ANDES-SN cobra
negociação efetiva em audiência com o MEC
Diretores do
Sindicato Nacional avaliam necessário que a categoria avance na
mobilização
Diretores do
ANDES-SN se reuniram, no início da noite desta terça-feira (18), com
representantes do Ministério da Educação (MEC), para cobrar resposta
à pauta de reivindicações protocolada pelo Sindicato Nacional no
final de fevereiro. Os diretores foram recebidos pelo secretário
executivo do MEC, Luis Cláudio Costa, o secretário nacional de
Ensino Superior (Sesu/MEC), Paulo Speller e pela diretora de
desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Ensino Superior,
Adriana Weska.
A presidente da
entidade, Marinalva Oliveira, relembrou as poucas reuniões ocorridas
em 2013 com o MEC, quando não houve nenhum avanço na pauta
apresentada pelo ANDES-SN, e ainda a interrupção unilateral de
negociações no ano anterior, durante a greve histórica protagonizada
pelos docentes federais.
“A avaliação da
categoria é que não tivemos espaço para negociar em nada as nossas
reivindicações. Tanto que no 33º Congresso do ANDES-SN, realizado em
fevereiro, os docentes deliberaram por trazer à mesa a mesma pauta,
com foco em quatro pontos: condições de trabalho, reestruturação da
carreira, valorização salarial para ativos e aposentados e respeito
à autonomia universitária. Queremos uma resposta concreta de se é
possível negociar e avançar nessas questões”, frisou.
Visão do MEC
Mesmo diante do
relato da presidente do ANDES-SN, que ressaltou a indignação da
categoria frente ao descaso do governo, o secretário Executivo do
MEC se mostrou impassível aos argumentos apresentados. Luis Claudio
Costa ressaltou que o MEC respeita a entidade nacional, mas entende
que o novo projeto de carreira já foi aprovado no Congresso Nacional
e que apesar das diferenças conceituais, apresenta melhoras para a
categoria.
O secretário
executivo afirmou ainda que em 2012 houve um grande esforço do
governo para garantir aos docentes e técnicos os maiores percentuais
de reajuste dentre as categorias de servidores. Costa destacou
também que existe um acordo assinado que prevê reajuste até 2015.
Realidade da
categoria
Os diretores do
ANDES-SN rebateram os argumentos, ressaltando que as condições de
trabalho pioraram nas Instituições Federais, onde há uma grande
defasagem de docentes e técnicos para atender às demandas já
existentes e às que surgem com a expansão desordenada das IFE. “Essa
realidade que o MEC aponta não corresponde com a que vivenciamos
cotidianamente nas instituições. A precarização das nossas condições
de trabalho é visível. Além disso, um estudo que desenvolvemos junto
com o Dieese aponta que quase a totalidade da categoria já teve seus
salários corroídos pela inflação, mesmo com o reajuste”, explicou
Luiz Henrique Schuch, 1º vice-presidente do ANDES-SN, lembrando que
os aposentados foram duramente atingidos com as alterações impostas
na carreira.
Schuch ressaltou
que atualmente a carreira não tem um piso gerador da tabela, e que a
mesma traz valores soltos, não apresenta nenhuma relação lógica nem
dos regimes de trabalho nem da retribuição por titulação, que não é
incorporada ao vencimento básico.
“Isso são
questões conceituais que reivindicamos desde 2011. Não é possível a
categoria ouvir do MEC agora que o que existe está dado e não pode
ser negociado e alterado, quando o próprio governo foi constrangido
por inconsistências gritantes em seu projeto e editou a medida
provisória 614 para alterar a lei da carreira”, apontou o 1º
vice-presidente do ANDES-SN, lembrando que não houve acordo da
categoria com o PL enviado pelo Executivo ao Congresso.
Pressionados pela
argumentação dos diretores do Sindicato Nacional, os representantes
do MEC sinalizaram disposição em abrir uma agenda de reuniões e a
possibilidade de diálogo em torno da pauta apresentada.
Márcio de
Oliveira, secretário-geral do ANDES-SN reforçou que a categoria
precisa vislumbrar que há um espaço de diálogo, mas também de avanço
real nas negociações. “Em 2012, o governo impôs um projeto, que não
foi referendado pela categoria, e agora nos diz ‘aceitem essa
situação como dada’ e em 2016 poderemos negociar. A categoria está
exigindo uma resposta, que tem que vir logo, pois a mobilização está
sendo feita agora. Isso não é uma ameaça e sim uma apresentação do
nosso cenário. Temos uma agenda de mobilização em andamento”,
ressaltou Oliveira.
Paulo Speller
ressaltou compreender a delicadeza do momento e que o MEC respeitava
o ANDES-SN como interlocutor.
Josevaldo Cunha,
um dos coordenadores do Setor das Ifes no Sindicato Nacional,
reforçou que há 14 meses o sindicato vem tentando retomar das
discussões com o MEC após a suspensão da greve e até o momento não
houve sinalização efetiva de que isso seja possível. “Sabemos que
somos qualificados para fazer esse debate, pois a base nos deu essa
legitimidade. O que estamos reivindicando é discutir a pauta, que já
foi protocolada em 2013 e 2014, com ênfase nesses quatro pontos.
Agora o MEC precisa nos dizer se isso é possível e se o Ministério
da Educação é o interlocutor, pois entendemos que é aqui que temos
que fazer esse debate e não do outro lado da Esplanada, na
secretaria de Relações de Trabalho do Planejamento”, explicou.
O secretário da
Sesu propôs um novo encontro entre o MEC e o Sindicato Nacional para
a próxima quarta-feira (26). A presidente do ANDES-SN encerrou a
participação da entidade na reunião reforçando a cobrança de uma
resposta por escrito à pauta protocolada. “Amanhã já realizaremos um
dia nacional de paralisação como forma de mostrar a nossa
insatisfação. Os representantes do Setor das Ifes irão se reunir nos
próximos dias 29 e 30 em Brasília para fazer um balanço do resultado
das rodadas de assembleias gerais e da reunião no MEC. Vamos avaliar
a possibilidade de avanço nas negociações, para definir as próximas
ações do nosso movimento”, completou.
Para os
representantes do ANDES-SN presentes à reunião é necessário que a
categoria avance na mobilização para pressionar o MEC a abrir
negociação efetiva em torno das reivindicações apresentadas. “Os
representantes do MEC só se sensibilizaram quando desconstruímos a
argumentação posta e mostramos a insatisfação da categoria.
Precisamos intensificar nossas ações e fortalecer nossa luta, pois
só assim vamos fazer com governo que se movimente”, avaliou a
presidente do Sindicato Nacional.
Fonte: ANDES-SN, 18/3/14.