Para não esquecer: 20 de junho de 2013

 

Na semana passada, a maior das manifestações de rua do ano de 2013, realizada no dia 20 de junho, completou um ano. O ato, que representou o ápice das jornadas de junho em termos de mobilização popular, reuniu cerca de 1,5 milhões de pessoas em todo o território nacional, reivindicando os direitos à saúde, educação e mobilidade urbana, e também expressando sua indignação contra as formas tradicionais de representação política.  

Nos primeiros dias daquele mês, as ruas foram tomadas por aqueles que reivindicavam a redução das tarifas de ônibus, atendendo a convocação do Movimento Passe Livre – MPL, inicialmente na cidade de São Paulo. O governo paulistano autorizou que a polícia reprimisse duramente aquela manifestação pacífica. A indignação social frente à brutalidade policial foi o combustível necessário para que, como uma grande onda, novos atos fossem convocados, sob diferentes bandeiras, em todas as capitais do país. Diante da força da mobilização popular, a redução da tarifa foi conquistada em várias cidades do país.           

Importante mencionar que, em diferentes capitais, tais como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre, Vitória, Belém, Salvador, foram protagonizadas cenas extremamente fortes de violência policial contra manifestantes, sob o pretexto de reprimir atos de vandalismo. Independentemente da sua filiação partidária ou pertencimento a algum grupo político, muitos ativistas foram presos e seguem até hoje sendo alvos de ações persecutórias do Estado. A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB se pronunciou naquela ocasião, defendendo muitos estudantes tratados pelo Estado tal como presos políticos. Outras entidades sociais ou sindicais argumentaram sobre o direito à livre-manifestação, criticando a criminalização dos participantes de atos públicos. O mais expressivo levante de massas desde a campanha do impeachment de Collor estendeu ao conjunto da sociedade e do espaço urbano a violência repressiva do Estado, que as periferias e favelas brasileiras sofrem cotidianamente. 

Para a Diretoria da ADUR-RJ, as jornadas de junho representam somente o início de um novo momento das lutas sociais do país. Lembrar do 20 de junho não é enquadrar esta data e sua força simbólica num passado que já se distancia de nós e que já não se relaciona com a realidade das lutas hoje. A memória das jornadas de junho é a memória do presente. O decréscimo numérico de participação de manifestantes em atos como, por exemplo, os contra a Copa do Mundo – resultados diretos das mobilizações de 2013 - não constitui critério válido para caracterizar este novo ciclo, justamente porque ele é absolutamente incapaz de nos permitir apreender a força qualitativa que se manifestou em junho: a rejeição da velha política representativa do Estado capitalista e a urgência da construção de formas de poder popular que permitam superar os obstáculos impostos pelas classes dominantes ao exercício dos direitos sociais.

 

 

 

 

 


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