Em vitória histórica, garis conseguem reajuste salarial de 37%
 

Foram oito dias de greve. Mas o movimento dos garis conseguiu pressionar o governo municipal e arrancar um aumento histórico: 37% de reajuste salarial. Agora, o salário-base da categoria, que anteriormente era R$ 803, passa para R$1.100, além do aumento do índice de adicional de insalubridade. Sobe também o ticket-refeição de R$12 para R$20. Contudo, a luta dos trabalhadores da Comlurb enfrentou dura repressão do prefeito Eduardo Paes, dos setores da mídia comercial e até do sindicato da categoria. A paralisação que começou no dia 1º de março só foi possível devido à garra e persistência do movimento que não concordou com a suspensão da greve pelo próprio sindicato no sábado de carnaval (01/03).

Por oito dias, o prefeito, o sindicato e a imprensa tentaram desqualificar o movimento grevista. Trezentos garis chegaram a ser demitidos na tentativa de conter e pressionar a categoria a retornar ao trabalho, mas de nada adiantou. O movimento seguiu em frente com a realização de assembleias públicas no bairro da Tijuca e no Centro da cidade, com manifestações pela Central do Brasil e, principalmente, com os braços cruzados. Em poucos dias, a cidade foi tomada pelo lixo em pleno carnaval, época de turistas e cariocas nas ruas, descortinando a invisibilidade desses trabalhadores essenciais para o funcionamento da cidade.

Durante a greve, após seis dias de paralisação, os garis distribuíram à população uma carta na qual ressaltam que: “a greve dos garis e agentes de preparo de alimentos, é culpa do prefeito Eduardo Paes, do presidente da COMLURB e do presidente do Sindicato que não vem representando a nossa categoria”. No item 2 da carta, os garis denunciaram as péssimas condições de trabalho, que precisam usar banheiros insalubres, não recebem equipamentos de segurança adequados para exercício da função, e baixos salários.

Denunciam, ainda, que até no café servido pela COMLURB já foi encontrado baratas no pão e o leite servido estava estragado Também afirmam conviver com assédio moral, e destacam que a categoria vem sendo coagida a trabalhar. No quinto dia de greve, o prefeito Eduardo Paes chegou a pedir escolta armada para acompanhar parte dos garis que estavam trabalhando com o argumento que os garis grevistas intimidavam os colegas. A cena dos garis, majoritariamente negros, trabalhado acompanhados pela polícia ou seguranças armadas provocou uma reação em cadeia nas Redes Sociais. Em comentários, diversas pessoas comparavam a cena à situação de submissão forçada à época da escravidão. O efeito foi devastador e a criminalização e deslegitimação do movimento pela mídia comercial a partir do discurso oficial da prefeitura começou a ruir.

Na carta à população, o movimento de greve dos garis também afirmava que a direção do sindicato traiu os trabalhadores quando recuou da greve de advertência de um dia em 1º de março e que: “a direção do sindicato abandonou a pauta de reivindicação da categoria quando aceitou as imposições do Prefeito Eduardo Paes sem o consentimento dos trabalhadores trazendo indignação dentro de toda a categoria aonde se iniciou o processo da greve”.

Dois dias após a distribuição da carta à população, o prefeito Eduardo Paes aceitou negociar o aumento com o movimento de grevista pela primeira vez. Desta forma, chegava ao fim a paralisação que deu uma lição de luta a outras categorias de trabalhadores, a partir da radicalização e da união da categoria em torno da conquista de direitos.

 

Fonte: Com informações do portal Rebaixada, Mídia Ninja e Brasil de Fato.

 


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