PMs reprimem com
violência 3º protesto contra o aumento das tarifas em SP
Trabalhadores,
estudantes, pessoas de diversas idades, partidárias ou não, saíram
às ruas de São Paulo pelo terceiro dia para protestar contra o
aumento das tarifas do transporte público. Nesta terça-feira (11), a
capital paulista parou em meio ao ato que reuniu cerca de 12 mil
manifestantes.
Mas o destaque ficou
mesmo com a ação violenta da polícia militar do Estado de São Paulo.
A Tropa de Choque da PM disparou tiros de balas de borracha, bombas
de efeito moral e de gás lacrimogêneo nas pessoas quando o protesto,
que ocorria de modo pacífico, já havia terminado.
O primeiro ato de
violência policial ocorreu no terminal Parque D. Pedro, por volta
das 19h30. Cinco viaturas da PM impediram que os manifestantes
ocupassem a avenida Rangel Pestana por meio de bombas e balas de
borracha. Várias pessoas ficaram feridas. A reportagem do Brasil de
Fato presenciou ainda o cerco de três policiais a um deficiente
físico, agredido com golpes de cassetetes, próximo à região da rua
15 de Novembro.
Com manifestações
descentralizadas, grupos menores que tentavam seguir até a avenida
Brigadeiro Luiz Antônio foram alvejados violentamente com uma
sequência de tiros de armas com balas de borracha novamente.
Exatamente no centro da cidade, bancas de jornal foram utilizadas
para se proteger da violência dos policiais militares.
Mesmo após a
agressão policial, diversos grupos conseguiram se reunir no início
da Brigadeiro Luiz Antônio em direção à avenida Paulista. A passeata
seguiu pacificamente, até o Masp, quando a polícia, novamente de
modo agressivo, lançou uma sequência de dez bombas de efeito moral,
gás de pimenta, atingindo até mesmo outros trabalhadores que
retornavam para suas casas.
Alguns manifestantes
(na foto acima) chegaram a entregar flores para alguns policiais da
Tropa de Choque. Logo em seguida, segundo o jornal Folha de S.Paulo,
o que aparece em destaque na foto foi atingido por tiros de balas de
borracha disparados pelos mesmos policias.
Sobrou até para um
repórter do jornal Folha de S.Paulo. Leandro Machado foi detido
durante o protesto na avenida Paulista. Mesmo apresentando o crachá
da empresa em que trabalha, Machado foi levado para o 78º DP
(Jardins) num carro da PM. No caminho, foi informado pelos policiais
de que estava sendo detido por "atrapalhar a ação da polícia". Fora
o repórter, mais 20 pessoas foram detidas. Dessas, 13 ainda
continuam presas, dez por formação de quadrilha e dano ao patrimônio
(sem determinação de fiança), uma por dano ao patrimônio (fiança de
20 mil reais) e duas por dano ao patrimônio, descato e lesão, com
fiança de R$3 mil.
Por sinal, outros
dois repórteres sofreram consequências da ação policial. Apesar de
estar identificado por um crachá, o jornalista Fernando Mellis levou
um golpe de cassetete nas costas. O repórter do Brasil de Fato, José
Francisco Neto, um dos autores dessa matéria, foi atingido por uma
bala de borracha no braço.
A campanha contra o
aumento da tarifa dos transportes púbicos em São Paulo começou na
quinta-feira passada (6), com um protesto que fechou as avenidas 23
de Maio, Paulista e 9 de Julho. Outra manifestação ocorreu na
sexta-feira (7). Nos dois dias também houve violência por parte da
polícia militar.
Outro ato pela
redução das tarifas do transporte público, que é organizado pelo
Movimento Passe Livre, está marcado para a próxima quinta-feira (13)
no Anhangabaú.
Fonte: Estadão, Eduardo Sales e José Francisco Neto, 12/6/13.