Em nova ofensiva,
governo retoma PL que privatiza as políticas públicas do país
|
|
Engavetado desde 2009 por pressão dos movimentos sindicais e
sociais, o Projeto de Lei nº 92/2007 voltou à pauta da
Câmara dos Deputados no final do mês de abril através de um
acordo entre as lideranças, por pressão do Executivo. O PLP
92/2007, que regulamenta a criação - e define as áreas de
atuação - de fundações estatais de direito privado, é mais
uma forma de privatizar as políticas públicas do país.
O projeto
nº 92/2007 seria votado no último dia 24 (quarta-feira), um
dia após a apresentação do requerimento de urgência nº
7595/2013 para apreciação do projeto, mas, devido ao
encerramento da sessão, não houve a votação. Agora, a
previsão é que entre na pauta para ser votado em 15 de maio.
Diante
desse movimento, o ANDES-SN, junto com as outras entidades
sindicais que compõem o Fórum das Entidades Nacionais dos
Servidores Públicos Federais, elaborou um documento (leia
aqui) para ser entregue aos parlamentes, durante
um no Congresso Nacional nos dias 14 e 15 de maio. |
O assunto também
já foi tema de uma reunião com o Secretário Executivo da Secretaria
Geral da Presidência da República, Diogo de Sant'ana, realizada após
a Marcha à Brasília, em 24 de abril. Falando em nome das entidades
do setor da Educação, Luiz Henrique Schuch, 1º vice-presidente do
ANDES-SN, ressaltou que no entendimento das entidades, a volta do
PLP 92/2007 à pauta do Congresso certamente tinha influência direta
do Executivo e que esta ação é vista como grande retrocesso.
“Isso é um
resgate do pesadelo vivido pelos trabalhadores na época da
contrarreforma da década de 90. Recolocar tal projeto na pauta é
provocar a conflagração do movimento dos servidores públicos”,
alertou Schuch.
O diretor do
ANDES-SN lembra que a luta vem sendo travada há pelo menos seis
anos, desde que o projeto estava no Ministério do Planejamento, num
exemplo de resistência do conjunto da classe, por entender que este
modelo administrativo está na contramão do crescimento e
fortalecimento do Estado Brasileiro, como condutor legítimo das
políticas públicas. Áreas estratégicas como educação, pesquisa,
saúde, ambiente, cultura, devem continuar responsabilidade do
Estado, com financiamento e gestão pública.
Histórico
Em junho de 2007,
o então ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão (Mpog), Paulo
Bernardo Silva, submeteu à Presidência da República projeto de lei
complementar que regulamenta o inciso XIX do artigo 37 da
Constituição Federal – o PLP nº 92/2007 -, por meio de exposição de
motivos (EM nº 00111/2006/MP). No texto, o ministro também inclui a
área da educação como uma das previstas para instituição de fundação
estatal. “A exposição de motivos indica que há riscos de que o PL
alcance não só os hospitais universitários, mas outros setores da
educação”, reforça Schuch.
Na ocasião, a
Assessoria Jurídica Nacional do ANDES-SN emitiu uma nota técnica
sobre o PL nº 92/2007. Em relação à criação de fundações para
atuação nos hospitais universitários, a Assessoria diz que o projeto
prevê a manifestação dos conselhos universitários em relação à
instituição da fundação, “em uma tentativa pífia de preservar a
autonomia universitária”, afirma o documento.
Em relação ao
conteúdo, a nota técnica afirma que o projeto de lei envolve
controvérsia em relação à modificação das relações entre o público e
o privado, no âmbito do próprio Estado, em que, ao atribuir a
natureza jurídica de direito privado às fundações, estas passam a
ser submetidas a todas as regras de direito privado, entre elas a
ausência de exigência de licitação e a contratação de empregados
celetistas.
“Esse projeto de
lei complementar de caráter privatista tem a finalidade de propiciar
cobertura jurídica à transferência das instituições públicas
encarregadas das atividades que Bresser Pereira classificou como
“serviços competitivos” para o regime jurídico privado”, ressalta o
1° vice-presidente do ANDES-SN.
Para sustentar a
argumentação defendida pelas entidades sindicais dos SPF de que o
PLP irá abrir as portas para a privatização de áreas que são de
responsabilidade do Estado, Schuch lembra a fala do então Secretário
de Gestão do Ministério do Planejamento, Francisco Gaetani, em uma
entrevista ao Em Questão – informativo do Palácio do Planalto – em
17 de agosto de 2007. Logo após o PLP 92/2007 ter sido encaminhado à
Câmara, indagado sobre como seria a captação de recursos dessas
fundações, Gaetani respondeu: “não farão parte do orçamento da
união. Os recursos serão repassados a elas mediante a prestação de
serviços e o cumprimento de certas metas”.
O representante
do MPOG acrescentou ainda que “o governo precisa assegurar
contrapartida pelo menos para o básico, isto é, ‘o pão e a água’. A
geléia, a manteiga, o queijo e a fruta dependem do desempenho da
instituição, de sua capacidade de captar mais recursos”.
*ilustração
extraída do portal da Fasubra Sindical
Fonte: ANDES-SN, 9/5/13.