Mudanças no PNE
alteram proposta de investimento em educação pública
Previsto para ser
votado na Comissão de Assuntos Econômicos nesta terça-feira (21),
nova redação do PNE indica manobra do governo para maquiar contas e
garantir investimento público em instituições privadas
As alterações no
texto do Plano Nacional da Educação (PNE), apresentadas na última
terça-feira (14) no parecer do senador José Pimentel (PT-CE) –
relator do PNE - representam mais uma manobra do governo para
maquiar as contas em relação aos investimentos do Estado na
Educação. Além de mudar a proposta de investimento federal em
educação pública, com a alteração do texto para “investimento
público em educação”, o texto retira a meta intermediária que
estabelece investimento de 7% do PIB na educação em cinco anos – a
partir da aprovação do PNE -, e define a destinação de 100% dos
royalties do petróleo para a educação, o que, na visão de entidades
como o ANDES-SN, não representa benefícios, e sim prejuízos ao
setor.
O parecer
apresentado na Comissão de Assuntos Econômicos por Pimentel indica
que, com a mudança, o governo poderá fazer investimentos que
beneficiam as instituições privadas, com aplicação de recursos no
Programa Universidade para Todos (Prouni) – que concede bolsas a
estudantes em universidades e faculdades particulares de ensino
superior, no Ciências sem Fronteiras, nas instituições do Sistema S,
entre outras.
“A redação
proposta pelo senador José Pimentel é bastante preocupante porque
tira o caráter público da educação e substitui por educação
gratuita. A gente vê que, na realidade, o PNE irá respaldar o
Prouni, o sistema S, e os programas de financiamento. A educação
deixa de ser pública e passa a ser gratuita”, explica uma das
coordenadoras do Grupo de Trabalho Política Educacional do ANDES-SN
(GTPE) e 2ª vice-presidente da Regional do Rio de Janeiro, Elizabeth
Barbosa. A diretora do ANDES-SN alerta que, apesar de alguns
senadores terem pedido vistas ao relatório do senador José Pimentel,
o prazo é curto e o PNE deve ser votado na Comissão nesta semana.
O PNE define 20
metas e 10 diretrizes para serem cumpri
das dentro de 10
anos. Para a diretora do ANDES-SN, outra mudança preocupante é a
retirada da meta intermediária, que definia o prazo de cinco anos, a
contar do início do Plano, para se alcançar o investimento de 7% do
PIB na educação. Ao final de 10 anos, a meta indica 10% do PIB para
a educação. “Hoje, o gasto do PIB com a educação não chega a 5%. O
texto do PNE, que tem duração de 10 anos, indicava que inicialmente
o investimento seria de 5%. No quinto ano ele aumentaria para 7% e
no último chegaria aos 10% do PIB para a educação. O parecer do
relator tira a meta intermediária. Isto indica que, com a retirada
da meta, podemos passar os próximos 10 anos com a mesma situação que
estamos hoje”, afirma.
Elizabeth alerta
ainda para a determinação da destinação de 100% dos royalties do
petróleo para a educação, apresentada no parecer. “Defendemos que o
investimento na educação pública deve ser de responsabilidade do
governo e não deve ser de uma fonte específica. Defendemos o PIB
enquanto gasto público”, esclarece. No relatório, Pimentel
incorporou ao PNE as disposições do Projeto de Lei 5.500/2013,
encaminhado pela presidente Dilma Rousseff, que prevê que sejam
aplicados exclusivamente em educação os recursos dos royalties do
petróleo. Diante de tantas mudanças, a coordenadora do GTPE afirma
que o Sindicato Nacional tem intensificado os trabalhos. “Realizamos
uma reunião do GTPE nacional na última sexta-feira em Brasília,
discutindo a nova redação do PNE que será votada na Comissão de
Assuntos Econômicos, e como poderemos intervir neste momento, e
agendar uma audiência com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP),
que pediu vistas do parecer”, adianta.
Reunião do Comitê
da Campanha dos 10% do PIB para a Educação Pública, Já!
Após ser
deliberada no 32º Congresso do ANDES-SN, em março deste ano, foi
iniciada a rearticulação do Comitê da Campanha dos 10% do PIB para a
Educação Pública, Já!. Na tarde desta segunda-feira (20), o Comitê
se reuniu para discutir, entre outras pautas, as alterações no texto
do PNE. “A reunião é para continuar a construção do encontro
nacional de educadores e também para tratar do PNE”, explica a
diretora do ANDES-SN. A reunião foi realizada às 14h, na Regional
Rio de Janeiro.
Mudança na
alfabetização
José Pimentel
defende no parecer sobre o PNE a alteração para seis anos como a
idade máxima para a alfabetização. No texto anterior, aprovado na
Câmara dos Deputados, o prazo final era a conclusão do 3º ano,
período em que as crianças estão com oito ou nove anos. As metas
sugeridas no texto indicam o prazo de oito anos nos primeiros cinco
anos de PNE; sete anos após este período e seis ao final dos 10 anos
de implantação.
Propostas
anteriores
Em 2012, proposta
de alteração semelhante foi proposta pelo deputado do PT-PR, Ângelo
Vanhoni, relator do PNE na Câmara. O governo recuou após pressão das
entidades.
Fonte: ANDES-SN, 21/5/13.