Problemas de
saúde afastam quase 64 mil professores do trabalho em Minas
Após 22 anos
lecionando História e Geografia em uma escola estadual, a professora
Edna da Consolação Camargo Santana, de 42 anos, quer definitivamente
abandonar a profissão. Afastada das atividades há um mês por
problemas psiquiátricos, considera que a educação não é prioridade
dos governantes.
Sem perspectivas
de melhorias, por acreditar que o sistema está “completamente
falido”, Edna acalenta o sonho de abraçar uma nova carreira, uma vez
que a de professora, sua grande vocação, virou um pesadelo.
A decisão da
educadora expõe a situação em que se encontram os profissionais da
rede estadual de ensino. Segundo a Superintendência de Imprensa do
Governo de Minas, no ano passado, dos 179.700 servidores efetivos da
Secretaria de Estado de Educação, 63.900 foram afastados, pelo menos
uma vez, por problemas médicos.
Do total de
licenças concedidas, 30,82% corresponderam a transtornos mentais –
ou 19.700 afastamentos.
Edna não
pretendia trocar o giz e o quadro negro por remédios controlados.
Porém, desde que foi ameaçada por um aluno, ela sofre de síndrome do
pânico e de depressão, além de outras fobias sociais.
Violência
“Tenho medo de
sair de casa e, por isso, fico dias trancada, pensando que o pior
pode acontecer”, relata a educadora. Ela acrescenta que as crises
psiquiátricas relacionadas ao trabalho ocorrem com frequência desde
1998.
“Os problemas vão
desde a violência praticada pelos alunos à falta de apoio e
iniciativa do Estado em solucionar a situação. Para agravar esse
quadro, a categoria não recebe nenhum tipo de auxílio para prevenir
doenças laborativas, assim como não tem acompanhamento especializado
para profissionais que apresentam transtornos mentais”, reclama a
professora.
Ela deveria ter
retornado Na última segunda-feira (27) às atividades. No entanto,
dizendo-se ainda sem condições de reassumir as funções, preferiu
solicitar nova licença.
Descaso
A diretora do
Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais
(Sind-UTE), Mônica Maria de Souza, alega que o governo tem
contribuído para o agravamento do “adoecimento da categoria”, pois
tem respondido com descaso à situação. “O Estado nada tem feito para
melhorar as condições de trabalho e o que se vê é que o abandono do
cargo tem aumentado”.
Fonte: HOJE EM DIA, 17/9/13