Governo quer acabar com RJU para
docentes das universidades federais |
O presidente da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),
Jorge Almeida Guimarães, declarou recentemente, em um debate sobre
educação superior, que a Capes, o Ministério de Ciência, Tecnologia
e Inovação (MCTI) e o Ministério da Educação (MEC) pretendem criar
uma Organização Social (OS) para contratar docentes para as
Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) por meio da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Valendo-se da
argumentação falaciosa de que o Regime Jurídico Único (RJU) contrata
professores “por 30 anos e não manda ninguém embora”, e de que a OS
garantiria e facilitaria a contratação de grandes pesquisadores
estrangeiros, a Capes propõe, na verdade, a terceirização do
trabalho dos professores das Ifes.
Paulo Rizzo,
presidente do ANDES-SN, critica as declarações do representante da
Capes.“Essa proposta agride o processo democrático de seleção de
professores por meio de concursos públicos. Também agride a
autonomia universitária, pois tira das mãos da universidade o
controle do processo de seleção de seus docentes”, ressalta.
Respondendo à
afirmação de Jorge Guimarães de que os concursos públicos para
professores são “um jogo de cartas marcadas”, Paulo Rizzo defende
novamente a autonomia universitária. “Na verdade eles querem, via
OS, fazer um jogo de cartas marcadas. Ao invés do concurso com
regras claras, definidas por cada instituição, com pontos e bancas
definidos pelos colegiados de departamento, com direito de recursos
aos candidatos, querem a escolha pela gerência de uma OS. Quem disse
que a gerência não será corporativista? Quem escolherá os melhores
quadros?”, questiona o presidente do ANDES-SN.
Proposta de
Terceirização
A proposta de
terceirização veio à tona em um evento recente que contou com a
participação de Jorge Guimarães e do ministro de Ciência, Tecnologia
e Inovação, Clelio Campolina, ex-reitor da Universidade Federal de
Minas Gerais, o Simpósio Internacional sobre Excelência no Ensino
Superior promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), no
Rio de Janeiro. Na segunda-feira (22), Guimarães afirmou que Capes,
MEC e MCTI estão planejando a criação de uma OS para gerir a
contratação de docentes. Segundo o presidente da Capes, os dois
ministérios já, inclusive, aprovaram a criação da OS.
“O ministro [da
Educação, José Henrique] Paim e o ministro [da Ciência, Tecnologia e
Inovação, Clelio] Campolina estão nos autorizando a fazer uma
organização social para contratar, saindo do modelo clássico que
demora e que nem sempre acerta muito”, disse Guimarães, segundo
matéria publicada pela Agência Brasil. A medida, segundo ele, teve
bons resultados no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada
(Impa), que é uma OS, e recebe recursos reajustados anualmente para
pagar profissionais vindos de fora.
Para Guimarães, a
proposta de terceirização pode atrair docentes estrangeiros às
universidades brasileiras – o que internacionalizaria as
instituições. Guimarães também afirma que os exemplos de autarquias
que abriram mão da contratação de servidores por meio do RJU são
positivos, já que o sistema de contratação vigente “não está
funcionando”.
Paulo Rizzo
aponta que o presidente da Capes parece “esquecer” que a contratação
de professores estrangeiros já é, além de constitucional, fato comum
e corriqueiro nas universidades federais, tornando desnecessária a
criação de uma OS para esse fim. “Na verdade, temos que oferecer uma
carreira e uma política salarial atrativas para contratar os
docentes, sejam brasileiros ou estrangeiros, por meio do Regime
Jurídico Único”, reforça.
Fonte: *Andes- SN
com informações de Agência Brasil,
Jornal da Ciência-SBPC e O Globo.