Para:
Governador Dr. Geraldo Alckmin
Cc
para: SSP Dr. Fernando Grella
Acreditamos que neste novo Brasil que estamos
construindo, que deseja ser modelo civilizatório para o
mundo, especialmente a partir da Copa do Mundo de 2014 e
das Olimpíadas de 2016, nenhum governante opta por ser
racista ou desumano haja vista a responsabilidade da
garantia assegurada pelos Direitos Humanos, tão atual no
reconhecimento dos crimes praticados quando da Ditadura
no Brasil. A própria ONU mostra-se preocupada com a
violência de vários países entre eles, o Brasil e
decretou a década do Afrodescendente que vai de 2013 a
2023. No entanto, em vários setores da sociedade,
especialmente órgãos públicos, vários fatos concretos
deixam-nos preocupados, como por ex: cobramos do governo
do Estado, na ocasião das primeiras ocorrências e até
hoje o governo estadual não revelou quanto por cento das
mortes pelos ataques do (PCC e da Polícia) foram de
indivíduos negros.
Apesar dos protestos de boa parte da sociedade, poucas
providências foram e são aplicadas para reeducar os
funcionários públicos da segurança e de outros setores,
autores isolados de atos discriminatórios ou vítimas do
“Consciente Coletivo” que perpassa ao longo da história
grande parte da corporação policial e da sociedade. O
“embranquecimento” ocorre para nossa tristeza e decepção
na formação de nossos policiais que inconscientemente
passam a não se verem como negros e aplicam na abordagem
as ordens lhes passadas ao abordarem o negro como ele.
Esta falta de formação gera e faz perpetuar a “abordagem
RACISTA de pressupor que o negro até que se prove em
contrário é considerado um bandido, marginal!”
O
novo fato, muito preocupante, refere-se à Ordem de
Serviço nº 8 – BPMI – 822/20/12 da região de Campinas
emitida pelo Capitão Ubiratan Beneducci, que segue
anexo.
A
ordem leva-nos a entender que se os policiais cruzarem
de carro ou a pé, com um grupo de 3 a 5 brancos entre 18
e 25 anos, não desconfiem deles. Se forem pardos ou
negros, abordem-nos imediatamente! Queremos que a
Polícia se liberte da imagem do cidadão/ã Negro/a como
sendo bandido/a. Quase 100% dos políticos processados e
daqueles que aplicam Grandes Golpes financeiros contra a
nação são indivíduos brancos. Para estes sim, a polícia
deveria emitir alertas urgentes! Para nossa tristeza,
neste caso são considerados inocentes até que se prove o
contrário. A inversão de valores está no conceito de que
são “autoridades” e não moram na periferia ou favelas.
Compreendemos que esta orientação e determinação não é
governamental, mas este mesmo governo ao qual apelamos
através deste ofício, pode combater com determinação e
direito esta medida aplicada por este servidor policial,
mal formado e não preparado para suas funções de
comando.
Ao
final, baseado na lei de transparência nº 12.527 de
18/11/2011, solicitamos ao governador Alckmin:
1)
Que nos apresente os dados étnicos das vítimas de
abordagens policiais, registradas como “resistência
seguida de morte”, e quantos por cento são cidadãos/ãs
brancos/as, indiodescendentes, negros/as ou orientais.
2)
Apresente-nos o perfil étnico das vítimas dos ataques do
PCC e da Polícia do ano de 2006 quando dos primeiros
ataques.
3)
Apresente-nos os dados estatísticos daquele batalhão de
Campinas sobre abordagens (sem e com mortes), bem como,
a percentagem de moradores negros e brancos da área
desse batalhão.
4)
Apresente-nos os dados estatísticos dos assassinatos de
negros e brancos, no estado de São Paulo nos últimos 12
meses (janeiro de 2011 a janeiro de 2012), com perfil
étnico, idade e classe econômica.
Sem
mais, confiando em um retorno de nossas solicitações o
mais breve possível,
Com a
saudação franciscana de Paz e Bem!
Frei
David Santos