ALUNOS DA
UNIVERSIDADE GAMA FILHO COBRAM SOLUÇÃO AO MEC
Entre problemas,
atraso no pagamento de docentes e possível descredenciamento
Sem aulas há
meses, os estudantes da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro,
não conseguem, sequer, os documentos para fazer a transferência para
outra faculdade, e fazem vigília na porta da instituição. Docentes e
funcionários estão em greve por falta de pagamento e o prédio da
Universidade está abandonado. Após os estudantes da Gama Filho irem
ao Ministério da Educação, em Brasília, pedir agilidade na solução
destes problemas, o MEC agendou para esta segunda-feira, 13, a
primeira reunião da comissão formada para discutir a situação da
Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) -
ambos mantidos pelo grupo Galileo.
Na última
terça-feira, 7, os alunos ocuparam o auditório do prédio do MEC para
serem recebidos pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Na
quinta, 9, estiveram no Palácio do Planalto e solicitaram uma
audiência com a presidente Dilma Rousseff. O grupo reivindica que o
governo intervenha na instituição e são contra o descredenciamento
da universidade. Os estudantes temem que a transferência assistida
para outras instituições leve à perda de qualidade na formação,
principalmente no caso dos acadêmicos de Medicina. Os estudantes
estão sem aula desde novembro de 2013, embora estejam pagando a
mensalidade regularmente.
De acordo com o
MEC, a legislação em vigor não prevê qualquer tipo de ação ou
intervenção na mantenedora, ficando a atuação do Ministério limitada
às questões acadêmicas das instituições mantidas. Além disso,
observa que "tomará a decisão sobre a continuidade ou não do
credenciamento institucional de ambas as instituições em
conformidade com o ordenamento jurídico vigente".
As polêmicas que
envolvem as duas instituições começaram em 2012, quando o MEC
instaurou um processo de supervisão a partir de denúncias de
irregularidades, deficiências acadêmicas e insuficiência financeira
relacionadas ao início da gestão do grupo Galileo na Universidade
Gama Filho e na UniverCidade. No início de 2013, com o processo em
curso e a assunção de novos controladores do Grupo Galileo, a crise
nas instituições se agravou com a deflagração de greve dos docentes,
funcionários e estudantes por falta de pagamento dos salários e
precarização das condições de oferta em ambas às universidades.
Ao longo do ano
passado, as instituições, segundo o MEC, alternaram períodos de
relativa normalidade acadêmica e implementação das medidas
determinadas pela pasta e períodos de agravamento da crise,
enfrentando novas greves e ocupação da reitoria pelos alunos,
ocasionadas pela interrupção dos pagamentos de docentes e
funcionários, bem como pela ausência de condições mínimas de
funcionamento devido a suspensão do fornecimento de água e luz,
ausência de serviços de segurança e limpeza. Tal quadro conduziu o
MEC à imposição da medida cautelar de suspensão de ingresso de novos
alunos em 2 de agosto de 2013.
Em dezembro, foi
instaurado processo administrativo determinando que as instituições
não poderão abrir cursos, ampliar o número de vagas existentes ou
receber novos estudantes por meio de vestibular, outros processos
seletivos ou transferências. Além disso, serão suspensos os novos
contratos de Financiamento Estudantil (Fies) e a participação em
processo seletivo para oferta de bolsas do Programa Universidade
para Todos (ProUni) e do Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec).
Com a instauração
do processo administrativo, as duas instituições tiveram o prazo de
15 dias para a apresentação de defesa e de 30 dias para recorrerem
das medidas cautelares impostas. A mantenedora apresentou ao MEC
manifestação no dia 3 de janeiro. O Ministério está fazendo a
análise criteriosa do material apresentado, juntamente com as
informações fornecidas pela última avaliação in loco feita por uma
comissão permanente de acompanhamento, além das informações
provenientes das constatações da realidade atual das duas
instituições que revelam nova greve dos professores, paralisação dos
serviços básicos inerentes à vida acadêmica e ausência de
comunicação entre mantenedora e professores.
Problema não é
isolado
Salários
atrasados, cursos sem docentes e estudantes sem assistência são
alguns dos problemas. De acordo com reportagem exibida pelo Bom Dia
Brasil, nesta segunda, 13, no ano passado o MEC abriu 40 processos
administrativos e cinco faculdades foram fechadas. Em Brasília, mais
de 4 mil alunos foram transferidos depois que a Faculdade Alvorada
foi descredenciada pelo MEC em setembro, por não pagar aluguel. Os
casos se repetem e a fiscalização demora.
O MEC conseguiu
vagas para transferir os alunos para três faculdades no Distrito
Federal, mas, até agora, a maioria não conseguiu receber os
documentos que comprovam o que eles estudaram e as notas que
tiraram. Os estudantes temem ter de repetir o vestibular e as
disciplinas.
Fonte:
ANDES-SN
Edição: Carina Carvalho (Estagiária) e Ana Paula Nogueira
(Jornalista Interina)
Ass. de Imprensa da Sedufsm
13/1/14.