Previdência Social faz 90 anos e aposentadoria ainda é alvo de ataques
pelo governo federal
Apontados pelo governo federal como os principais vilões das contas
públicas, os aposentados pouco têm a comemorar no seu dia, 24 de janeiro. A
aposentadoria continua sendo alvo de ataques pela presidente Dilma Roussef,
principalmente após o dia 1º de fevereiro deste ano, quando entra em
funcionamento a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público
Federal do Poder Executivo (Funpresp-Exe), que consolida a privatização do
sistema previdenciário dos servidores.
Com a criação da Funpresp, o valor das aposentadorias dos servidores deixa
de ser integral ou de ter por base de cálculo a totalidade da remuneração,
ficando limitado ao teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS),
atualmente fixado em R$ 3.916,20. A regra atinge, diretamente,
as pessoas que ingressarem a partir deste ano no serviço público.
A partir destas mudanças, os servidores passarão a contribuir até o teto do
Regime Geral, no percentual de 11%, e acima disto investirão com o
percentual que desejarem para o fundo de pensão dos servidores. Porém, não
terão a garantia de receber esses valores na aposentadoria, pois o sistema
prevê a contribuição definida, mas benefício não.
Além disso, vale observar que, nos últimos anos, mais de 30 fundos de pensão
quebraram no país. E a tendência é que esta instabilidade permaneça,
principalmente em um período de crise econômica.
A alegação do governo federal para criação da Funpresp é de que os
aposentados seriam os responsáveis pelo déficit no orçamento da Seguridade
Social. Informação contestada pela Auditoria Cidadã da Dívida e pela
Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip).
Segundo a auditora fiscal Maria Lúcia Fattorelli, o déficit não existe. “Ele
resulta de conta distorcida que considera apenas as contribuições sobre a
folha de salários, como se esta fosse a única fonte de financiamento da
Previdência, ignorando-se as demais fontes previstas na Constituição”,
afirma. Fattorelli explica que cerca de 20%dos recursos da Seguridade Social
são desviados, por ano, por meio da Desvinculação das Receitas da União
(DRU), para o cumprimento das metas do superávit primário, a fim de pagar os
juros da dívida pública.
Movimento pede anulação da Reforma da Previdência
Dez anos após a aprovação da Reforma da Previdência – Emenda Constitucional
nº 41 – com o voto de parlamentares comprados pelo mensalão, um movimento
nacional defende a anulação da medida, que entre outras implicações,
estabeleceu a taxação dos servidores aposentados.
A Campanha pelo Reconhecimento da Nulidade da Reforma da Previdência de 2003
foi lançada no último dia 18 de dezembro, durante uma manifestação na Câmara
dos Deputados, em Brasília. Coordenada pela Auditoria Cidadã da Dívida, a
Campanha tem como objetivo alertar e mobilizar a população, para defender o
restabelecimento dos direitos retirados dos trabalhadores com a aprovação da
Reforma. A expectativa é coletar 1 milhão de assinaturas em todo o país.
A tese de que a Reforma da Previdência de 2003 deve ser anulada ganhou força
após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que ao condenar os
envolvidos no processo do mensalão, comprovou que os parlamentares foram
comprados pelo governo federal para aprovar a Emenda Constitucional nº 41.
No entendimento das organizações que coordenam a Campanha, a EC nº 41 teria
decorrido de ato fraudulento e criminoso e seus efeitos devem, portanto, ser
anulados.
Enquanto os efeitos da EC nº 41 ainda tem validade, os professores
aposentados continuam lutando contra o desconto previdenciário implantado em
2003. De acordo com a professora aposentada da UFPA Conceição Rebelo, é
importante a mobilização da categoria, para pressionar o Congresso Nacional
a aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 555/2006, que estabelece
a suspensão da contribuição previdenciária dos servidores aposentados.
A PEC tramita desde 2006 na Câmara dos Deputados e não é votada, apesar da
insistência de
alguns parlamentares para que seja colocada na ordem do dia. “O desconto
previdenciário implantado no contracheque do servidor aposentado tem sido
uma grande dor de cabeça. A mobilização do segmento é necessária, pois não
havendo manifestação constante, será difícil a suspensão do desconto”,
alerta Conceição.
Fonte: Adufpa - Seção Sindical - Por Max Costa.
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