Leia
o Manifesto da Juventude Brasileira à Comissão Nacional
da Verdade e à sociedade brasileira:
Estimados integrantes da Comissão Nacional da Verdade,
Cláudio Fonteles, Gilson Dipp, José Carlos Dias, João
Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio
Pinheiro e Rosa Maria Cardoso da Cunha.
O ano
de 2012 certamente ficará marcado nos registros da
história do povo brasileiro.
Foi
um ano em que se deu o primeiro passo do Estado
Brasileiro para se construir um futuro longe das marcas
que o período obscuro e cruel da Ditadura Militar deixou
em nossas vidas.
Foi
um ato bastante corajoso da Presidenta Dilma enfrentar o
mais reacionário conservadorismo militar e instalar a
Comissão Nacional da Verdade.
A
presidenta também foi estimulada pela manifestação da
sociedade, em especial, da juventude que foi às ruas
exigir que se tirassem as vendas de nosso passado. Nossa
palavra de ordem foi: “Eu quero ver: a Comissão da
Verdade acontecer!”.
Em 16
de maio, a comissão virou Lei no Brasil, tendo por
“finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos
ocorridas entre os anos de 1946 e 1988”.
A
Comissão Nacional da Verdade iniciou seus trabalhos
passando por algumas polêmicas como o possível caráter
punitivo dessa instância ou mesmo disputada por uma
visão conservadora de que era necessário que se
trabalhasse com neutralidade e que apurasse ambos os
lados em questão.
Essa
visão ainda está colocada e se expressa novamente no
Manifesto: “À nação brasileira: 31 de março”, publicado
no dia 29 de março no site do Clube Militar do Rio de
Janeiro.
Assim, o caráter da Comissão está em disputa na
sociedade. Se o objetivo é que em dois anos tudo esteja
apurado, já se findaram 10 meses.
A
juventude vem – neste importante momento, quando se abre
à sociedade os arquivos do DEOPS e quando alguns
comemoram os 49 anos de Golpe Militar no Brasil – se
manifestar novamente.
Assim, colocamos alguns pontos que consideramos
essencial para que o trabalho da Comissão Nacional da
Verdade caminhe no sentido real de sua existência:
-
Tempo de duração: Acreditamos que não será possível
apurar 21 anos de ditadura em apenas dois anos. Pela
prorrogação imediata da existência da Comissão nos
manifestamos, mesmo que os comissionados necessitem ser
rotacionados ou substituídos.
-
Transparência: Até o momento não houve divulgação de
nenhum relatório parcial do referido trabalho. Quando um
dos comissionados foi questionado, pediu pra que a
sociedade esperasse o relatório final. Para seguir
acompanhando a trajetória dos trabalhos exigimos que
seja produzido um relatório parcial, pois isso é direito
da sociedade e não uma escolha dos comissionados.
-
Envolvimento da sociedade: Não queremos apenas registrar
o passado, queremos que esses registros sirvam de base
para a justiça atuar em cima dos casos. Nesse sentido é
fundamental o envolvimento de toda a sociedade que
precisa ser esclarecida da verdade para que possa se
posicionar pela Justiça. Exigimos que a Comissão
Nacional da Verdade realize audiências públicas
frequentes e construa processos de esclarecimentos como
juris populares, ações educativas nas escolas, nos
bairros e comunidades.
No
mais advertimos: a juventude brasileira está atenta e
firme na luta pela Verdade e Justiça.
Seguiremos acompanhando os passos dados pela Comissão
Nacional da Verdade, pois sabemos a importância desta
luta.
Nos
reconhecemos no passado, nos lutadores e lutadoras do
povo que tombaram por Justiça e Democracia.
É por
eles e pela juventude de hoje, que sofre com os reflexos
desse passado sangrento, que é reprimida e torturada nas
periferias desse Brasil que nos colocamos em alerta e em
luta!
São
Paulo, 1º de abril de 2013
Levante Popular da Juventude
Consulta Popular
Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça
Federação do Movimento Estudantil de História
União
da Juventude Rebelião
União
da Juventude Comunista