Reitoria da USP ameaça cortar
ponto de docentes e técnicos em greve |
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Em mais um ataque ao direito de greve, a Reitoria da
Universidade de São Paulo (USP) encaminhou um ofício às
chefias e diretorias de unidade com orientações sobre o
corte de ponto dos trabalhadores da instituição, além do
registro de informações, nas folhas de ponto, sobre a
frequência dos servidores, em uma clara ameaça de suspensão
dos salários e benefícios. Em greve desde o dia 27 de maio,
os professores têm insistentemente pressionado pela abertura
de diálogo em torno da pauta unificada das três
universidades estaduais paulistas – USP, Unesp e Unicamp -,
mas as negociações não têm avançado.
“A Reitoria soltou o ofício e muitas unidades já se
pronunciaram dizendo que não irão cumprir o procedimento de
fazer o registro da ausência ou dizer quem não trabalhou.
Com base nisso a Administração está ameaçando não fazer o
pagamento dos salários deste mês, o que não se concretizou
ainda. Não está esclarecido se de fato irá acontecer, e há
um movimento muito grande pressionando a Reitoria para que
esta medida não se materialize”, explica o presidente da
Adusp, Seção Sindical do ANDES-SN, Ciro Correia. |
Na última semana, a Adusp fez uma solicitação, juntamente com a
Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), para
tratar do assunto com o coordenador de Administração Geral da USP,
Rudinei Toneto Junior, ou com o vice-reitor Vahan Agopyan. Diante da
falta de retorno, o presidente da Adusp e o diretor do Sintusp,
Magno de Carvalho, procuraram novamente a Administração da
universidade na sexta-feira (25), e foram recebidos pelo vice-reitor
da USP.
De acordo com Correia, na ocasião foi exposta a “gravidade e
violência desse tipo de medida diante do legítimo direito de greve”,
e pedido que a decisão de cortar o ponto dos grevistas fosse
reconsiderada. O vice-reitor afirmou que o entendimento da Reitoria
era de que os registros deveriam ser feitos nos termos do ofício,
mas que seria respeitado o entendimento de cada unidade sobre a
questão. Ao final do dia, em resposta aos questionamentos
apresentados, Agopyan informou que a posição da Reitoria seria
mantida.
Para os servidores, a medida é mais uma tentativa da Reitoria de
desmobilizar a greve. Em nota, a Adusp e o Sintusp afirmaram que não
aceitarão o corte de ponto de docentes e técnico-administrativos, e
que “consideram inaceitáveis quaisquer medidas que tenham por
objetivo o corte de ponto dos docentes ou funcionários
técnico-administrativos em greve na Universidade de São Paulo, a
exemplo das ‘orientações’ objeto do ofício CODAGE/CIRC/012/2014”.
“Tais medidas, de caráter autoritário, discriminatório,
intimidatório e persecutório, constituem-se num atentado ao direito
de greve consagrado na Constituição, além de aumentar a
responsabilidade da administração pela gravidade da crise. Caso
implementadas, visam impor o ônus do corte de salários àqueles que,
legitimamente, se encontram em greve, na luta por melhores condições
de trabalho e salários, diante da intransigência da administração
que se nega à necessária interlocução por meio da qual o impasse
poderia ser resolvido”, ressaltam as entidades no documento.
No domingo (27), durante reunião do Setor das IFES do ANDES-SN em
Brasília, os docentes representantes de 20 Seções Sindicais
presentes aprovaram moção
de repúdio na qual “consideram um grave ataque ao exercício do
direito de greve iniciativas que tenham como objetivo o uso de
quaisquer medidas cerceadoras e punitivas quanto ao exercício do
direito legítimo de greve dos trabalhadores”. Os professores
repudiam e avaliam como inaceitável quaisquer ações que tenham como
objetivo o corte do ponto dos docentes e técnicos em greve da USP,
como, por exemplo, as “orientações” contidas no ofício
CODAGE/Circ/012/2014. A moção ressalta ainda o apoio e solidariedade
dos docentes do Setor das IFES.
Reintegração de posse
No último dia 24, o Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu
liminar de reintegração de posse à USP. Na decisão, o juiz Kenichi
Koyama, da 11ª Vara de Fazenda Pública, autoriza, havendo
necessidade, o uso da força policial para que se cumpra a
determinação.
O presidente da Adusp esclarece que os piquetes são realizados pelos
servidores em greve em prédios específicos, e em locais “onde se tem
experiência que, quando não tem o piquete, há pressão por parte das
chefias para que os funcionários trabalhem”. “Os próprios
funcionários dos locais é que têm aprovado que tenha o piquete, mas
não há nenhum constrangimento físico, é um piquete de convencimento
na porta dos prédios”, acrescenta Correia.
Assembleia
Entre os encaminhamentos aprovados na assembleia geral permanente
realizada em 28/7, os docentes aprovaram o indicativo do Fórum das
Seis - representação de docentes e funcionários e estudantes da USP,
Unesp, Unicamp e do Centro Paula Souza – para realização de ato no
Palácio do Governo em defesa de mais recursos para a educação em
geral e para as universidades estaduais; uma série de atividades
propostas pela Comissão de Mobilização (elaboração e divulgação de
texto de saudação aos estudantes, com histórico do movimento e
convite para que se agreguem à luta; e convite aos candidatos ao
governo do estado para debate sobre financiamento da educação em
geral e das universidades estaduais, em particular), além de
decidirem ingressar com recurso contra a decisão monocromática do
Tribunal de Justiça de São Paulo que autorizou a reocupação do
campus da USP Leste, suspendendo a decisão liminar de primeira
instância que determinou a interdição “até que a ré (USP) adote as
providências à que se referem os itens 1.1.a a 1.1.e, da inicial”, o
que não ocorreu.
Fonte: ANDES-SN
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