Pressionado,
governo diz que irá responder à pauta de reivindicação dos SPF
A pressão da
mobilização dos servidores públicos federais levou o governo a
receber uma comissão de representantes do Fórum dos SPF, nesta
quarta-feira (5), durante o ato de lançamento nacional da Campanha
Unificada 2014, em frente ao Ministério do Planejamento, em Brasília
(DF).
Dirigentes de 10
entidades e das três centrais sindicais que compõe o Fórum se
reuniram com o chefe de gabinete da Secretaria-Executiva do
Planejamento, André Bucar, além do secretário de Relações do
Trabalho, Sérgio Mendonça, e sua equipe técnica. Segundo o
coordenador da CSP-Conlutas, Paulo Barela, os dirigentes cobraram a
abertura imediata de negociações em torno da pauta unificada dos
servidores federais e rechaçaram a argumentação do governo de que
enfrenta dificuldades em atender o pleito dos trabalhadores do
serviço público.
Mendonça e Bucar
se comprometeram em apresentar uma resposta oficial, até o início
março, à pauta dos SPF, protocolada no dia 24 de janeiro. Os
representantes do Planejamento também buscarão articular uma reunião
entre as entidades nacionais dos servidores e a ministra Miriam
Belchior.
Ao final dos
informes, Barela ressaltou a necessidade de intensificar o processo
de mobilização nos estados para pressionar o governo. “Já arrancamos
do governo o compromisso de responder formalmente à nossa pauta”,
destacou. O dirigente ponderou ainda que não está descartada a
possibilidade de construção de uma grande greve do funcionalismo
público.
O coordenador da
CSP-Conlutas lembrou que os próximos passos serão definidos na
reunião ampliada do Fórum, na sexta-feira (7). “Nosso ato foi
vitorioso. Agora precisamos aprofundar o debate junto às nossas
bases”, disse.
Mobilização
Centenas de
servidores públicos federais, vindos de diversas partes do país,
mostraram ao governo a disposição do movimento para os
enfrentamentos previstos para este ano, que será marcado pela Copa
do Mundo e pelas eleições.
Além da pauta
unificada, composta por oito eixos (confira abaixo), as
reivindicações que compõem a pauta específica de cada entidade
expõem a realidade enfrentada pelos servidores de todo país, como a
falta de valorização do serviço público, a precarização das
condições de trabalho, as perdas salariais e de direitos, o não
cumprimento de acordos feitos pelo governo em negociações
anteriores, entre outras questões.
Em frente ao
bloco K da Esplanada, os manifestantes, que representavam entidades
de vários estados brasileiros, pressionaram a abertura de diálogo
com o governo, a realização da audiência com a ministra do
Planejamento (Mpog), Miriam Belchior, solicitada pelo Fórum dos SPF
no último dia 24, e o atendimento das reivindicações. Até o início
da tarde, os servidores permaneceram no local, com cartazes, faixas
e bandeiras, que apresentavam as pautas gerais e específicas das
categorias.
Durante as falas
no carro de som, os dirigentes das dezenas de entidades que
integraram a atividade manifestaram a insatisfação com a postura do
governo e com as políticas aplicadas, que investem grandes recursos
na construção de estádios e na copa do mundo, ignora os
trabalhadores e a população, e não garante acesso aos serviços
públicos de qualidade, além de não valorizar os servidores.
O 2º secretário
do ANDES-SN, Paulo Rizzo, destacou as ações empreendidas pelo
Sindicato Nacional para fortalecer a Campanha Unificada, com
atividades e debates feitos na base. “O governo já nos deu uma
resposta no ano passado e permanece com o mesmo discurso neste ano,
de que não irá negociar conosco. Este é o momento da construção da
mobilização. E essa é a nossa tarefa. Temos que lutar e ir às ruas
se quisermos negociação”, destacou.
Rizzo comentou a
comemoração que o governo fez na mensagem encaminhada pela
presidente Dilma Roussef ao Congresso Nacional na segunda-feira “O
governo celebra o superávit fiscal e comemora que está economizando
para a amortização da dívida, além de enaltecer os cortes com
despesas em pessoal e direitos sociais. Isso mostra claramente que
ele não pretende se mexer para atender aos servidores”, avaliou.
O diretor do
ANDES-SN citou ainda duas lutas enfrentadas pelos setores da
Educação e da Saúde: a luta contra a Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (Ebserh), que “tira das universidades o controle dos
hospitais universitários e muda a forma de contratação dos
trabalhadores para os moldes do setor privado”, e a aprovação do PNE
no Senado, com um texto que permite a aplicação de verbas públicas
para empresas privadas. “O projeto voltará para a Câmara com esta
característica. O governo adiou a Conferência Nacional de Educação
para o segundo semestre, o que mostra que não interessa ter
discussão neste ano”.
Rizzo informou
ainda que os reitores das Universidades Federais estão propondo um
projeto de lei que, a título de regulamentar a autonomia
universitária, propõe, entre outras coisas, oficializar cursos pagos
nas instituições públicas. “Nesta campanha salarial, temos que estar
todos unidos contra a privatização e a mercantilização dos serviços
públicos”, conclamou.
Fonte: ANDES-SN, 5/2/14.