Dia Internacional das mulheres: um dia para se lembrar

 

 

Há 39 anos atrás, a ONU reconhecia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. Mais de 60 anos antes, em 1910, a militante socialista Clara Ketzin foi a primeira a propor a data como um dia de referência mundial de luta das mulheres trabalhadoras. Este é também o dia quando muitos se recordam das 125 trabalhadoras mortas no trágico incêndio da indústria têxtil norteamericana Triangle Shirtwaist Company. Vítimas da atroz disciplina fabril, as trabalhadoras não conseguiram escapar das labaredas, pois o local de trabalho permanecia com portas e janelas trancafiadas.

Pela tradicional divisão sexual do trabalho e pela naturalização da diferença dos papéis sociais, a mulher é representada como um ator social subalterno, com limitada autonomia. Ambos reproduzem uma lógica binária, associando o homem e o masculino ao espaço público e a mulher e o feminino ao privado. Nessa lógica, a mulher seria aquela cuja principal responsabilidade seria o cuidado da família, da vida privada, dos filhos. No mercado de trabalho, ela não ocuparia outro lugar a não ser em profissões que rementem às expectativas do "feminino", do cuidado e do afeto. No entanto, as mulheres não se conformaram ao lugar de coadjuvante que a sociedade prescreveu.

As chamas da Triangle Shirtwaist Company não apagaram o fogo que incendiou luta das mulheres. No ano em que é celebrado o 39º Dia Internacional da Mulher, nos alegramos com as conquistas das mulheres pelo mundo. Lembramos que tais conquistas foram fruto de lutas persistentes contra as desigualdades, a discriminação de gênero e a opressão sexual. Em 2014, as mulheres são maioria nas universidades, ingressam no mercado de trabalho e compartilham com os homens o lugar de protagonistas na luta por direitos.

No dia em que é celebrado o dia internacional das mulheres, também não podemos esquecer que, apesar de todas as transformações, as mulheres ainda ganham menos que os homens, executando as mesmas funções; têm a maternidade como um entrave para a carreira; se desdobram entre o trabalho doméstico e o extrafamiliar; são mais negativamente afetadas pela flexibilização dos direitos trabalhistas. Além disso, elas sofrem cotidianamente com a violência simbólica e física que, em última instância, põe fim à sua própria vida, como as 16,9 mil mulheres que foram vítimas de feminicídio entre 2009 e 2011. Quantas mulheres mais precisão morrer até que a igualdade de gênero seja uma realidade?

Sem rosas, sem festa e sem ilusão! Um 08 de março de lutas pelos direitos das mulheres trabalhadoras!

 

 


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