados é patronal e não está a serviço da luta dos
trabalhadores. Por isso, o Comitê de Mobilização da UFRRJ está
atento à situação desses funcionários e se coloca ao lado desses
homens e mulheres na luta por melhores condições de trabalho. “Hoje,
damos um passo importante, porque é a primeira vez que conseguimos
fazer uma fala antes de algumas pessoas assumirem suas tarefas na
Universidade, como contratados de uma nova firma. Sabemos que essas
empresas vão e voltam o tempo todo e que os problemas dos
trabalhadores só se agravam. Sorte para quem pleiteia a entrada;
força e coragem para quem está na luta”, disse Ivanilda, salientando
a importância da união da categoria.
Representando o SINTUR-RJ, Leonir Tunala relatou, rapidamente, a
crise que levou à demissão de quatro funcionários da empresa
Digna, ano passado, na UFRRJ. Também criticou o Sindicato que
representa os
empregados das empresas de conservação e asseio do município do Rio
de Janeiro, pois, ele não tem atuado em prol dos funcionários
terceirizados das firmas que prestam serviços de limpeza.
Disse que a Coordenação defenderá, no Congresso da Fasubra do
próximo ano, que seja acrescentado em seu estatuto que todo o
servidor terceirizado possa ser filiado ao Sindicato dos
Trabalhadores em Educação, já que, por decisão congressual, a
Federação se posiciona pela defesa incondicional dos terceirizados,
apesar de contrária à terceirização.
Também saudando os ouvintes, Alexandre Pais reforçou a necessidade
de união da categoria, citando a greve dos garis, quando, durante o
Carnaval, paralisaram suas atividades e, unidos, obtiveram 37% de
reajuste salarial e direito a R$600 de vale-alimentação. Afirmou que
os trabalhadores devem reivindicar insalubridade e que, assim como
fizeram os garis da Comlurb, precisam permanecer juntos para
reverter as perdas salariais e garantir o cumprimento de seus
direitos. “Sabemos quais são as dificuldades aqui, porque passamos
por isso na Comlurb. Não somos melhores ou piores, somos todos
trabalhadores”, disse.
Pela ADUR-RJ, a professora Graciela Garcia fez questão de destacar
que docentes e técnico-administrativos, assim como os terceirizados
que atuam na instituição, devem ser reconhecidos como trabalhadores
da educação. Enfatizou que a situação daqueles que estão à mercê de
contratos de trabalhos com empresas prestadoras de serviços à
Universidade são os que mais sofrem com a falta de garantias em
relação ao cumprimento de seus direitos trabalhistas. “Isso não é um
fenômeno só da UFRRJ. Acontece no Brasil e no mundo inteiro. Faz
parte de uma política de transferência de dinheiro público para a
iniciativa privada, ampliando o lucro do patrão. Sou professora em
Nova Iguaçu e pude acompanhar uma série de denúncias de funcionários
da Digna que não tinham ‘Equipamentos de Proteção Individual’
– EPI. A Digna nunca forneceu botas para as pessoas que
manipulavam água sanitária e produtos químicos muito mais fortes.
Uma funcionária de Seropédica lavava banheiros com chinelos porque
nunca recebeu calçado apropriado. Quando contraiu uma infecção no
dedo, não pode sequer se afastar, com licença médica, porque sabia
que estaria sob risco de perder o emprego. Vimos também calças
cerzidas pelos próprios funcionários, pois eles já recebiam
uniformes usados e gastos! Quando uma empresa ganha a licitação,
está se comprometendo a fornecer para todos os EPI que vão evitar
que os trabalhadores estejam expostos as doenças laborais. Sabemos
qual é o cotidiano do terceirizado e conhecemos o histórico de não
cumprimento dos direitos trabalhistas da Digna. Trabalhadores
têm direitos!”, disse a docente, reiterando que os membros do Comitê
de Mobilização estarão atentos e à disposição para, pelo Sindicato,
dar assistência jurídica gratuita e orientação a quem precisar.
“Lutamos por uma Universidade Popular, onde vocês e seus filhos
sejam estudantes. Lugar de trabalhador é na Universidade! E o
trabalhador braçal não tem que estar aqui só para limpar chão, mas
para fazer graduação e pós-graduação. A instituição é pública e é
mantida com o nosso dinheiro”, completou Graciela.
A Diretoria da ADUR-RJ tem reivindicado a Administração Central
maior transparência no processo licitatório e nos mecanismos de
fiscalização dos contratos, propondo a criação de uma comissão dos
terceirizados. Lembra ainda que, em fevereiro deste ano, durante o
33º Congresso do ANDES-SN (Maranhão), apresentou resolução, aprovada
por ampla maioria, para que as seções sindicais organizem ações de
solidariedade com os terceirizados, em unidade com os sindicatos dos
técnico-administrativos.
Sobre o tema, veja o
ADUR Informa nº162 (abril de 2014) /
http://www.adur-rj.org.br/5com/pop_2014/funcionarios.htm