Quilombola é encontrado morto e
esquartejado no Pará |
Na noite de sexta-feira (4/7), Artêmio Gusmão, líder da comunidade
quilombola Mancaraduba, no Pará, foi assassinado a tiros e
esquartejado perto de sua casa. O crime apresenta fortes indícios de
estar ligado a conflitos fundiários, já que ele sofria ameaças de
morte por parte de fazendeiros e madeireiros da região.
A comunidade reivindica demarcação das terras, localizada em uma
área pública da União no município de Acará, no noroeste do Estado.
O processo de reconhecimento está na justiça estadual e é contestado
pela empresa Biopalma.
Segundo a Ouvidoria da Secretaria de Estado de Segurança Pública
(Segup), as ameaças à liderança vinham se agravando nos últimos dois
anos. Em 2013, dois irmãos de Gusmão também foram assassinados em
virtude de conflitos fundiários. Outras pessoas da mesma família
estão sob ameaça de morte.
Além de ser contestada sobre o direito a terra, a comunidade
Mancaraduba sofre ameaças por ter denunciado uma operação policial
abusiva e vários crimes ambientais e de grilagem de terras. As
denúncias são acompanhadas pela Ouvidoria da Segup, pela Sociedade
Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e pelo movimento
quilombola Malungo.
Tragédia anunciada - A trágica morte do líder quilombola faz parte
de um contexto de crimes contra defensores de direitos humanos que
marca o Pará de forma preocupante. O estado está no topo da lista:
46 defensores, lideranças comunitárias, vivem sob ameaça, segundo o
Relatório de Conflitos no Campo da Comissão Pastoral da Terra – CPT
de 2013. Assim como Artêmio Gusmão, outras pessoas foram mortas
mesmo após denunciarem as ameaças.
O Pará também é vice-líder do ranking de assassinatos em situações
de conflitos fundiários em 2013, com seis mortes, ficando atrás
apenas de Rondônia, com oito assassinatos no mesmo período, de
acordo com a CPT.
Apesar de ser o estado com o maior número de defensores de direitos
humanos ameaçados, o Pará está há dois anos sem Programa Nacional de
Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), que tem como
finalidade proteger defensores em situação de risco. O programa do
Pará foi um dos primeiros a ser executado no país, mas está
paralisado desde 2012.
Fonte: Brasil de Fato, com edição do ANDES-SN