No Rio,
estudantes da Universidade Gama Filho ocupam Reitoria
Estudantes
protestam contra a gestão da Galileo Educacional, empresa
mantenedora da instituição
Desde o final da
tarde desta segunda-feira (15), cerca de 70 estudantes de diversos
cursos da Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro, ocupam o
prédio da Reitoria da universidade, no bairro da Piedade, zona norte
da capital. “Entendemos que essa ocupação é uma forma de chamar a
atenção das autoridades competentes, da sociedade acadêmica e da
sociedade em geral para o problema crônico em que essa renomada
instituição foi submetida pela Galileo Educacional”, cita Manifesto
da Ocupação da Reitoria pelos Estudantes da UGF (confira o Manifesto
completo aqui).
Os alunos
reclamam da má gestão que a empresa Galileo Educacional, mantenedora
da UGF, faz dos recursos da universidade e reivindicam, entre outras
coisas, transparência, pagamento do acordo feito com os professores
e intervenção imediata do MEC na instituição. “Os alunos já não
aguentam mais sofrer os absurdos a que são submetidos, devido à má
gestão dos recursos oriundos das mensalidades. Já é a segunda greve
dos professores, por falta de pagamento, em apenas um período”,
denunciam os estudantes, que também reclamam da atuação do MEC. “O
MEC não cumpre o seu papel, deixando os alunos a mercê da própria
sorte e utilizando medidas totalmente paliativas para amenizar a
situação”, argumentam os estudantes.
De acordo com a
diretora do Centro Acadêmico de Medicina da UGF, Fernanda Moreira,
cerca de 70 alunos dos cursos de Psicologia, Educação Física,
Geografia e Medicina se revezam na ocupação, que deve se manter até
que as reivindicações dos alunos sejam atendidas. “Aqui sempre tem
entre 40 e 70 alunos. Durante o dia nós nos revezamos, porque
estamos em período de provas, mas à noite chega a mais de 70 pessoas
na ocupação”, afirma Fernanda Moreira.
A dirigente
estudantil ressalta que os estudantes continuam abertos a
negociações com a Galileo Educacional, mas que, além da ocupação,
estão buscando outros meios de fazer pressão. “Vamos fazer um ato
público nesta quinta-feira (18), às 14h, na faculdade, e estamos
traçando estratégias. A Galileo até agora não se pronunciou. Mandou
um representante na própria segunda-feira, mas ele não veio disposto
a negociar, nem a conversar. Ele veio só para dizer que a faculdade
não tem dinheiro e que não consegue pagar. Isso a gente já está
cansado de escutar deles”, desabafa a aluna, ao se referir à ida do
diretor financeiro da Galileo Educacional, Samuel Dionísio, à
ocupação na Reitoria ainda na noite da segunda-feira.
Fernanda afirma
que os estudantes também estão esperando que o MEC se pronuncie.
“Faz dois anos que vivemos esse problema com a Galileo. Tentamos de
todas as formas negociar com eles: ligamos, mandamos e-mail,
mandamos ofício, pedimos reunião, mas não há jeito. E a gente se
manifesta porque essa situação está comprometendo a qualidade do
ensino”, comenta Fernanda Moreira, que lembra ainda que, em março, a
empresa fez um acordo ético com a associação docente para pagamento
dos professores, mas está descumprindo este acordo.
Entre as
reivindicações apresentadas pelos alunos para que possam desocupar o
prédio estão o pagamento imediato do acordo dos professores; a
consolidação de um compromisso oficial com os docentes e
funcionários administrativos; a criação de um canal direto e
permanente de diálogo com a Galileo Educacional com reuniões
periódicas e a garantia do aumento da segurança no campus e
arredores, entre outros pontos. “Essa ocupação não é um ato contra a
reitoria e/ou pró-reitorias instalados nesse prédio e sim contra
essa mantenedora que insiste em acabar com uma das mais tradicionais
instituições do Brasil”, esclarece a nota.
Docentes apoiam
manifestação dos estudantes
A Associação dos
Docentes da UGF (ADGF) lançou um manifesto de apoio aos estudantes
que ocuparam a Reitoria da UGF (confira manifesto aqui). “Entendemos
que é legítima e justa a ocupação que realizam, e que a pauta de
vocês é, também, nossa pauta”, afirmam os docentes em seu manifesto.
No manifesto, os docentes ressaltam a ausência de uma legislação no
Brasil que torne eficiente o controle social das Mantenedoras e
manifestam apoio à aprovação do Instituto Nacional de Supervisão e
Avaliação do Ensino Superior (Insaes), o Projeto de Lei 4.372/12,
recentemente aprovado na Comissão de Educação da Câmara dos
Deputados. “Apoiamos a moção de vocês pela aprovação do INSAES e
notamos a necessidade de emendas que incluam o controle
administrativo como pauta regulativa”, cita manjfesto da ADGF.
Fonte: ANDES-SN, 17/7/13.