Plano aprovado no
Rio imprime visão empresarial à Educação
Para além dos
problemas de conteúdo do Plano de Cargos e Salários da prefeitura do
Rio de Janeiro, a professora de história Isabel Costa, que leciona
no Grajaú, lembra que “não houve nenhuma democracia na aprovação
dessa proposta”.
“Temos que deixar
claro: nossa luta é por melhores salários, pela sobrevivência da
carreira e contra a lógica empresarial que a prefeitura quer aplicar
à Educação pública”, reclamou.
Entre outros
pontos, o movimento grevista denuncia que a Educação do Rio está
sendo privatizada por dentro.
Isabel critica
projetos privados no ensino público. Ela cita o Autonomia Carioca,
uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e a Fundação
Roberto Marinho.
De acordo com a
proposta, a ideia é ter uma “aceleração de estudos e corrigir a
defasagem idade-série” de jovens entre 14 e 18 anos.
Segundo a
Controladoria Geral do Município – Rio Transparente, de 2009 a 2013,
foram repassados à Fundação mais de R$ 30 milhões.
Os professores
apontam ainda que o conceito expresso no próprio nome do projeto não
condiz com a realidade.
“Reconheço a
debilidade e a evasão escolar, mas isso não é solução. Existe uma
interferência direta na política pedagógica. O professor deve ser
respeitado como um construtor do saber, mas nesses projetos, são
vistos como meros repetidores de uma visão que busca índices e
metas”, avaliou.
Professores lutam
pela revogação do texto
Para o Sindicato
Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe - RJ), as 31 emendas
feitas ao Plano de Cargos e Salários não contemplam a categoria, que
luta pela revogação do texto.
A entidade
reforça que a reivindicação foi por 19% de reajuste salarial para
2013, em dizer que não chegou a apresentar a demanda histórica de um
patamar para iniciantes: cinco salários mínimos para professores e
três e meio para demais servidores públicos do setor.
O sindicato
sustenta que os benefícios apenas chegariam aos profissionais de
carga horária de 40 horas, que somam 6% da categoria.
Apesar de a
prefeitura ter concedido um reajuste salarial de 15,3% - na real, o
aumento de agora foi de 8%, já que todo funcionalismo público do
município recebeu 6,75% ainda em agosto. Os docentes exigem um
aumento de 15% a cada nível por tempo de carreira, que ficou mantido
nos 4% atuais.
A exigência de
equiparação do valor hora-aula, de acordo com a formação, é uma
demanda antiga. “O texto aprovado aponta que essa seria fragmentada,
que acontecerá ao longo dos próximos 5 anos. Até lá Eduardo Paes nem
é mais prefeito. A paridade de vencimentos entre ativos, aposentados
e pensionistas apontada já existia. A prefeitura diz que o Plano
garante a permanência dos triênios, mas isso é uma lei federal. É
mais que a obrigação. O texto não muda a situação da categoria”,
sentencia Suzana Gutierrez, diretora do Sepe -RJ.
“Um dos pontos
mais graves do plano aprovado é não excluir a função do professor
polivalente, que independentemente da sua formação, seja em
Matemática ou História, poderá dar aulas do 1° ao 9 ° ano e em
várias matérias. Isso quebra com a Lei de Diretrizes e Bases”,
pontua Geza Linhares, também da diretoria do Sepe-RJ.
Fonte: Brasil de Fato, Gilka Resende, 11/10/13.