Rede Globo é acusada de sonegar
mais de R$ 180 milhões |
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Para quem acha que a derrota de 7 a 1 para a Alemanha foi o
mais duro golpe no Brasil durante uma Copa do Mundo de
futebol, ainda não conhece um grave caso de bastidores. O
blogueiro Miguel do Rosário, do site “O Cafezinho”, revelou
com exclusividade, na semana passada, o processo da Receita
Federal contra a Rede Globo. Trata-se de uma sonegação
fiscal multimilionária.
O relatório comprova que a emissora da família Marinho
montou um esquema internacional envolvendo diversas empresas
para mascarar a compra dos direitos da Copa do Mundo de
2002. O objetivo principal seria burlar o pagamento de
impostos que deveriam ser recolhidos à União pela compra dos
direitos. |
O auditor fiscal Alberto José Zile, que assina a ação fiscal, fala
em “uma intricada engenharia desenvolvida pelas empresas do sistema
Globo” para simplesmente burlar a operação financeira junto à FIFA.
Para escapar da tributação do imposto de renda na fonte, a Globo
adquiriu os direitos de transmissão da Copa sob a forma de
investimentos em participação societária no exterior. Empresas
criadas em paraísos fiscais, como as Antilhas Holandesas, Ilhas
Cayman e Ilhas Virgens Britânicas, adquiriram os direitos de
transmissão da Copa e, depois, essas mesmas empresas foram vendidas
para a Globo. Uma simulação, segundo a auditoria.
Valores devidos pela Globo devem chegar a R$ 615 milhões
Ao todo, o imposto de renda devido chega a R$ 183 milhões de reais.
Esse valor foi calculado com base no preço pago pelos direitos de
transmissão na época, que chega a R$ 732 milhões. Porém, a Receita
Federal informa que a emissora vai ter que pagar multa pesada, de
mais de R$ 274 milhões, além da atualização dos juros de mora, que
ultrapassam os R$ 157 milhões. Dessa forma, os valores devidos pela
principal empresa de comunicação do país devem chegar a uma fortuna
de R$ 615 milhões.
Para a coordenadora geral do Fórum Nacional pela Democratização da
Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, a revelação é um escândalo. “É
um valor estratosférico, um crime de lesa-pátria contra a nação,
contra a classe trabalhadora que paga seus impostos. A situação se
torna ainda mais grave porque a Globo é concessionária de serviço
público, que são os canais de rádio e TV. Ao sonegar impostos, a
Globo também viola o contrato de concessão que tem com o Estado
brasileiro”, aponta.
O negócio bilionário de transmissão da Copa do Mundo é processo
pouco transparente. A Globo não informa os valores pagos à FIFA para
conquistar o direito de transmissão na Copa realizada. Desde a
década de 1970 as duas poderosas fazem acordos entre si. Mesmo com
cifras cada vez mais altas, o retorno é sempre garantido. De acordo
com o FNDC, a Globo embolsou mais de R$ 1,44 bilhão apenas com
patrocinadores na Copa do Mundo 2014, realizada no Brasil. Fora o
que fatura com a cobrança para retransmissão das imagens por outros
veículos de comunicação. “O monopólio de uma única emissora dos
direitos de transmissão de grandes eventos como a Copa é um
desrespeito a liberdade de expressão e a democracia”, acrescenta
Rosane, do FNDC.
Outro lado
O Brasil de Fato tentou falar com a assessoria das Organizações
Globo para comentar as revelações, mas não conseguiu contato. Até
agora, também não houve nenhum outro pronunciamento público sobre o
caso, nem mesmo da Receita Federal ou do Ministério das
Comunicações, responsável por fiscalizar os contratos de concessão
dos canais de rádio e TV.
Nos meios de comunicação, o silêncio sobre o assunto também impera.
Nenhuma emissora ou jornal, mesmo os concorrentes, repercutiram a
revelação.
Dívida da Globo é 11 vezes maior que mensalão
A sonegação fiscal da Rede Globo, em termos de valores, pode ser
considerado o maior escândalo de corrupção dos últimos anos. O
imposto devido, segundo atualização da Receita Federal, é de R$ 615
milhões. O valor é 11 vezes maior do que o apurado no processo do
mensalão, julgado em 2012 pelo STF (R$ 55 milhões), até hoje
classificado pela mídia como “o maior caso de corrupção da
história”. Já na denúncia de formação de cartel no metrô de São
Paulo, que envolve políticos do PSDB, os valores envolvidos chegam a
R$ 577 milhões, também inferior à sonegação global.
Fonte: Brasil de Fato