Professora denuncia pacote privatizante da saúde
Governo planejaria repasse de recursos a hospitais privados
A notícia causou perplexidade durante a abertura do 32º Congresso do
ANDES-SN, nesta segunda, 4, no Rio de Janeiro. O governo federal
estaria preparando um pacote para a saúde. Mas, as medidas,
divulgadas em jornais como O Globo e a Folha de São Paulo,
e que ainda não foram desmentidas pelo Executivo, consistiriam não
em apoio ao sistema público, mas ao contrário, seriam de ajuda aos
hospitais privados. O governo estaria pedindo que os planos de saúde
fossem ampliados para outras camadas da sociedade e, em troca, a
União aplicaria recursos públicos em hospitais privados. A
informação foi repassada pela professora Maria Inês Bravo, da
Faculdade de Serviço Social da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, e que é uma das integrantes da Frente Nacional contra a
privatização da saúde.
Caso essa iniciativa do governo realmente seja concretizada, isso
significaria o fim do Sistema Único de Saúde (SUS), pois é ele que
está precisando de financiamento e não o setor privado, destaca
Maria Inês. “Nós estamos ainda atônitos com a notícia. O ministro da
Saúde (Alexandre Padilha) esteve na posse do presidente da Fiocruz
(Fundação Osvaldo Cruz) e não desmentiu. Inclusive, entidades que
tinha uma linha de apoio ao governo também se posicionaram contra
essa ideia. A Frente Nacional contra a privatização da saúde irá
divulgar uma nota pública contra essa medida do governo”, enfatiza a
docente.
Perguntada se o que estaria se vislumbrando seria uma espécie de
parceria público-privada, Maria Inês diz que a situação é mais
profunda. Segundo ela, o que a Constituição prevê é um Sistema Único
de Saúde, público, sendo que o setor privado atuaria apenas de forma
complementar. Contudo, ela comenta que na solenidade na Fiocruz, até
o discurso do ministro já teria sutilmente mudado. “Ao invés de usar
a expressão Sistema Único de Saúde, ele já teria usado sistema
nacional de saúde, ou seja, já incorporando o sistema privado”,
explica a professora.
Durante a sua fala, na abertura do 32º Congresso, Maria Inês Bravo
reafirmou a importância da luta em defesa da saúde e educação
públicas, frisando que é preciso continuar rechaçando a constituição
de empresas nos hospitais universitários, a partir da criação da
Ebserh.
Fritz R. Nunes
Assessoria de Imprensa da Sedufsm