Sem acordo,
alunos de universidade no RJ ocupam reitoria há mais de 15 dias
Cerca de 150
estudantes da Universidade Gama Filho ocupam, há mais de 15 dias, o
gabinete da Reitoria da instituição, e reivindicam a intervenção do
Ministério da Educação (MEC) por má gestão da mantenedora da
universidade. Os estudantes reclamam ainda da falta de
infraestrutura e das altas mensalidades, e pedem a regularização do
pagamento dos professores.
Segundo matéria
publicada no Uol Educação, em uma reunião na Reitoria, que durou
mais de três horas, encerrada no começo da noite de terça-feira
(30), os estudantes debateram os problemas da universidade com o
coordenador-geral da Secretaria de Regulação e Supervisão da
Educação Superior (Seres), Pedro Carvalho Leitão, representante do
MEC.
A reportagem
afirma que, de acordo com o presidente do Centro Acadêmico de
Medicina da Gama Filho, Edvaldo Guimarães, os estudantes estão
sofrendo com a falta de aulas práticas. “Não é só Medicina, os
estudantes de Geografia, por exemplo, tiveram que pagar do próprio
bolso para fazer uma atividade em campo, mesmo assim, o proprietário
dos ÿnibus não queria aceitar o pagamento porque associou os alunos
à mantenedora”, disse ao Uol Educação.
Ainda segundo o
estudante, as atividades do internato acontecem de maneira
irregular. “As aulas práticas são substituídas pelas teóricas.
Alguns módulos do internato não estão acontecendo. No módulo de
emergência, as aulas em vez de serem no hospital todos os dias estão
acontecendo duas ou três vezes por semana e na faculdade”,
acrescentou à reportagem.
De acordo com o
Uol Educação, a mantenedora da instituição, Galileo Educacional, foi
alvo de CPI das Universidades Privadas, realizada na Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A Gama Filho, assim como a
UniverCidade, outra tradicional instituição de ensino do Rio, são
controladas pela Galileo. As duas instituições têm juntas cerca de
34 mil alunos. A reportagem acrescenta que, em depoimento à CPI, em
fevereiro, o presidente da Galileo, Alex Klyemann, assumiu que as
duas instituições têm juntas dívidas em torno de R$900 milhões.
Em reunião
realizada no dia 25 de julho, na sede do MEC, em Brasília, ficou
decidido que o Ministério irá propor a Galileo Educacional, em 15
dias, uma proposta de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a
regularização das atividades acadêmicas da Gama filho e da
UniverCidade. Participaram da reunião representantes da Galileo
Educacional, alunos e professores das duas instituições.
No entanto, os
alunos insistiram na intervenção do MEC na universidade e a
revogação da transferência da mantença da família Gama Filho para a
Galileo. Como resposta, ouviram do representante do MEC que estes
temas devem ser tratados em novas reuniões com a presença de todas
as partes envolvidas. O coordenador geral do Seres prometeu levar em
consideração a adoção de um prazo curto para o cumprimento do TAC
pela Galileo, segundo o Uol Educação.
Leitão ainda
garantiu aos alunos que os estudantes conseguirão terminar a
graduação com a garantia de qualidade de ensino. “Eu não tenho
controle sobre todas as variáveis, mas posso afirmar que isso vai
acontecer sim”, disse em entrevista.
Docentes apoiam
manifestação dos estudantes
No dia 17 de
julho, o ANDES-SN divulgou o manifesto da Associação dos Docentes da
UGF (ADGF) em apoio aos estudantes que ocuparam a Reitoria da
universidade. (confira manifesto aqui). “Entendemos que é legítima e
justa a ocupação que realizam, e que a pauta de vocês é, também,
nossa pauta”, afirmam os docentes em seu manifesto. No documento, os
docentes ressaltam a ausência de uma legislação no Brasil que torne
eficiente o controle social das mantenedoras e manifestam apoio à
aprovação do Instituto Nacional d e Supervisão e Avaliação do Ensino
Superior (Insaes), o Projeto de Lei 4.372/12, recentemente aprovado
na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. “Apoiamos a moção
de vocês pela aprovação do INSAES e notamos a necessidade de emendas
que incluam o controle administrativo como pauta regulativa”, cita
manifesto da ADGF.
Crise se agravou
em 2012
De acordo com
matéria publicada no Uol Educação, a crise na Universidade Gama
Filho e na UniverCidade se agravou em 2012. Cerca de 600 professores
foram demitidos, segundo informações do sindicato. O grupo Galileo
confirma 410 profissionais de educação mandados embora. Muitos dos
professores demitidos ainda não receberam o dinheiro referente à
rescisão de contrato.
Em abril,
professores da Gama Filho e Univercidade cruzaram os braços em uma
greve que durou cerca de um mês. Em maio, foi a vez dos alunos
protestarem. Cerca de mil estudantes fizeram manifestação no campus
da Gama Filho na Piedade, bairro da zona norte do Rio, contra a
falta de infraestrutura da unidade e a demissão de professores e
aumento das mensalidades.
O Grupo Adenor
Gonçalves adquiriu o controle da Galileo Educacional em outubro de
2012. No início de 2013, mais 70 professores foram demitidos. No
início do ano letivo os alunos da Gama Filho enfrentaram uma greve
que se arrastou por cerca de 30 dias, provocando o atraso no
calendário letivo.
* Com informações
do Uol Educação
Fonte: ANDES-SN,1/8/13.