"A luta por direitos dentro das universidades: o caso dos terceirizados da UFRRJ"
 

Nós, dos Comitês de Mobilização de Seropédica e Nova Iguaçu, nos  posicionamos aqui sobre a ocupação da Direção do IM, resposta dos estudantes às demissões de 4 trabalhadores terceirizados. Antes de tudo é preciso analisar os fatos. Os trabalhadores terceirizados, na condição de precarização, tem seus direitos trabalhistas e de organização sistematicamente negados e violados pelas empresas e administrações. Essa é uma política neoliberal de Estado, executada pelos Governos FHC, Lula e Dilma. Na UFRRJ, hoje, vários trabalhadores apresentaram queixas contra o não cumprimento de direitos trabalhistas (recolhimento de FGTS e INSS sem repasse, atraso de salários e das férias, não fornecimento de material de proteção do trabalho, entre outros). Os Comitês de Mobilização primeiro solicitaram esclarecimentos da UFRRJ, os quais indicaram apenas que o problema já havia sido "resolvido". Porém os trabalhadores continuavam com seus direitos negados.

Nesse sentido, os Comitês realizaram uma campanha exigindo democraticamente os direitos dos terceirizados. Surpreendentemente, neste contexto, quatro trabalhadores/as foram demitidos no IM/Campus Nova Iguaçu (justamente os mesmos que haviam ousado questionar essa violação de direitos).

Essa ação indignou os estudantes que realizaram uma ação de solidariedade: a ocupação, já que a Direção insiste em negar um problema e insiste em negar o que os trabalhadores afirmam: que seus direitos continuam sendo negados. Por isso a ação é justa. Os trabalhadores "invisíveis", os terceirizados e a repressão contra os mesmos, precisam ser visibilizados. A ação é legítima e os Comitês de Mobilização estão do lado de quem luta e mobiliza por direitos.

Por isso conclamamos estudantes, docentes e técnicos-administrativos a não se deixarem desviar do foco: a luta contra a precarização das condições de trabalho deve abranger a luta contra a negação dos direitos trabalhistas e de organização dos terceirizados. Querer desviar a luta para questões "de quem é melhor gestor da universidade" é a estratégia dos que não estão participando ativamente da mobilização e da própria instituição que insiste em negar a precaridade generalizada da vida da universidade.

A luta por direitos coletivos e contra à discriminação é uma realidade desde junho. É inegável que a juventude e os trabalhadores querem mudanças. A ocupação da Direção do IM é a manifestação deste estado de espírito dentro da UFRRJ. É a luta contra a discriminação contra os trabalhadores/as que são invisibilizados e discriminados por relações de trabalho opressivas. Uma universidade não pode conviver com violação de direitos básicos. Por isso dizemos: não nos enganemos, a luta é para defender os trabalhadores (Irene, Isabel, Alex e Alessandra), que tem famílias e direitos e foram demitidos sem aviso prévio ou justificativa. E, acima de tudo: é a luta pelos direitos trabalhistas de todas as Irenes, Isabeis, Alexes e Alessandras que continuam, em sua invisibilidade, trabalhando dentro de nossa universidade em condições precárias e sem acesso aos direitos básicos de todo trabalhador. Isso não é de responsabilidade exclusiva da empresa “Digna”, que detem o contrato de prestação de serviços com a universidade, que insiste em manter e renovar um contrato com um grupo empresarial que nega os direitos trabalhistas mais fundamentais a seus funcionários. A Administração da UFRRJ, seja a central ou de suas sub-unidades é co-responsável por essas violações. Se calar ou adotar medidas paliativas é ser cúmplice da “Digna”. De que lado ficar: de quem não cumpre com suas obrigações e reprime ou de quem luta por direitos e é reprimido? Nós estamos do lado de quem luta.

 

Comitês de Mobilização da UFRRJ

 

 


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