Frente em defesa
do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) se amplia
Entidades e
movimentos sociais definem ações para barrar Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (Ebserh)
A luta em defesa
da saúde pública em Santa Maria (RS), traduzida atualmente nas
mobilizações contrárias à implantação da Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (Ebserh) no Hospital Universitário da UFSM,
agregou mais força na última semana. Na quinta-feira (14),
representantes dos sindicatos dos bancários, rodoviários
(Sitracover), professores da rede estadual de ensino (Cpers), da
rede municipal (Sinprosm) e da educação básica, profissional e
tecnológica (Sinasefe), técnicos administrativos em educação da Ufsm
(Assufsm), além do Diretório Central dos Estudantes (DCE), do
Movimento Santa Maria do Luto à Luta, do Museu Treze de Maio e do
ex-diretor do HUSM, Carlos Renan do Amaral, estiveram presentes no
auditório da Sedufsm, Seção Sindical do ANDES-SN, a fim de organizar
ações unificadas em defesa do HUSM e contra a Ebserh, ampliando a
presença de outros segmentos do movimento sindical e social.
Entre os
resultados, foram definidas novas atividades de enfrentamento à
imposição da Ebserh, como o encaminhamento de uma ação ao Ministério
Público Federal (MPF). O objetivo, explicou Loiva Chansis, da
Assufsm, é que esta ação seja balizada por duas iniciativas: a
denúncia da atual gestão do hospital universitário por provocar um
clima de caos na instituição, além de fazer pressão aos
funcionários; e a solicitação de concursos públicos via Regime
Jurídico Único (RJU) para o hospital. Esta última defesa dá-se,
principalmente, pelo fato de, desde 2006, o Tribunal de Contas da
União (TCU) ter ordenado ao governo federal que terminasse o
contrato de trabalhadores terceirizados a partir da contratação de
força de trabalho por meio de concursos públicos. A sinalização do
governo para o cumprimento desta decisão foi a Ebserh, considerada
pelo próprio TCU como uma resposta ofensiva à orientação dada
anteriormente. Para esta semana, está prevista a convocação de uma
reunião extraordinária dos sindicatos e movimentos para que avaliem
a ação judicial, a ser elaborada pelo escritório de advocacia que
assessoras as entidades.
Carlos Amaral,
diretor do Husm no período de 2006 a 2010, lembrou, durante a
reunião, que a Ebserh constitui-se como uma Sociedade Anônima –
apesar de, no momento do registro do projeto, as siglas SA terem
sido suprimidas. Amaral explica que a Empresa poderá terceirizar
todas as atividades-meio – das quais é um exemplo a realização de
exames -, ficando apenas com a atividade-fim, que seria o
atendimento direto à população. Resgatando o exemplo do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre, comumente citado como referência na saúde
brasileira, e que já funciona sob a gestão de uma empresa de direito
privado, Amaral ressalta que lá também há prontos-socorros lotados e
falta de leitos. Entretanto, o orçamento do Hospital de Clínicas é
cinco vezes maior que o destinado ao Husm.
Para o
ex-diretor, “essa discussão é muito mais ampla, é com toda
população. Tem certos tratamentos que só são feitos no hospital
universitário. Mesmo quem tem mais poder financeiro, em algum
momento necessita do atendimento do Husm. Temos de mostrar que não
aceitamos mais acordos de gabinetes e mentiras que estão levando à
morte da população”, diz Amaral.
Alcir Martins, da
Assufsm, também frisou que com a Ebserh as regras para a prestação
de contas serão afrouxadas, além de o controle social ficar
comprometido. Ainda, a forma de eleição da direção do hospital
universitário não será mais feita da atual maneira, na qual a
comunidade universitária escolhe a gestão, mas haverá indicação de
membros.
Calendário de atividades
Na reunião de
quinta-feira (14), os integrantes da Frente em Defesa do Hospital
Universitário e Contra a Ebserh, formada já há algumas semanas,
explicaram às demais entidades e movimentos que a intenção é alargar
a discussão e o enfrentamento a mais essa medida privatizante do
governo federal. A agenda de atividades já construída pela Frente
foi repassada, com ações para os próximos dias:
20 de novembro
- Aula pública no estacionamento do Centro de Educação (CE). A
ação foi proposta pela própria direção do Centro, já que há
professores dali que são conselheiros no Conselho Universitário
(Consu) e estão se mostrando contrários à Ebserh. Também, o local
agrega uma grande quantidade de estudantes, fator positivo para se
expandir a discussão. A aula pública será às 15h. Ainda no dia 20 de
novembro, haverá uma atividade Praça Saldanha Marinho, em função da
Semana da Consciência Negra. Os integrantes da Frente convidaram
todos a participarem, pois será um espaço onde pode ser desenvolvido
um diálogo com a população.
21 de novembro
- Reunião do Conselho Municipal de Saúde (CMS). Alcir Martins
explicou que alguns conselheiros disseram ainda não ter
posicionamento definido, estando abertos ao debate. A reunião tem
início às 8h30 e deve acontecer no plenário da Câmara de Vereadores.
27 de novembro
- Marcha em defesa do Husm, no campus da Ufsm. Saindo às 8h30 do
arco da universidade, a mobilização tem por objetivo, além de
conscientizar e propagandear sobre os efeitos negativos da Ebserh,
entregar o resultado do abaixo-assinado contrário à Empresa, feito
pela Frente, ao reitor.
Na quinta-feira
(14), as demais entidades e movimentos que se agregaram levaram
cópias do abaixo-assinado para seus locais de trabalho e
convivência.
* Com edição do
ANDES-SN, 18/11/13.
Fonte: Sedufsm � Seção Sindical.