PM usa munição letal
e prende mais de 100 pessoas no Rio de Janeiro
Durante ato em apoio à luta dos profissionais de educação e do
Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) no Rio de
Janeiro, a polícia militar e a Tropa de Choque interviram e
encaminharam cerca de 100 pessoas para a delegacia na noite da
terça-feira (15). Destes, mais de 40 foram enquadrados na nova Lei
de Organização Criminosa.
Uso de bombas de
gás, arma de fogo e abuso de autoridade por parte da PM também foram
registrados. Um jovem foi atingido por um disparo de arma letal. O
rapaz está internado na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do
Rio. Segundo investigadores, a origem dos disparos não foi
identificada.
O confronto iniciou
por volta das 20h30 quando o Choque atirou bombas de gás
lacrimogênio em manifestantes que estavam na Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro (Alerj). Enquanto isso, pessoas estavam
aglomeradas nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, sede do
Legislativo Municipal, do Theatro Municipal e da Biblioteca Nacional
na Cinelândia gritando palavras de ordem. Em resposta, os black
blocs quebraram bancos, telefones públicos, jogaram pedras e atearam
fogo em um micro-ônibus da polícia.
Em seguida, outras
bombas foram lançadas e a PM removeu as barracas da ocupação da
Câmara dos Vereadores, que já tinha dois meses. De acordo com o
perfil do Ocupa Câmara Rio no Facebook, tudo que havia no local foi
retirado e colocado em um caminhão de lixo. Pelo menos um dos
ocupantes perdeu tudo o que tinha, incluindo documentos. Segundo o
Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH), a polícia não
havia apresentado justificativa legal para a detenção em massa e a
desocupação.
Só na 25ª Delegacia
de Polícia, 44 pessoas foram presas enquadradas na nova Lei de
Organização Criminosa em vigor desde o dia 9 de setembro deste ano,
de acordo com uma advogada do DDH.
Outras pessoas
passaram mal devido ao gás lacrimogênio e precisaram buscar abrigo.
Algumas atendentes de um McDonald’s na Cinelândia foram levadas até
um hotel para se abrigar. Ao chegarem, foram barradas pelos
funcionários do local que estavam com as portas trancadas. Após
insistência de outros manifestantes que se protegiam na entrada no
estabelecimento, eles cederam. Uma delas mal conseguia parar em pé e
teve de ser carregada.
(Veja no vídeo abaixo)
URL do
vídeo:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=p_7QqhLq-jg
Prof Bloc
O protesto que havia
começado por volta das 17h na Candelária foi guiado por um caminhão
de som no qual estavam educadores gritando palavras de ordem e
discursando a respeito dos direitos da categoria. Adeptos da tática
black bloc estavam no front do grupo que seguiu até a Cinelândia.
A professora
aposentada Leila Holanda, de 57 anos, disse não se intimidar com a
presença dos jovens. “Eu apoio completamente esses meninos do black
bloc”, disse. No momento ela usava uma camisa preta com os dizeres
“Black Prof”. “[As pessoas que julgam não veem] o que a polícia faz
antes com estes meninos e meninas. Em nenhum momento eu vi eles
atacando. Eu só vejo eles segurando a polícia para as pessoas
poderem fugir.”
URL do vídeo:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=b6UPi83-ZzY
Entre as
reivindicações da categoria estavam o cancelamento imediato da
votação do Plano de Cargos e Carreiras e Salários votado no dia 1º
de outubro e o direito a manifestação dos profissionais de educação.
* Crédito dos vídeo: Isadora Stentzler
Fonte: Brasil de Fato, Isadora
Stentzler, 16/10/13.