Professores USP Leste entram em greve após constatação de gás metano no campus
 

Professores da Universidade de São Paulo do Campus Ermelino Matarazzo (USP Leste) entraram em greve após a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) colocar uma placa em um ponto onde há concentração de gás metano, substância altamente inflamável. A atitude da Cetesb levou os docentes a paralisarem as atividades por tempo indeterminado.

Para a diretora da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Adriana Tufaile, é necessário que a unidade da zona leste seja interditada. Para a professora, há risco de que o gás metano entre em combustão e cause um acidente grave. “Nós queremos que as exigências da Cetesb sejam cumpridas. Nós queremos transparência nas informações e queremos informações mais completas”, disse. Ela informou que cerca de 6 mil alunos estudam na unidade.

Em sua página do facebook, o professor da USP Pablo Ortellado afirma que os docentes decidiram entrar “em greve até que a USP cumpra as determinações da Cetesb tornando o campus um local seguro para as cerca de 4 mil e quinhentas pessoas que circulam diariamente no espaço”. Ortellado explica que a “decisão foi tomada após a Cetesb e a Superintendência de Espaço Físico da USP instalarem uma placa interditando uma grande área do campus que está contaminada, colocando em risco a saúde da comunidade”.  

“A Cetesb já havia solicitado providências para assegurar a saúde da comunidade, mas a USP não cumpriu as determinações e recebeu um Auto de Infração em 25 de julho de 2013 tendo 60 dias para cumprir um grande número de exigências. O prazo expira no próximo dia 23. Os professores exigem também a liberação de toda a documentação relativa à questão ambiental do campus e a responsabilização das autoridades universitárias”, acrescenta Ortelado na publicação.

Em nota, a Cetesb informa que autuou a USP Leste no dia 2 de agosto, “exigindo o cumprimento do que constava na licença de operação”. A empresa alega que a área não foi interditada e que não há risco iminente de acidentes. A companhia detalha, ainda, uma série de exigências técnicas feitas para evitar um possível acidente no local, decorrente da concentração de gás metano. Está previsto, por exemplo, a realização de planos de investigação e interdição, mapeamento de locais com concentração de gases, sempre pautado pelos riscos que cada agente contaminante gera.

A USP informou, em nota, que o Campus Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each) - foi construído em área ambientalmente problemática. Em alguns locais dessa área foram adicionadas terras de origem desconhecida que análises laboratoriais demonstraram que estariam contaminadas. A universidade declara que foi instaurada sindicância que definiu as ações em processo de avaliação e desenvolvidas.

“As exigências estão sendo cumpridas na medida do possível, levando em consideração os mecanismos de contratação de serviços por meio de processos licitatórios. Para permitir a gestão dessas atividades, a USP encontra-se, no momento, em processo de contratação de empresa ambiental especializada para a execução dos trabalhos na área”, destaca a universidade. A USP informou que a documentação referente às análises efetuadas - monitoramento, mapas e relatórios técnicos - e o andamento dos trabalhos foram entregues nos prazos solicitados à Cetesb e à Diretoria da Each.

Estudantes da USP Leste fazem greve em solidariedade aos docentes

Nesta terça-feira (10), mais de 250 estudantes da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each) da USP estiveram reunidos em assembleia que aprovou greve em apoio a paralisação dos professores do campus.

De acordo com texto divulgado no site do DCE, os estudantes decidiram, durante a assembleia, que “para por fim aos desmandos do diretor Boueri, do seu vice Edson Leite e de uma Congregação que não representa os anseios da comunidade, está mais do que na hora de lutarmos por uma nova forma de estrutura de poder na Each e por isso queremos Diretas Já!". Eles exigem a renúncia do diretor e do vice-diretor da Each, Jorge Boueri e Edson Leite, e que seja instaurado um novo processo democrático de eleição.

“Exigimos que a Congregação assine a carta elaborada pelos estudantes e assuma de uma vez por todas um compromisso de melhorias na Each; exigimos que as adequações ambientais sejam imediatamente cumpridas; queremos que a Direção seja investigada e punida imediatamente pelos crimes aos quais está envolvida", completam os estudantes no documento.

Para os alunos, os problemas ambientais que resultaram nas recentes interdições feitas pela Cetesb são reflexos de como a Each é gerida "de forma arbitrária": "Há muito tempo que escutamos nos corredores sobre os possíveis riscos das contaminações e sempre nos foi negado todo tipo de informação. Não contente, em 2011 o diretor Boueri foi personagem principal de uma denúncia de corrupção, no qual recebeu terra contaminada da empreiteira Cyrela", revelam.  

Reitor da USP é alvo de ação por improbidade

De acordo com O Estado de S. Paulo, o Ministério Público Estadual (MPE) moveu uma ação de improbidade administrativa contra o reitor da USP, João Grandino Rodas, pelo suposto prejuízo de R$ 1,1 milhão que ele teria causado ao cofre do Estado com atos praticados na universidade entre 2009 e 2011, e considerados ilegais pela Promotoria.  

Proposta pelo promotor Silvio Marques, do Patrimÿnio Público e Social da capital, a ação, segundo a reportagem do O Estado de S. Paulo, questiona dois contratos celebrados sem consulta prévia por Rodas entre 2009 e 2010, à época diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e a publicação de boletins institucionais para promoção pessoal, em 2011, quando já era reitor da universidade.

 

* Com informações da Agência Brasil, O Estado de S. Paulo e Portal Vermelho

 

Fonte: ANDES-SN, 12/9/13.

 


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