Com presença de ex-diretores e filiados, evento discutiu trajetória
do sindicalismo na UFRRJ e celebrou aniversário da Seção Sindical
O tempo chuvoso não impediu que os 35 anos da Associação dos
Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro fossem
comemorados de forma aconchegante, com a presença de ex-diretores e
filiados, funcionários e amigos da Seção Sindical. O Vice-Reitor da
UFRRJ e diretor da ADUR-RJ na gestão 1995/1997, professor Eduardo
Mendes Callado, também esteve na solenidade, que contou mesa de
debate e coquetel.
Inicialmente, foi discutido o tema “trajetória do sindicalismo na
UFRRJ e perspectivas para a carreira docente”, coordenado pelo atual
presidente da ADUR-RJ, Alexandre Mendes. Para discorrer sobre o
assunto, foram convidados os professores Frederico José Falcão
(CTUR); César Fróes (ICHS), Luis Mauro Sampaio Magalhães (IF), Silas
Varela (ICE), Ana Cristina Souza dos Santos (ICHS), que, agradecendo
ao convite da Diretoria, formam unânimes ao afirmar a importância de
se comemorar três décadas de existência de uma Seção Sindical
combativa e atuante.
Primeiramente, Frederico Falcão, ex-diretor da regional RJ do
ANDES-SN e membro da gestão 2003-2005 da ADUR-RJ, lembrou a
importância de algumas greves para o processo de aprendizado
político na UFRRJ. Reafirmou a importância de se pensar a
Universidade Rural como um todo, lembrando que não deve existir
hierarquização entre os docentes da instituição, pois, pertençam à
carreira do Magistério Superior – MS ou do Ensino Básico, Técnico ou
Tecnológico – EBTT, todos são professores da UFRRJ. Defendeu que
haja maior integração entre os campi da Universidade –
Seropédica, Nova Iguaçu e Três Rios – pois é na ADUR-RJ que os
docentes da instituição estão representados.
Como filiado desde a década de 2000, o professor César Fróes
destacou a luta capitaneada pela ADUR-RJ, como Seção Sindical do
ANDES-SN, por melhores condições de trabalho e por uma carreira que
valorize o profissional docente. Citou alguns momentos memoráveis da
entidade que, há algumas décadas, participou de ações como
Universidade na Praça – que visava conscientizar a população, de
modo geral, sobre a necessidade de se defender o ensino público,
gratuito e de qualidade.
Ex-diretor da ADUR-RJ nas gestões 1993-1995, 1999-2001, 2003-2005,
Luís Mauro Magalhães, que também já esteve à frente da Diretoria
Nacional do ANDES-SN, contextualizou o processo de fundação da Seção
Sindical na UFRRJ, que, nascia em meio à luta pela redemocratização
do Brasil. Lembrou que, a partir do surgimento de associações de
docentes em todo o país, foi necessário criar uma única entidade que
pudesse dar organicidade às questões que os docentes demandavam. Foi
neste contexto em que se fundou o ANDES-Sindicato Nacional, que,
corporificou os princípios que as seções sindicais que formam sua
base defendem: autonomia, liberdade e democracia para lutar por uma
concepção de educação pública, gratuita e de qualidade. Ressaltou a
importância da ADUR-RJ como uma entidade combativa, propositiva,
enfatizando que o cenário atual, com a esquerda fragmentada, tem
sido mais de embates, de resistência do que de avanços.
Representando os sócios-fundadores da ADUR-RJ, Silas Varella Fraiz
Junior, diretor na gestão 1979-1981, disse que a Associação dos
Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro comemorava
com júbilo seus 35 anos. Isso porque ele considera que manter o
sindicato atuante nos dias de hoje é muito mais difícil do que no
contexto de sua criação à época da ditadura militar, pois, as
relações e as condições de trabalho estão cada vez mais sob a força
do capital. Criticou o assédio moral, a flexibilização de diretos
trabalhistas (exemplificada pela condição dos funcionários
terceirizados) e o produtivismo que estão presentes nas relações
cotidianas na Universidade, convidando todos a refletirem sobre qual
deve ser o papel do professor e da ciência no mundo moderno.
Reflexão foi um termo muito utilizado por Ana Cristina S. dos
Santos, diretora da ADUR-RJ nas gestões de 1995-1997, 2009/2011,
2011-2013. De acordo com a professora, que também criticou o
produtivismo e as políticas governamentais para a Educação, é
preciso que se pense, de forma crítica, sobre o conhecimento que tem
sido produzido na Universidade. Do mesmo modo, disse que a ADUR-RJ é
um sindicato combativo, que faz a diferença no cenário nacional.
Afirmou que tem sido responsabilidade das diversas diretorias
promover o diálogo com a base e manter o funcionamento da Seção
Sindical. Compete ao Sindicato refletir criticamente sobre o papel
social da Universidade e da Educação.
Após a exposição dos professores convidados, Alexandre Mendes, pela
atual gestão da ADUR-RJ (2013-2015), convidou os participantes a
debaterem o papel do Sindicato hoje. Afirmou que não era possível
desanimar frente a um cenário que se revela mais de resistência do
que de ofensiva, salientando que educadores são educados na luta,
quando rompem com o isolamento. “A ADUR-RJ é um espaço de
aprendizado”, resumiu.