Reitoria da Unesp
abre sindicâncias para punir estudantes
Cerca de um mês
após o fim das greves e ocupações, a REItoria da UNESP quer ver
cabeças rolando para não ser incomodada novamente por um movimento
que luta em prol da classe trabalhadora que historicamente é
excluída do espaço universitário
Nota do DCE
Helenira Resende
Um dos eixos de
luta do Movimento Estudantil da UNESP nas greves e ocupações
ocorridas em 2013 foi contra a repressão aos movimentos sociais.
Nossa luta se fez legítima em um movimento estadual que culminou em
duas ocupações da REItoria em menos de um mês, devido à
intransigência da REItoria nas negociações em atender minimamente as
pautas estudantis.
Cerca de um mês
após o fim das greves e ocupações, a REItoria da UNESP quer ver
cabeças rolando para não ser incomodada novamente por um movimento
que luta em prol da classe trabalhadora que historicamente é
excluída do espaço universitário, tendo como pautas abrindo
processos administrativos contra os estudantes que ocuparam a
REItoria nos dias 16 e 17 de Julho de 2013.
Cabe lembrar a
extrema intransigência da REItoria nesta ocupação, visto que não
houve qualquer negociação da pauta dos estudantes e no tempo recorde
de 15 horas foi executado o pedido de reintegração de posse dos
estudantes pela Tropa de Choque da Polícia Militar do estado de São
Paulo, sem sequer haver apresentação formal do pedido de
reintegração de posse aos estudantes, demonstrando o caráter ilegal
de tal atitude. Os estudantes foram então levados à 2ª DP no Bom
Retiro em São Paulo, onde ficaram detidos por seis horas e após isto
foram qualificados em um boletim de ocorrência.
Na época foram
113 presos por lutarem por permanência estudantil, democratização da
universidade, ampliação do acesso à universidade para as parcelas
pobres e negras da população, NÃO à repressão, entre outros que foi
brutalmente reprimido pela intransigência do REItorado. Após esta
demonstração ditadora, os mesmo querem agora punir os estudantes com
processos administrativos para tentar trazer a inércia ao Movimento
Estudantil através da via repressora.
Atualmente cinco
estudantes da UNESP foram chamados para audiência no dia 07 de
novembro no prédio da REItoria em São Paulo, sendo estes
coincidentemente representantes que participaram das negociações com
a reitoria durante o período de greves e ocupação, demonstrando
clara intenção de perseguição política daqueles que participaram
ativamente do movimento.
Segundo carta de
citação enviada a alguns estudantes, os mesmos estão sendo acusados
de infringir os seguintes incisos do artigo 161 do regimento geral
da UNESP:
“Artigo 161 -
Constituem infrações disciplinares do corpo discente:
II - fazer
inscrições em próprios da Universidade ou nos objetos de propriedade
da Unesp e afixar cartazes fora dos locais a eles destinados;
IV - praticar ato
atentatório à integridade física e moral de pessoas ou aos bons
costumes;
VII - perturbar
os trabalhos escolares, as atividades científicas ou o bom
funcionamento da administração;
VIII - promover
manifestações e propaganda de caráter político-partidário, racial ou
religioso, bem como incitar, promover ou apoiar ausência coletiva
aos trabalhos escolares a qualquer pretexto;
IX - desobedecer
aos preceitos regulamentares do Estado, do Regimento Geral, dos
Regimentos das unidades universitárias e de outras normas fixadas
por autoridade competente;
X - desacatar
membro da comunidade universitária;
XI - praticar
atos que atentem contra o patrimônio científico, cultural e material
da Unesp.”
Na mesma carta,
os estudantes poderão ser punidos pelo artigo 162 do mesmo
regimento:
“Artigo 162 - As
penas disciplinares aplicáveis aos membros do corpo discente são:
I - advertência
verbal;
II - repreensão;
III - suspensão;
IV –
desligamento.”
Não podemos nos
esquecer que tal Regimento Geral da UNESP foi criado em plena
ditadura militar, demonstrando o extremo caráter autoritário,
repressor e ditador do mesmo e que a utilização deste tem os mesmos
objetivos que a ditadura: punir quem luta pela transformação da
realidade. O inciso VIII do qual os estudantes estão sendo acusados
demonstra claramente este caráter, havendo clara repressão
institucionalizada dentro da UNESP.
Neste momento é
necessário a união de todo o Movimento Estudantil da UNESP e de
todos os lutadores pela educação que estão nas ruas sofrendo a
repressão policial, ocupando as REItorias de suas universidades para
que o movimento pela transformação da sociedade em prol da classe
trabalhadora não recue! É hora de unirmos e lutar juntos contra o
Estado repressor e seus aparatos burocráticos e ideológicos!!
Convocamos o
movimento estudantil da UNESP a convocar Assembleias em suas
unidades para que possamos construir esta luta contra a repressão em
conjunto e consigamos manter este movimento em prol da educação à
serviço do povo!!
Não iremos
recuar!!
As sindicâncias
não passarão!! Fora Durigan ditador!!
São 30 anos sem
ditadura e a repressão ainda continua!!
A luta continua!!
DCE "Helenira
Resende"
Fonte: Brasil de Fato, 21/10/13.