Para TST, PL das
terceirizações causa grave lesão a trabalhadores e ao Estado
Em ofício enviado à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
(CCJ), 19 dos 27 ministros do Tribunal alertam para o 'rebaixamento
dramático da remuneração contratual de milhões de concidadãos' caso
projeto de lei seja aprovado
Dos 27
ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), 19 são
contra o Projeto de Lei 4330/2004, PL das Terceirizações, de
autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que regulamenta
a terceirização no país e precariza as relações de trabalho.
A maioria dos ministros do TST assina um ofício enviado ao
presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
(CCJ) da Câmara, deputado Décio Lima (PT-SC).
A votação
do PL na CCJ, prevista para esta terça-feira (3), foi
suspensa após a grande mobilização que reuniu, na Câmara dos
Deputados, representantes das centrais e movimentos
sindicais e sociais, demais entidades de vários setores e
trabalhadores que são contrários ao projeto. Na manhã desta
quarta-feira (4), a reunião da Comissão foi novamente
cancelada. Os manifestantes que participam dos protestos
contra o PL das Terceirizações permanecem no local. |
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Nesta
quarta-feira (4), o presidente da CCJ informou que o PL 4330 será
votado diretamente pelo Plenário, após acordo com o presidente da
Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, e líderes partidários. De
acordo com Lima, na próxima terça-feira (10), será apresentado
requerimento de urgência para que a matéria vá direto para o
Plenário. “De todo o modo, a matéria só seria conclusiva na CCJ se
houvesse acordo”, explicou o deputado a Agência Câmara.
"A diretriz
acolhida pelo PL 4.330-A/2004, ao permitir a generalização da
terceirização para toda a economia e a sociedade, certamente
provocará gravíssima lesão social de direitos sociais, trabalhistas
e previdenciários no país, com a potencialidade de provocar a
migração massiva de milhões de trabalhadores hoje enquadrados como
efetivos das empresas e instituições tomadoras de serviços em
direção a um novo enquadramento, como trabalhadores terceirizados,
deflagrando impressionante redução de valores, direitos e garantias
trabalhistas e sociais”, informa o ofício assinado pelos ministros
do TST.
O documento
enfatiza ainda que “o rebaixamento dramático da remuneração
contratual de milhões de concidadãos, além de comprometer o
bem-estar individual e social de seres humanos e famílias
brasileiras, afetará fortemente, de maneira negativa, o mercado
interno de trabalho e de consumo, comprometendo um dos principais
elementos de destaque no desenvolvimento do país. Com o decréscimo
significativo da renda do trabalho ficará comprometida a pujança do
mercado interno no Brasil”.
Os ministros
destacam que a aprovação do projeto do deputado Sandro Mabel, dono
da empresa de biscoitos que leva seu nome, também trará um grave
problema fiscal para o Estado, “ao diminuir, de modo substantivo, a
arrecadação previdenciária e tributária no Brasil”, além de provocar
“o esvaziamento, via terceirização potencializada, das grandes
empresas brasileiras, que irão transferir seus antigos empregados
para milhares de pequenas e médias empresas que serão as agentes do
novo processo de terceirização generalizado”.
No ofício, os
ministros ainda dizem que o discurso da competitividade, defendido
pelos empresários a favor da votação do PL, “é uma cortina de fumaça
para aprofundar a exploração com a perspectiva de aumentar o lucro
com exploração excessiva da mão de obra precarizada e barata”.
O documento é
assinado pelos ministros Antonio José de Barros Levenhagen, João
Oreste Dalazen, Emmanoel Pereira, Lelio Bentes Corrêas, Aloysio
Silva Corrêa da Veiga, Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Alberto
Luiz Bresciane de Fontan Pereira, Maria de Assis Calsing, Fernando
Eizo Ono, Marcio Eurico Vitral Amaro, Walmir Oliveira da Costa,
Maurício Godinho Delgado, Kátia Magalhães Arruda, Augusto Cesar
Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta, Delaílde Alves
Miranda Arantes, Hugo Carlos Sheurmann, Alexandre de Souza Agra
Belmonte e Claudio Mascarenhas Brandão.
De acordo com um
estudo de 2011 do Dieese e da CUT, o trabalhador terceirizado fica
2,6 anos a menos no emprego, tem uma jornada de três horas a mais
semanalmente e ganha 27% a menos. A cada 10 acidentes de trabalho,
oito ocorrem entre terceirizados. O documento destaca que as áreas
possíveis para terceirização hoje, segundo as leis trabalhistas, são
a contratação de trabalhadores por empresa de trabalho temporário,
contratação de serviços de vigilância, conservação e limpeza e
especializados ligados a atividades-meio do tomador.
Ação violenta não
intimida manifestantes, que mantêm protestos
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Representantes da CSP-Conlutas e de outras centrais
sindicais foram impedidos por seguranças e Polícia Militar
de entrarem no Congresso Nacional nesta terça-feira (3) para
acompanhar a votação do PL 4330.
De acordo
com as entidades sindicais, apenas 40 pessoas foram
autorizadas a entrar no Congresso. O restante do grupo ficou
do lado de fora, gritando palavras de ordem e pressionando
para ingressarem na Casa. Para dispersar a manifestação, a
Polícia utilizou gás lacrimogênio e spray de pimenta. Alguns
militantes sofreram agressão e o diretor do Sindicato dos
Metalúrgicos de São José dos Campos, Renato Junior de
Almeida, chegou a ser preso.
Segundo o
dirigente da CSP-Conlutas e do Sindicato dos Metalúrgicos de
São José dos Campos, Luiz Carlos Prates, o ‘Mancha’, os
policiais agiram de forma violenta contra os trabalhadores.
“Isso é uma arbitrariedade. Estamos exercendo nosso direito
de participar da votação de um projeto que atinge
diretamente os trabalhadores e somos recebidos de forma
truculenta e, ainda por cima, temos um companheiro preso”,
aponta Prates. |
O deputado
Dionilso Marcon (PT-RS), que atuou como interlocutor com os
manifestantes, denuncia que estas situações ocorrem porque os
trabalhadores estão perdendo espaço dentro do Congresso. “Isso
reflete a Câmara que nós temos. Hoje poucos deputados são a favor
dos trabalhadores. Se tiver pressão os trabalhadores podem garantir
seu trabalho. Se não, vão ser linchados os direitos dos
trabalhadores aqui na Câmara”, adianta o parlamentar.
A suspensão da
votação na CCJ na terça-feira (3) foi considerada uma vitória pelas
entidades que participaram da manifestação.
Novas regras para
restringir a entrada de manifestantes na Câmara
Com a adoção de
novas regras para o acesso às dependências da Câmara a partir desta
terça-feira (3), em decorrência da ocupação do plenário na semana
passada por manifestantes, houve a determinação, pela Presidência da
Câmara, de que um número limitado de pessoas tivesse acesso às
comissões, como forma de evitar tumulto. No caso da CCJ, segundo
seguranças da Câmara, o limite é de 30 pessoas.
* Com informações
da Rede Brasil Atual, Agência Câmara e Sedufsm
* Foto: Estadão
Fonte: ANDES-SN, 4/9/13.